quinta-feira, 31 de agosto de 2017

MÍDIA ESCONDEU CONVERSA PRA LÁ DE  NEBULOSA DE  MORO COM   AMIGO  ADVOGADO
  
JOAQUIM DE CARVALHO, no DCM

A denúncia do advogado Rodrigo Tacla Durán, antigo prestador de serviços da Odebrecht, de que um amigo de Moro tentou lhe vender facilidades na Lava Jato desenterrou um passado incômodo para o juiz federal de Curitiba.   ||| A relação de Moro com o advogado Carlos Zucolotto Júnior vai além da amizade. Além de ter dividido um escritório de advocacia com a mulher de Moro, Zucolotto figurou como advogado em um processo no qual Moro era parte — nesse caso, parte mesmo, já que ele foi alvo de escutas telefônicas clandestinas realizadas pelo advogado e lobista Roberto Bertholdo.   |||   O passado incômodo foi revelado em dois CDs entregues à jornalista Denise Mello, então na rádio BandNews de Curitiba. Ali estavam as transcrições das conversas de Moro. Bertholdo divulgou os registros da interceptação clandestina para se defender de um processo em que se encontrava preso, acusado de lavagem de dinheiro e tráfico de influência.   |||   Na entrevista que concedeu à rádio, de dentro da cadeia, ele contou que o doleiro Alberto Youssef, solto por Moro num acordo de delação premiada em 2004, estava operando intensamente no mercado paralelo e, com a delação dele, outros doleiros haviam sido presos ou saíram do mercado. Youssef ficou praticamente sozinho no comando do submundo da lavagem de dinheiro.   |||   Segundo Bertholdo, “a delação premiada concedida pela 2.ª Vara Criminal Federal de Curitiba ao doleiro Alberto Youssef tem feito com que ele estabeleça um monopólio do câmbio no Brasil”, conforme registro da entrevista, feito pelo jornal O Estado do Paraná.   |||   A BandNews/Curitiba, propriedade do grupo J. Malucelli, cujo dono é hoje muito amigo de Moro, publicou a entrevista, mas não levou ao ar o conteúdo da interceptação telefônica.   |||   Segundo Denise contou em depoimento à Justiça, a razão foi a origem clandestina das gravações. O depoimento dela foi relatado num processo que tramitou no Tribunal Regional Federal da 4a. Região:  Denise arrematou, ainda, que, uma vez terminada a entrevista, relatou o ocorrido ao seu coordenador, Gladimir Nascimento. Após deliberarem em conjunto sobre o assunto, levando em conta que os áudios tinham sido obtidos de forma clandestina, resolveram não divulgá-los (sic), motivo pelo qual a entrevista em questão foi ao ar no dia seguinte, 15/03/2006, sem que fosse divulgado ao público o conteúdo das gravações ilícitas.”   |||   Denise Mello já não trabalha mais na BandNews. Eu a localizei na Banda B, outra emissora de Curitiba.  Pouco antes de entrar no ar, ela falou comigo por telefone. “Lembro vagamente dessa história”, contou. Você prestou depoimento à Justiça?Não lembro, posso ter prestado”. Quando eu li o que a Justiça relatou sobre seu depoimento, ela disse que ocorreu, sim, o depoimento, mas que não havia registrado na memória em razão da falta de notoriedade do Moro à época.   |||   O Moro não era ainda o MORO, entende?”, afirmou. Houve alguma pressão do Malucelli para que as gravações da escuta não fossem divulgadas? “Não, de jeito nenhum. Foi uma decisão minha e do meu chefe na época, Gladimir”, respondeu, e em seguida disse que entraria no ar e que não poderia mais falar.   |||   Em outra ação, apresentada como recurso perante o Superior Tribunal de Justiça, existe o registro de um depoimento de Moro prestado à forca-tarefa do Ministério Público Federal na época, da qual fazia parte o procurador da república Carlos Fernando dos Santos Lima. É relatado que, no grampo clandestino, há a gravação de uma conversa entre Moro e o advogado e amigo Zucolotto.   |||   "(…) foram ouvidas as conversas referentes às fitas apreendidas e que constam nos autos, podendo o depoente reconhecer sua própria voz e diálogos mantidos com o Delegado de Polícia Federal Paulo Roberto Falcão, com o Procurador da República Vladimir Aras, com a Desembargadora Maria de Fátima Labarrère, com o Promotor de Justiça do Estado do Paraná Cruz (de Maringá), com um amigo de nome Carlos Zucolotto, com familiares (filha e esposa) e, segundo lhe parece, também uma conversa com o DPF Luiz Pontel" (fls. 11/12 do Apenso I, volume I).   >>> Apenas a partir desse instante (da obtenção dessa prova) é que o Magistrado pôde ser considerado vítima do delito estando, assim, impedido para o julgamento do feito. O MP, na mesma data da oitiva do Julgador, ingressou com a respectiva Exceção (fls. 281/284, do apenso V, volume II). Em 29.08.05, Sérgio Moro acolheu o pleito, dando-se como impedido (fl. 285 do apenso V, volume II).”   |||   O juiz Sérgio Moro se mobilizou para que Roberto Bertholdo fosse condenado por crimes contra a honra. Sua mulher e o amigo Zucolotto atuaram no processo em que o advogado e lobista pretendia que fosse aceita exceção da verdade — isto é, quando a alegada injúria ou difamação são decorrentes de fatos ocorridos efetivamente.   |||   O expediente da exceção da verdade não foi aceito, e as fitas foram colocadas sob segredo de justiça e jamais divulgadas, o que é correto.   |||   Grampos ilegais atentam contra o direito à intimidade e à privacidade,  princípio que o juiz Moro, onze anos depois, não respeitaria, ao divulgar conversas privadas e de autoridades com foro por prerrogativa de função ao Jornal Nacional, da TV Globo.   |||   O que faria Moro de 2006 se julgasse o Moro de 2016, quando as conversas da presidente Dilma, de ministros e dona Marisa Letícia foram expostas como gasolina atirada a uma fogueira que ardia em praça pública?
A MÍDIA EM DUAS CONSPIRAÇÕES
       midiagolpe

NILSON LAGE(*), no TIJOLAÇO
Em palestra na Udesc, Florianópolis, semana passada, comparei a imprensa brasileira em dois momentos, os que precederam a deposição de João Goulart por (suposto) 'abandono do cargo', em 1964, e de Dilma Rousseff, por impeachment, em 2016 – em ambos os casos, com razões formais e ação política.   |||   Em 1964, eu era redator-chefe de Última Hora, rede de diários que tirava 700 mil exemplares/dia rodando em quatro capitais; dois anos antes, editei por uns dois meses o Jornal do Brasil, joia da modernidade editorial da época, justo quando o obrigaram, por irresistível pressão bancária, a aderir à conspiração em curso. Estudo o assunto desde então.   |||   A principal diferença entre os dois períodos é que atualmente a mídia é unânime no que importa e concentrada em cinco ou seis grupos geradores de informação; antes, era plural em tudo e divergia. O Rio de Janeiro, que recém-deixara de ser a capital, reunia os principais formadores de opinião que, hoje, estão em São Paulo, onde fica o estômago da Rede Globo.   |||   A televisão alcançava os mais ricos e urbanos; o rádio era a mídia eletrônica do grande público, dominado ainda pela Nacional, emissora estatal gerida com isenção política. Revistas, duas principais, O Cruzeiro e Manchete.   |||   A opinião fluía mesmo é nos grandes jornais do Rio, editados por empresas sólidas que ocupavam prédios  centrais próprios,  de cinco  a  sete  andares.   |||  O JB, fundado em 1891, conquistara influente faixa de leitores entre intelectuais e gestores oriundos do processo de modernização do país. Tentou manter a dignidade com linha editorial errática; depois, perdeu importância. |||   O Correio da Manhã, de 1901, tinha tradição oposicionista e redação que pesava na formulação da linha editorial; sua repercussão era tal que elegeu em 1966 dois redatores deputados federais  –  ambos com mandatos cassados nos  anos  seguintes.   |||  O Diário de Notícias, de 1930, de orientação nacionalista e penetração no meio militar, patrocinara, em 1958, a formulação de um documento acadêmico que se tornaria plano de governo de Jânio Quadros; em 1966, associou-se à campanha pela “frente ampla” que reuniria Carlos Lacerda, João Goulart e Juscelino.   |||   Última Hora, de 1951, órgão de linha trabalhista, tinha a peculiaridade de ser um jornal popular orientado por intelectuais do porte de seu diretor de redação, Moacyr Werneck de Castro, uma das pessoas mais cultas que já conheci. No dia mesmo do golpe de Estado, foram empasteladas ou desativadas suas oficinas em São Paulo, Recife e Porto Alegre. No Rio, a redação foi depredada, mas o jornal circulou por alguns anos mais.   |||   O Correio da Manhã e o Diário de Notícias foram asfixiados e seus proprietários perseguidos. Desapareceram na década de 1970.   |||   O Globo, de 1925, participou, com os Diários Associados de Assis Chateaubriand, do núcleo que armou o golpe de Estado. Em 1965, surgiu a TV Globo do Rio e a de São Paulo, que seriam o embrião da “rede de TV da revolução”, montada com verbas públicas entre 1972 e 1982; é hoje quem domina a opinião pública do país, ao lado de dois jornais e uma revista paulistas.
(*)  NILSON LAGE, jornalista, nascido em 1936, mestre em Comunicação, doutor em Linguística e Filologia. Foi professor adjunto da UFRJ e aposentou-se em 2006 como professor titular do Departamento de Jornalismo da UFSC, após 50 anos de atividade profissional.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

ATÉ AS FORÇAS ARMADAS ESTÃO ANESTESIADAS?
Tomaz Silva/Agência Brasil

RIBAMAR FONSECA, no BRASIL/247


Temer decidiu mesmo vender o Brasil sob os aplausos da mídia, o olhar indiferente do Supremo e a surpreendente apatia do povo. Afora manifestações indignadas isoladas, convenientemente ignoradas pela mídia, não se percebe nenhuma movimentação popular contra a venda da Eletrobrás, da Casa da Moeda, de reservas minerais da Amazônia, de ativos da Petrobrás, aeroportos, portos, entre outros. Sem o noticiário estimulante da chamada Grande Imprensa, que mexe com os brios e a nacionalidade dos leitores, e sem a voz de comando de movimentos mercenários como o MBL, que contra Dilma fazia as convocações pelas redes sociais e até ditava a roupa que as pessoas deviam vestir, a população parece anestesiada, sem ânimo de reação diante do desmonte do país e a entrega de nossas riquezas ao capital estrangeiro. O Congresso Nacional, parcialmente apodrecido pela corrupção e afinado com o governo entreguista de Temer, está mais preocupado com os interesses dos seus membros, enquanto o Supremo Tribunal Federal, a última esperança democrática para impedir esses crimes contra o país, se mantém alheio, fingindo não ver o desmoronamento da Nação.   |||   Só um cego – ou um traidor da pátria – não vê que Temer, colocado no poder por um golpe orquestrado pelas forças da direita com a decisiva participação de parlamentares corruptos, vem cumprindo à risca o script escrito pelos Estados Unidos, o maior interessado em nossas riquezas naturais, especialmente o petróleo, e no enfraquecimento do Brasil, que nos governos petistas de Lula e Dilma se libertou das garras do Tio Sam e conquistou espaço entre as grandes nações do planeta, arrastando em sua trajetória de independência outras nações sul-americanas até então sob o domínio norte-americano. Era preciso cortar as asas do Brasil, que estreitava suas relações, por exemplo, com a Rússia e a China. Temer e a mídia entreguista estão cumprindo fielmente o seu papel nessa tarefa impatriótica, surpreendentemente sem nenhum gemido das Forças Armadas, que têm a missão constitucional de defender a nossa soberania. Temer e a Lava-Jato, atuando de mãos dadas nessa tarefa, estão enterrando até o projeto de construção do nosso primeiro submarino nuclear, o que, obviamente, atende aos interesses americanos.   |||   A ação deletéria de Temer, porém, não fica apenas na dilapidação do patrimônio nacional que sobrou da fúria privatizacionista de Fernando Henrique, devidamente aprovada pela mídia, pois segue destruindo também a imagem e a posição do nosso país no concerto das nações. Depois de abrir mão da posição de líder da América do Sul, executando uma política de desagregação das nações do Continente, Temer curvou-se de modo subserviente à disposição dos Estados de realizar exercícios militares na Amazônia brasileira, contribuindo para a estratégia de Trump de intimidação da nossa vizinha Venezuela. Ao mesmo tempo, acelera o processo de entrega da nossa base espacial de Alcântara, no Maranhão, àquele país, cujas conversações foram iniciadas no governo de FHC e interrompidas nos governos petistas. Pretende-se instalar naquela cidade maranhense uma base militar norte-americana, a exemplo da base de Guantânamo em Cuba, um enclave que os cubanos até hoje não conseguiram extirpar. Como até agora não se teve conhecimento de nenhuma manifestação das nossas Forças Armadas a respeito desses fatos, tem-se a impressão de que tais iniciativas de Temer teriam recebido a sua aprovação. Será?   |||   Infelizmente a cada dia que passa cresce o descrédito quanto à possibilidade de Temer ser apeado do Planalto, pois apesar do rastro de destruição que está deixando e da ameaça de novas denúncias contra ele por parte do Procurador Geral da República Rodrigo Janot – denúncias que parecem de rosca tamanha é a dificuldade para sair – o golpista continua desafiando a população com medidas destrutivas, mostrando-se bastante seguro quanto à sua permanência no poder. Tem-se a impressão de que ele tem o controle não apenas do Congresso, mas também do Supremo Tribunal Federal, onde são engavetadas ou negadas as ações contrarias aos seus interesses. Agora mesmo seu ex-ministro da Justiça e hoje ministro da Suprema Corte, Alexandre de Moraes, negou ação da Ordem dos Advogados que cobrava o destravamento do seu pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. O novo ministro alegou que o assunto era da competência interna do Legislativo. Todo mundo, na verdade, já sabia que seria esse o seu despacho. A surpresa ficou por conta da sua escolha, por "sorteio", para julgar o pedido da OAB, considerando as suas estreitas ligações com Temer. De tão rotineiro, aliás, ninguém mais se surpreende com os "sorteios" do STF, que sempre escolhem o ministro Gilmar Mendes, por exemplo, para julgar questões relacionadas com tucanos.   |||   A justiça brasileira, na verdade, parece que perdeu completamente o pudor. Além dos "sorteios" do Supremo, hoje motivo de chacota em toda parte, as decisões em outras instâncias depõem cada vez mais contra a própria justiça. Exemplo: enquanto se condena um acusado de corrupção a mais de 20 anos de prisão (Marcos Valério, o chamado operador do "mensalão", foi condenado a 43 anos de reclusão), um sujeito que matou a cunhada com uma facada no coração, no Maranhão, foi condenado a apenas 8 anos de prisão e, ainda assim, em regime semi-aberto. De onde se conclui que, na visão da Justiça de hoje, roubar é um crime muito mais grave do que matar. A Justiça, na verdade, tem sido pródiga em decisões desconcertantes. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal, outro exemplo, suspendeu liminar que obrigava o YouTube a excluir um vídeo no qual a blogueira Joyce Hasselmann agredia verbalmente a senadora Regina Souza, do PT do Piauí, chamando-a, entre outras coisas, de "anta", "gentalha", "semianalfabeta" e "cretina". O relator, que se manifestou pela manutenção do vídeo na internet, disse que "a liberdade de expressão, para ser garantida, não precisa ficar confinada ao debate polido entre estranhos políticos". Depois dessa decisão, conclui-se que a partir de agora todo mundo pode insultar à vontade o seu adversário que a Justiça aprova. É liberdade de expressão. 

PRIVATIZAR   ELETROBRAS SACRIFICA MAIS POBRES E DESTRÓI  FUNÇÃO  SOCIAL 

  
Leia mais a entrevista de Railídia Carvalho com Fabíola Antezana no portal VERMELHO...

LULA,  NA   PRAÇA   DO  CARMO,   EM RECIFE, DESCONSTRÓI O DISCURSO DE “REJEIÇÃO”   QUE   A   MÍDIA  IMPÕE
      lularec

FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
É povo e mais povo.  Enquanto a mídia se dedica a cobrir as futricas do PSDB e as inexpressivas viagens de João Doria aos salões das elites dos estados do Nordeste – que só chamam alguma atenção porque alguns  tolos a dão, com as “ovadas” – a  caravana de Lula vai juntando povo, como você comprovar aí abaixo, ao vivo, na Praça do Carmo, em Recife.  A direita, despeitada, não deixa sair na mídia convencional. Mas, nestes tempos de internet, não adianta muito.   |||  No Valor, a consultoria .Map,  dedicada ao mapeamento e análise de discussões de temas nacionais por formadores de opinião na imprensa e nas redes sociais, diz que” as andanças dos últimos dias renderam impressionante destaque a Lula”.  >>>   A consultoria apurou que a campanha política do ex-presidente pelo nordeste brasileiro, que começou na quinta-feira da semana passada, conquistou 63% de positividade entre os formadores de opinião na imprensa e a população ativa nas redes sociais, na semana terminada na quarta-feira, 23 de agosto. Esse resultado é considerável. “As manifestações de apoio ao ex-presidente, nas redes, têm origem entre o público em geral, mas, principalmente, no compartilhamento dos tuítes do perfil @LulapeloBrasil”, informa a .Map.   |||   As mobilizações contínuas, muito mais que por representarem os movimentos de massa que logo estaremos assistindo, representam um elemento de desconstrução do discurso da mídia de que Lula seria um “campeão de rejeição”,  desprezado e rejeitado.   |||   O que a realidade mostra é o contrário do que a mídia diz.   E a verdade ainda é a realidade que se vê, não a versão que se difunde.   |||   Abaixo, o vídeo de Lula, esta noite, em Recife.
        
CARAVANA  DE   LULA,  COM DILMA, NESTA SEXTA(25) EM IPOJUCA, AO SUL DE RECIFE
   ipojuca

Assista ao vídeo postado pelo TIJOLAÇO...

        

  • quinta-feira, 24 de agosto de 2017

    A  ARMAÇÃO   PARA   A NEGOCIATA DO SÉCULO COM A ELETROBRAS

     

    LUIS NASSIF, no JORNAL/GGN

    A venda do controle da Eletrobras certamente será a joia da coroa de todas as negociatas planejadas pelo governo Temer.
    Está-se no meio de uma reestruturação radical no setor elétrico, com a substituição do modelo hidrelétrico pelas novas formas de energia. Todas elas têm em comum o fato de serem intermitentes. Por isso mesmo, duas áreas fundamentais são as usinas hidrelétricas, operando como backup do setor; e as linhas de transmissão, interligando todos os pontos. Por isso mesmo, a Eletrobras é estrategicamente essencial para o modelo.
    Nos anos 90, a visão de negócios de Fernando Henrique Cardoso promoveu uma desregulação do setor, copiado do modelo inglês, país com características totalmente diversas da brasileira. O resultado foi um salto nas tarifas de energia que tirou totalmente a competitividade de setores eletro intensivos da economia. Um dos grandes trunfos do país, para competir globalmente – a energia barata – foi destruído por essa improvisação. 
    Agora, se monta o mesmo balcão de negócios em cima de um slogan vazio: a ideia de que a privatização da Eletrobras vai baratear as contas de luz, mesmo argumento utilizado na desregulação do mercado dos anos 90.
    No período que antecedeu a queda de Dilma Rousseff, houve imensa movimentação de lobistas de todos os setores, de olhos no balcão de negócios previsível.
    A movimentação mais rápida foi em direção à Eletrobras. Antes mesmo de assumir o cargo, ainda na fase interina, Temer editou a Medida Provisória no. 735 viabilizando a venda da empresa.  A privatização motivou críticas até da agência Moddy's
    "O plano do governo de privatizar a Eletrobras é um fator de crédito negativo para a estatal, já que traz incertezas sobre o apoio governamental em momentos de necessidade, disse a agência de classificação de risco Moody\'s nesta terça-feira: "O plano cria também distrações para a administração que podem prejudicar outras iniciativas, incluindo a estratégia de reestruturação da companhia iniciada em novembro passado", disse a vice-presidente e analista sênior da Moody's Cristiane Spercel em comentários.
    Confira os personagens que foram para lá.

    Wilson Ferreira Júnior

    Assumiu a presidência da empresa. Ex-funcionário da CESP, assumiu a CPFL na privatização e ficou lá até o final. Foi um grande executivo, mas seu último ato foi vender a empresa para o grupo chinês Stat Grid.
    A empresa já é uma das principais investidoras no setor elétrico. Acaba de comprar um prédio no Rio de Janeiro por R$ 200 milhões para sua sede no Brasil, indicando o apetite para grandes negócios no país. Com exceção da diretora jurídica Laura Pinheiro, toda sua diretoria é composta por chineses.
    Desde o início, já se viam as cartas marcadas para vender a empresa para os chineses. Um ano atrás Ferreira procurava desmentir, sustentando que só venderiam participações em outros empreendimentos.

    José Luiz Alqueres

    No governo Itamar Franco, foram resolvidos os problemas do endividamento circular do setor elétrico. Havia boas perspectivas para a Eletrobras. Alqueres assumiu uma diretoria do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e colocou papéis da Eletrobras em um fundo negociando com o mercado. Denunciei a manobra. Ele me procurou, explicou as boas perspectivas da Eletrobras e disse que o fundo visava apenas conferir liquidez ao papel para preparar a ida a mercado.
    Tempos depois, houve a venda de parcela expressiva das ações para o Bozzano Simonsen, um escândalo. Definiu-se o preço do papel pela média de 40 pregões, em pleno período inflacionário. Com a média, ganhava-se quase um mês de inflação. Depois, se dava mais 30 dias de prazo para o pagamento. Um lote que deveria valer US$ 2,5 bilhões saiu por uma quantia irrisória.
    Denunciei a manobra, Itamar obrigou Alqueres e o então Ministro de Minas e Energia, Paulino Cícero, a darem explicações. Nenhuma parava em pé.
    Pouco tempo depois, Alqueres deixou o governo e foi trabalhar para o Bozzano Simonsen.

    Elena Landau

    Substituiu Alqueres na presidência do Conselho.  Figura carimbada, uma das principais operadoras das privatizações de Fernando Henrique Cardoso, atuando junto ao BNDES e aos fundos de pensão, inclusive definindo os títulos que poderiam servir de moeda de privatização. Depois, tornou-se braço direito do controvertidíssimo banqueiro Daniel Dantas. Elena é advogada e sócia do escritório Sérgio Bermudez.

    José Paes Rangel

    Representante dos minoritários, é diretor vice-presidente do Banco Clássico,m dos herdeiros do notabilíssimo J.J.Abadala (os mais velhos se lembrarão dele), com participação em empresas do setor elétrico brasileiro, como a Cemig, a Tractbel e a própria Eletrobras.

    José Guimarães Monforte

    Atuou como executivo em vários bancos e empresas, como Banespa, Banco Merrill Lynch, Banco Citibank NA, VBC Energia S/A e Janos Comércio, Administração e Participações LTDA, ocupando posições no Brasil e no exterior.  Monforte passou a integrar o Conselho de Administração da PETROBRAS representando o Fundo Aberdeen e outros investidores internacionais.

    A montagem do negócio

    Para saber a quem beneficiará essa venda – além das pessoas diretamente envolvidas – basta identificar quem levou operadores notórios de mercado para a Eletrobras. É evidente que a infiltração de notórios operadores no Conselho da empresa não apenas visava a prepará-la para a privatização, mas atender às demandas dos grupos que os indicaram para os cargos.
    Não se trata apenas de uma queima colossal de ativos públicos. Trata-se do comprometimento de um dos ativos fundamentais para o desenvolvimento brasileiro, que é a energia.
    O bravo Ministério Público Federal que ajudou a colocar esses grupos de lobies no poder, junto com a organização criminosa de Michel Temer, tem a responsabilidade de minimizar os danos que estão causando ao país.
    E o caso Eletrobras é um dos mais significativos.

    DEU   PREJUÍZO,   VENDE??? 

    OS NÚMEROS  DA  CASA  DA 

    MOEDA PROVAM QUE NÃO

        casadamoeda


    FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO


    Prejuízo eventual nunca foi razão para vender empresas que, ao longo do tempo,  eram lucro.   Ainda mais quando estas empresas têm mercados cativos ou semicativos, nas quais, portanto, é o desempenho da economia e não a competição o responsável por resultados negativos.   |||   É o caso da Casa da Moeda, um ativo estratégico do qual  depende  a segurança do dinheiro brasileiroe de uma série de impressos, desde passaportes até rotulação fiscal.  E que sempre deu lucro.   |||   No Facebook, Laura Carvalho, colunista da Folha, recupera um texto escrito há 15 meses, no início do  governo golpista, para mostrar que o que era projeto e agora se pôs em prática, em lugar de significar economia para as contas públicas, é redução de receita, à medida em que priva o Estado de receber os dividendos de empresas historicamente lucrativas.   |||   Vale a pena a leitura de um trecho:   Pescadores de ilusões - Laura Carvalho, na Folha, em 18/05/16  >>>  Na profusão de notícias atribuídas ao governo provisório, constam inúmeras medidas cuja radicalidade contrasta com a interinidade e a falta da legitimidade conferida pelo voto. Seria o caso de uma eventual privatização dos Correios e da Casa da Moeda.      Na taxonomia apresentada no “Staff Note” do FMI intitulado “Accounting devices and fiscal illusions”, cujo conteúdo resumi na coluna “Rigor Seletivo”, de 15/10/2015, uma das quatro formas de reduzir artificialmente o deficit público é a dos chamados desinvestimentos, que elevam receitas hoje em detrimento de receitas futuras.      Como aponta o autor, ainda que a arrecadação oriunda da venda de ativos públicos possa ser contabilizada como reduzindo o déficit imediato, o governo também perde os dividendos futuros das empresas privatizadas, o que pode tornar o benefício fiscal da operação muito menor ou até mesmo inexistente.   Os Correios, que não foram privatizados nem nos EUA por seu caráter estratégico e essencial, registraram em média R$ 800 milhões de lucro líquido por ano desde 2001 (aos preços atuais), dos quais ao menos 25% voltaram para a União na forma de dividendos. Antes do agravamento da crise, o lucro líquido dos Correios chegou a ultrapassar a faixa de R$ 1 bilhão, em 2012, e o da Casa da Moeda atingiu um recorde de R$ 783 milhões, em 2013. (Nota do Tijolaço: veja aquiOutros anúncios recentes reforçam a impressão de que a gestão das contas públicas pelo governo interino será menos transparente –além de mais regressiva e contraproducente– do que a posta em prática pelo governo eleito nos últimos anos.   |||   Está claro? Por uns trocados agora, entregamos muito mais no futuro, como o homem que estripou a galinha dos ovos de ouro.

    Caravana de Lula em 
    Arapiraca / Alagoas  

    REITOR DA ‘UNEAL’ EXALTA LULA,  MAS  PEDE  FIM  DO 'MODELO CONCILIATÓRIO'

    Segundo Jairo Campos,   que chegou a ser ameaçado por causa da homenagem  a  ex-presidente,   "é hora de construir  um  caminho coletivo, pautado nos movimentos sociais organizados e no poder popular"...
    honoris causa a lula
    "Conte conosco, querido Lula, na sua luta contra os tubarões do capitalismo", disse Jairo Campos ao ex-presidente
    T
    Na cerimônia de entrega do título de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Arapiraca (AL), o reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Jairo Campos, exaltou os feitos do petista, mas também cobrou o fim do modelo "conciliatório" em eventual retorno à presidência da República.   |||   Tenho aprendido na minha vida pessoal e profissional e ao longo de uma história aos rigores do Rio Grande do Norte, onde nasci, e de Alagoas, onde escolhi viver, que algumas pessoas chegam ao poder e apenas governam. Outras não só governam, mas fazem história. Esse momento é indiscutivelmente um desses momentos históricos”, disse Campos em seu discurso. “Sinto-me feliz em homenagear o homem que mudou a cara do Brasil e soube, mais que qualquer outro, gravar o seu nome nos anais da história da República. Uma história que não se apaga com a caneta revestida do Judiciário, ou de vozes camufladas pelas ondas da grande mídia bancada pelo grande capital e a serviço de seus interesses.”   ||| Entre as realizações citadas pelo reitor como base para a homenagem a Lula, foram destacadas em especial as relativas à educação. "Quero agradecer, em nome da população alagoana, pelo REUNI, que democratizou o acesso às universidades públicas; pela lei das cotas, que viabilizou milhares de vagas das universidades públicas para os estudantes das escolas públicas e para os pobres. Antes, eram vagas abocanhadas pela classe média alta. Filho de pobre, hoje, pode fazer Medicina, Odontologia, Engenharia, ser professor", ressaltou.   |||  "Conte conosco, querido Lula, na sua luta contra os tubarões do capitalismo, que não medem esforços para tentar desconstruir o legado que deixaste, mas não passarão. Não daremos a nenhum tubarão a alegria de ser homem", disse. Jairo Campos chegou(AQUI) a ser ameaçado de morte após anunciar a titulação, ainda que o processo para aprovação da outorga tenha começado em 2011, depois do fim do segundo mandato do ex-presidente, com tramitação em todas as instâncias do Conselho Universitário.

    Possibilidade real de governo popular

    Embora tenha pautado a maior parte de sua fala nas realizações do governo Lula, o reitor da Uneal cobrou do ex-presidente "uma grande mudança de paradigma". "Não podemos estar à mercê do capitalismo financeiro internacional. É hora de construir um caminho coletivo, pautado nos movimentos sociais organizados, no poder popular, e ninguém melhor que o senhor para reconstruir o país nesse sentido", ponderou.   |||   "Não é preciso ser doutor para saber que o poder vem do povo, e que pertence a ele. O povo derruba gigantes e elimina fronteiras, mas é preciso sacudi-lo, acordar o povo", defendeu Campos. "Estamos com você. Sua popularidade e aceitação têm demonstrado isso. Mas é preciso que diga não às alianças espúrias e construa uma plataforma social verdadeiramente popular", pregou.   |||   O reitor ainda cobrou um compromisso para que sejam combatidos os retrocessos promovidos pelo governo Temer. "Iremos às ruas quantas vezes for necessário em nome de uma possibilidade real de um governo popular, que diga não ao desmonte do Estado, ao extermínio da nossa Previdência, à terceirização em massa, à lei da mordaça aos professores, às políticas neoliberais, aos organismos internacionais que nos medem com a réguas dos seus interesses, aniquilando as singularidades e identidades brasileiras."   |||   Jairo Campos citou outros momentos sombrios da história e em que "vossa excelência também sempre esteve presente", e disse estar pronto para "lutar por um modelo alternativo", que deveria ser liderado por Lula. "Mas carecemos da certeza de que não teremos mais um vice golpista e de lograrmos êxito de que todas essas medidas de retrocesso serão revisitadas", provocou. "Esperamos um modelo que não seja  mais apenas conciliatório,  mas  que  seja  revolucionário."   |||  Ao fim, Campos ofereceu apoio ao ex-presidente diante do que considera ser uma perseguição. "Acredite, Lula, a despeito de toda espécie de injustiça que tem sofrido, a mentira não passará e a verdade prevalecerá".
    LULA DISCURSA NA QUADRICENTENÁRIA
    CIDADE  ALAGOANA  DE  PENEDO,  ÀS MARGENS  DO  RIO  SÃO  FRANCISCO

    Do portal AQUI ACONTECE...

    quarta-feira, 23 de agosto de 2017

    LULA LIDERA PESQUISAS
    EM TODAS AS REGIÕES
    DO BRASIL
    PAULO HENRIQUE AMORIM, na TV AFIADA

    LULA CRUZA O SÃO FRANCISCO E CHEGA A PENEDO, EM ALAGOAS. SEM CENAS DE CINEMA. SÓ POVO, POVO, POVO

          
        lulatravess

    FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
    Foi transmitida ao vivo, nessa terça-feira(22) a  travessia de Lula, do jeito que dá, em meio à multidão, através do rio São Francisco, chegando a Penedo/Alagoas, na divisa com Sergipe.   |||  Nada de cenas hollywoodianas, produzidas, montadas.  Só gente, gente, gente e e mais gente. Todos querendo falar, tocar, abraçar um símbolo de uma vida que querem ter – e nem tiveram ainda, tanto.  |||   É o que que os pretensiosos não entendem. Os homens nunca são tão grandes quanto é imensa a força de um povo.
    Do AMgóes >> com a devida vênia: Penedo(AL), cidade histórica, de origem quase quincentenária, é minha terra natal.
    Veja abaixo... 
    ARACAJU: JOVEM MÃE, FORMADA PELO PROUNI,  DEVOLVE CARTÃO DO 'BOLSA FAMÍLIA' A LULA 
     Atividade aconteceu nesta terça durante passagem da caravana de Lula em Aracaju. - Créditos: Mídia Ninja
    MONYSE RAVENA, no BRASIL DE FATO e RBA
    Iva Mayara é sergipana de Aracaju. Aos 13 anos “fugiu de casa” grávida para morar com o namorado no Morro do Avião, na periferia de Aracaju. “Eu casei e engravidei muito cedo, uma das oportunidades que eu tive foi receber o Bolsa Família”, conta. A garantia dessa renda mensal fez com que Mayara, mesmo com uma filha pequena e todo o trabalho doméstico da casa, conseguisse continuar estudando e terminar o ensino médio, além  de se graduar em Administração de Empresas, via Prouni.
     
    Só quem sabe a dificuldade é quem passa. Ter aquele dinheirinho todo final de mês para comprar alimentação ou outra coisa é um alívio. Para as mulheres que estão numa situação precária, é realmente uma coisa muito valiosa”, ressalta.   |||   Hoje, Mayara tem 25 anos, é mãe de Adriana, de 11 anos e Cauã, de dois anos. Ela sonha em voltar para faculdade e estudar enfermagem. ASSISTA ABAIXO a seu agradecimento, nessa terça(22), quando da passagem de Lula e sua caravana por Aracaju.
    Mayara contou sua história ao Brasil de Fato no ato da Frente Brasil Popular na tarde desta terça-feira (22), quando entregou simbolicamente ao ex-presidente Lula seu cartão do programa. “Quando criei o Bolsa Família disseram que eu estava criando vagabundo, na verdade eu estava vendendo esperança”, disse Lula.   |||   "Vocês viram a moça contar o significado do Bolsa Família para ela. É uma pena que ela não devolveu o cartão do Bolsa Família pro [Michel] Temer, porque ele não tem coragem de vir no meio do povo", ironizou Lula ao se referir ao desmonte do golpista em relação ao programa, que cortou cerca de 543 mil beneficiários do Bolsa Família entre junho e julho deste ano.