Sobre velhas e novas ‘boquinhas’ para militares 'aposentados'

Recente ideia de Bolsonaro(ao que tudo indica abortada, por deletéria) em convocar militares da reserva para suprir(de forma remunerada, claro) o 'déficit' de servidores do INSS, diante do insólito acúmulo de processos de aposentadoria de segurados,  sugere grosso modo que os ex-servidores fardados seriam também uns 'iluminados' em matéria de burocracia previdenciária. Nada mais descabido.   ➤  Trata-se da retomada de  corriqueiro procedimento no tempo da ditadura(de 1964), com a nomeação de coronéis e generais R-1 para autarquias e empresas de economia mista, onde recebiam, por óbvio, generoso suporte pecuniário, adicionado à pensão decorrente de décadas castrenses.   ➤    A 'boca' para aumentar os ganhos dos milicos era, convenhamos,  uma 'regra preferencial', inclusive  nas empresas privadas, contumazes na troca de 'figurinhas'  com o golpe.   ➤ Na Rádio Globo/Rio, onde trabalhei entre 1977 e 1981, havia um senhor, em torno de setenta anos, general reformado, formalmente 'diretor administrativo', cuja função, digamos, ‘logística’, era a de ir vez por outra ao Aeroporto Internacional do Galeão para, mediante ‘carteirada’, à base do proverbial ‘sabe com quem está falando?’, receber equipamentos eletrônicos remetidos do exterior sem nota fiscal, sob cuidados dos comandantes das aeronaves de carreira,  liberados sem questionamento na barreira alfandegária.   ➤   A rotina do simpático general, no prédio da rua do Russel-434/Glória, incluía incursões pelos pavimentos do SGR, conversando  com os circunstantes, curioso em conhecer nossas tarefas, particularmente no ‘esporte’(4º andar), como declarado torcedor do Fluminense, à época do timaço de Rivelino, Paulo César 'Caju' & cia,  na gestão do presidente Francisco Horta.  ➤  Outra 'prerrogativa'  do general: gerenciar os vigilantes(de uma empresa privada, pertencente a militares de 'pijama') que operavam a 'segurança ' das Rádios Globo, Mundial e Eldorado.   ➤  Soube da 'façanha' de dois militares preteridos,  face a idiossincrasias malcheirosas do regime autoritário, em suas promoções ao generalato, a que faziam jus por merecimento funcional,  recompensados com expressivos 'cala boca' em poderosa estatal, onde teriam logrado, anos depois, novas aposentadorias pelo fundo de pensão da empresa.  ➤  Afinal, ontem, como hoje, "o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos', que ninguém é de ferro...