terça-feira, 31 de janeiro de 2017

“Entrega” de Eike, negociada com a Globo,  projeta  novo  “santo”?        

    eikeaviao
Visivelmente “armada” com a reportagem da Globo, a viagem de volta, para entregar-se, de Eike Batista tomou o lugar da homologação das delações premiadas da Odebrecht no noticiário.
Com direito a várias entrevistas, inclusive dentro do avião, dizendo que vai “passar a limpo”, “cumprir o seu dever” e outras platitudes do gênero.
Tudo indica que Eike está sendo preparado para “herói”, porque faz o tipo “celebridade”, com muitos ex-amigos que se prestem a isso.
E como, aparentemente, já perdeu tudo, não tem mais o que perder.
Para um aventureiro, mais uma aventura.

Assistam, nos 'links' abaixo, vídeos com entrevistas de Eike, no aeroporto, ainda em Nova York, e dentro do avião, na volta ao Brasil, tudo produzido e editado pelas organizações Globo. Clique AQUI e AQUI. Também a 'hastag' lançada por um dos filhos dele, nas redes sociais(AQUI).



A verdade sobre a

Base de Alcântara

Quem pratica a "pós-verdade" é o professor Matias Spektor, na vã tentativa de desqualificar reportagem de CartaCapital sobre as negociações Brasil-EUA...

                                        CartaCapital
Base de Alcântara
Torre Móvel de Integração da Base de Alcântara(foto: FAB) 

No sábado-21, CartaCapital noticiou que o Brasil voltou a negociar um acordo para os Estados Unidos usarem a Base de Alcântara, centro de lançamento de foguetes(AQUI). Em sua coluna no site da Folha de S.Paulo da quinta-feira-26, o professor de Relações Internacionais Matias Spektor fez duros ataques à reportagem, os quais merecem resposta por causa da desinformação do autor e de uma aparente má-fé. 
Sua primeira acusação é a de ser “inverdade” que a negociação corria em segredo, como informara CartaCapital. Pergunta ao professor: existe alguma declaração, anúncio, documento, relato ou qualquer manifestação oficial por parte de autoridade do Brasil ou dos EUA a revelar ao público a existência das conversas? 
A primeira vez que uma autoridade reconheceu publicamente que o assunto voltaria à mesa foi registrada no jornal O Globo de 23 de janeiro, dois dias após o furo de CartaCapital. A reportagem intitulava-se “Brasil assume de vez negociação especial com americanos”(AQUI).
Nela, o chanceler José Serra afirma: “Vamos tomar a iniciativa de propor a reabertura de negociação em torno de vários acordos e tratados que não se concretizaram. Um deles se refere à base de Alcântara. O assunto foi muito debatido no passado e, agora, vamos tentar uma parceria.
No momento da declaração de Serra, a negociação com o Tio Sam já acontecia, em sigilo.Em uma comunicação reservada enviada em dezembro ao Itamaraty, o embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral, relata ter tratado do assunto no dia 12 daquele mês com o subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado norte-americano, Thomas Shannon.
Na comunicação, Amaral conta ter indicado a Shannon que “o governo brasileiro e o setor privado nacional não se opõem a entendimentos bilaterais (...), inclusive com relação ao acordo de salvaguardas para o uso de Centro de Lançamentos de Alcântara”.
Quem cometeu “uma inverdade” foi o colunista, ao negar o caráter confidencial das negociações. Fez a mesma acusação a respeito da informação de que a iniciativa de retomar o acordo era de Serra. A iniciativa teria sido, escreveu ele, de Dilma Rousseff “muitos meses antes do impeachment”.
Recorde-se a declaração do chanceler em O Globo do dia 23: “Vamos tomar a iniciativa de propor a reabertura de negociação em torno de vários acordos e tratados que não se concretizaram. Um deles se refere à base de Alcântara.” Parece que a afirmação não era de conhecimento do professor.
Ao citar Dilma como responsável pela retomada das negociações, encerradas no governo Lula, o comentarista tentou um truque. Em julho de 2013, a gestão Dilma ensaiou uma volta das tratativas, conforme registrou à época O Estado de S. Paulo.
Mas logo desistiu, em virtude do esfriamento das relações entre Brasil e Estados Unidos causado pela descoberta, entre agosto e setembro daquele ano, da espionagem da agência norte-americana NSA sobre Dilma e a Petrobras. Até a iniciativa de Serra, o assunto estava encerrado.
O professor Spektor também acusa CartaCapital de contar “mentiras” sobre o texto original do acordo negociado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo a reportagem, o acordo proibia o Brasil de lançar foguetes próprios da base de Alcântara. Spektor escreveu que era “mentira”.
Em seu artigo III, item 1, subitem A, o acordo diz que o Brasil “não permitirá o lançamento, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, de Cargas Úteis ou Veículos de Lançamento Espacial de propriedade ou sob controle de países os quais, na ocasião do lançamento, estejam sujeitos a sanções estabelecidas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas ou cujos governos, a juízo de qualquer uma das Partes, tenha dado, repetidamente, apoio a atos de terrorismo internacional”.
O ditame “a juízo de qualquer uma das partes”, conjugado com o fato de que um foguete brasileiro, por insuficiência tecnológica local, contaria com peça ou tecnologia de fora, abre a possibilidade de veto unilateral pelos EUA a lançamentos nativos em Alcântara. A reportagem reconhece, no entanto, que deveria ter explicado melhor esse ponto.
Outra “mentira” seria a proibição de o País firmar cooperação tecnológica com outros países. Restrição nesse sentido consta do artigo III, item 1, subitem B do acordo. 
Diz esse trecho que o Brasil “não permitirá o ingresso significativo, qualitativa ou quantitativamente, de equipamentos, tecnologia, mão-de-obra, ou recursos financeiros, no Centro de Lançamentos de Alcântara, provenientes de países que não sejam Parceiros (membros) do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, exceto se de outro modo acordado entre as partes”. Uma restrição ampla, portanto.
Mais uma “mentira”  seria a informação de o acordo proibir o Brasil de direcionar dinheiro obtido com a base para o desenvolvimento de satélites brasileiros.
Segundo o artigo III, item 1, subitem 3, o Brasil “não utilizará recursos obtidos de Atividades de Lançamento em programas de aquisição, desenvolvimento, produção, teste, liberação  ou uso de foguetes ou de sistemas de veículos aéreos não tripulados (quer na República Federativa do Brasil quer em outros países”.
Há um veto explícito ao uso de recursos para o desenvolvimento de “veículos aéreos não tripulados”, os chamados VANTs, equipamentos de função próxima à dos satélites. A reportagem reconhece, contudo, ter-se equivocado ao tomar VANT por “satélite”.
A última “mentira” seria a proibição de acesso de brasileiros à Base de Alcântara. As restrições estão detalhadas no artigo VI do acordo.
Conforme o item 2 do artigo, “somente pessoas autorizadas pelo governo dos Estados Unidos da América controlarão, vinte e quatro horas por dia, o acesso” à base. Segundo o item 3, “servidores do Governo dos Estados Unidos da América que estejam presentes no Centro de Lançamentos de Alcântara e estejam ligados a Atividades de lançamento terão livre acesso”. Segundo o item 5, “o acesso a áreas restritas (…) será controlado pelo Governo dos Estados Unidos da América”.
Esses dispositivos configuram na prática, conforme a interpretação de ministros do governo Lula responsáveis por arquivar o acordo, a proibição à entrada de brasileiros na Base. A reportagem reconhece, no entanto, que deveria ter explicado melhor esse ponto.
A respeito das inúmeras restrições do acordo da era FHC ao Brasil, vale a pena ler um recente artigo do colunista de CartaCapital Roberto Amaral, ministro da Ciência e Tecnologia em 2003 e um dos participantes da decisão do governo brasileiro à época de arquivar o acordo. Para Amaral, aquele entendimento era um "crime(AQUI) de lesa-pátria"
Em vez de falar em “inverdades” e “mentiras” na notícia de CartaCapital, o professor Spektor poderia ter apontado imprecisões ou interpretações distintas. Ao não fazê-lo, mostrou má-fé, talvez com o objetivo de desqualificar a reportagem, deixando no ar a ideia de que as informações ali contida eram invenciones sem base real.
Praticou assim a “pós-verdade” que pretendeu criticar em sua coluna. 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O sigilo de  Carmem Lúcia  e  o alívio de Temer são tão cínicos quanto imorais

Carlos Fernandes                                


 override-if-required
                                     Carmen Lúcia e Michel Temer


A quem a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármem Lúcia, pensa estar enganando quando ao passo que homologa as 77 delações da Odebrecht, mantém o seu mais absoluto sigilo?
Como já é do conhecimento até do reino mineral, no Brasil do golpe não existe um único ato por parte dos grandes figurões de nossa tragédia democrática que não seja milimetricamente pensado e elaborado para que toda essa farsa seja mantida, quando não da mesma forma, com as oportunas mudanças de cenários que as ocasiões da empreitada assim o exigem.
A morte de Teori Zavascki, o relator original da operação Lava Jato, mais do que uma tragédia acidental ou provocada, trouxe um leque de oportunidades na então conjuntura do circo de Curitiba, isso justamente às vésperas do que há muito já é considerada como a delação do fim do mundo.
É triste termos que encarar a morte de um ser humano como a saída providencial de uma quadrilha multi-institucional que tomou de assalto a República, o Estado Democrático de Direito e a Constituiçáo Federal, mas assim é o reino dos chacais.
O fato é que homologar as mais importantes e reveladoras delações de toda a Lava Jato ainda no período de recesso do STF e, portanto, de forma monocrática e independente antes mesmo de ser indicado o seu novo relator, é – independente da inquestionável urgência do assunto e de todo o seu cunho legal – uma autopromoção que cai como uma luva para alguém que, digamos, sonha com voos ainda mais altos.
Não tornar, porém,  público o conteúdo dessas delações, atende, para utilizarmos um termo recorrente nesses dias sombrios, o “timing” necessário para que as peças do nosso xadrez político estejam devidamente posicionadas.
Já sabido que as tais delações possuem um monumental poder de destruição voltados especialmente para a cúpula do governo Temer, ele próprio chafurdado até a alma, não é à toa que o Planalto recebeu a notícia da manutenção do sigilo com um profundo “alívio”.
Além de dar tempo para que sujeitos do naipe de Rodrigo Maia e Eunício Oliveira disputem (e provavelmente ganhem) as eleições para presidente da Câmara e do Senado(peças fundamentais para uma sobrevida do governo Temer), ainda abre espaço para os nossos velhos conhecidos vazamentos seletivos.
A grande questão é que Carmem Lúcia, novamente, atua muito menos como uma juíza preocupada com a crise institucional e muito mais como um agente político que, pelo menos por ora, dá suporte aos interesses de um governo visivelmente corrupto, incapaz e inoperante.
A resposta entretanto pode estar na necessidade da plutocracia de se manter um parasita no poder até que as condições necessárias para que o golpe do golpe estejam definitivamente satisfeitas.
Temer pode até ter respirado aliviado por mais esse  “jeitinho brasileiro” encontrado nos gabinetes da mais alta corte do país, mas ele, traidor como ninguém, deveria saber que essa nova bajulação da presidente do STF pode lhe custar muito caro.
Afinal, como dizia Winston Churchil, um bajulador é aquele que alimenta um crocodilo e que espera comê-lo no final.

Globo começa com escárnio

Desmoralizar para delatar o Lula logo...
Eike Batista.jpg
'Filho" do Lula raspa a cabeça e divide a cela com milicianos (Crédito: Guilherme Pinto / Agência O Globo)
Via O Globo:
O empresário Eike Batista deixou o presídio Ary Franco, em Água Santa, por volta das 13h35m desta segunda-feira e foi levado para a Penitenciária Bandeira Stamba, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. A unidade recebe presos do regime fechado, em sua maioria policiais cumprindo pena por envolvimento com milícias. De acordo com dados coletados em dezembro, a unidade também opera acima da capacidade: na ocasião, tinha 657 presos para 547 vagas. Segundo agentes da Seap, as celas são para seis detentos.
Preso por policiais federais ainda no Aeroporto Internacional Tom Jobim, logo após chegar em um voo de Nova York, pouco antes de 10h, Eike passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), antes de ser encaminhado ao Ary Franco, por volta de 11h15m. No presídio, ele teve a cabeça raspada e vestiu o uniforme de interno.
(...)

Prender: o programa ‘infalível’ 
para  salvar  o  Brasil          

     prisao
Alguém se deu conta de que, há um bom tempo, o projeto de salvação nacional deste país é botar gente na cadeia?
Desde o ladrãozinho, o traficante de dez trouxinhas de maconha até o – seja ele quem for – presidente, o deputado, o governador?
Só isso é noticia, só isso é prioridade, só isso mobiliza.
Vamos nos tornando seres mórbidos, cujo maior desejo é ver a desgraça alheia, de preferência de cabeça raspada e  cercado de um pelotão de policiais.
Não vou negar que muitos tenham razões para serem presos e alguns, fartos “méritos” para isso.
Nada nunca foi “Padrão Fifa”, nem a Fifa, que só se fosse de roubalheira.
Mas a vida social e coletiva passou a ser só isso: acusação, delação, cadeia, desastre, chacina, loucos homicidas, agressores, fobias de várias espécies.
Foi “passando” aquela história do “gigante acordou”, do “o Brasil é capaz”, do “a vida vai melhorar”.
A nossa democracia, tão custosa, virou um ‘cassa e prende” como na ditadura, que tanto nos custou a deixar para trás.Figuras que habitavam as sombras da política passaram aos holofotes, o têmeres, os geddéis, os padilha, os renans, os moreiras…
Os partidos, que vinham assumindo identidades desde a “geleia geral” feita pela ditadura com Arena e MDB, tornaram-se lixo, com um sistema de votação individual que não deixa nenhum deles imune à necessidade de ter pastores, milionários, subcelebridades e outras coisas do gênero  a sustentar-lhes as votações, a formação de bancadas.
Bancadas, aliás, que não nos refletem, porque se refletissem este país urbano não teria uma maioria ruralista no Parlamento, nem estaria refém do fundamentalismo evangélico.
O Judiciário e seu entorno, o MP, tornaram-se ilhas de privilégios e arrogância: controlam tudo, desde a vida política ao preço das passagens, em nome de uma moral e de uma austeridade que não praticam  dentro de casa.
Ficamos compelidos a “torcer” por uma nulidade jurídica, como Cármem Lúcia, diante de seus embates com mediocridades mais medíocres que ocupam os outros poderes da República.
E o assunto do dia, com direito a horas de televisão e orgasmos nacionais é ver Eike Batista tendo a peruca raspada e achar que, agora, a prisão é democrática, embora ele, Cabral , Marcelo Odebrecht e que tais sejam 0,0000000001% da massa carcerária de pobres, miseráveis, desgraçados que nunca  tiveram iguais 0,0000000001% das farturas de que eles gozaram.
E assim vamos, num país, de fato, governado pela polícia, onde iremos, um dia, todos parar atrás das grades.
Sobre   a   falaciosa    Reforma
da Previdência, exclusiva para trucidar  os  trabalhadores      



Aconteceu nesta segunda-feira(30), no auditório da ABI, centro do Rio de Janeiro, exposiçãom técnica de política sobre a Reforma da Previdência proposta pelo governo golpista, cujo objetivo central é inviabilizar, na prática, o Sistema Previdenciário oficial, transformando em sonho irrealizável a aposentadoria, minimamente decente, do trabalhador brasileiro.

Promovido pela FRENTE BRASIL POPULAR/RJ, o evento contou com exposições do ex-ministro da Previdência Carlos Gabas, pós-graduado em gestão previdenciária e servidor concursado do INSS, e da professora-doutora DENISE GENTIL, do Instituto de Economia daUniversidade Federal do Rio de Janeiro.

ASSISTA AO VÍDEO  A Q U I




sábado, 28 de janeiro de 2017

Sírio-Libanês diz que tomografia divulgada 

por  Tognolli  não  foi  feita  lá                    


 Resultado de imagem para Fotos de Claudio Tognolli

O pseudojornalista de ultradireita Claudio Tognolli(na foto acima ao lado do juiz Sergio Moro) fez um vídeo com uma suposta tomografia de Marisa Letícia.

O ato provocou uma onda de revolta que obrigou o hospital Sírio-Libanês, onde a mulher de Lula está internada, a emitir uma nota de esclarecimento.
Ei-la:
“Esclarecemos que nenhuma das imagens em questão saíram do Sírio-Libanês. A instituição zela pela privacidade de seus pacientes e repudia a quebra do sigilo médico por qualquer profissional de saúde.                                                              
O próprio jornalista responsável pela divulgação das imagens deixa claro que sua fonte não foi o Hospital Sírio-Libanês ou qualquer um de seus profissionais. Ele também informa que a imagem mostrada não é de um exame realizado dentro de nossa instituição.                                                                    
Nosso hospital tem como única fonte de informação oficial o Boletim Médico, que só é divulgado após a aprovação expressa do paciente, equipe médica e diretoria da instituição.”                                                                            

A confusão perversa da Lava Jato sobre o “timing” da  prisão  de  Lula            
Kiko Nogueira                           

O delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Lava Jato
O delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Lava Jato

Se parece demais  pedir  um pouco  de  sobriedade  e  discrição   aos homens da Lava Jato num momento em que    a  mulher de Lula está em coma induzido por causa de um AVC, eles podiam ao menos fingir que são organizados e eficientes como aparecem nos quadrinhos de super heróis.
A fanfarronice já era conhecida. A bateção de cabeça e a guerra de vaidades vai se transformando num case internacional. Nem o Corinthians chega a esse nível.
Em 14 de janeiro, o delegado Maurício Moscardi Grillo disse à Veja que o timing para a detenção de Lula havia passado.
“Os elementos que justificariam um pedido de prisão preventiva não são tão evidentes”, falou. Para Grillo, foi um erro o depoimento no Aeroporto de Congonhas e a coercitiva porque acabaram permitindo a Lula passar uma imagem de vítima.
No dia em que o avião de Teori Zavascki caiu, seu colega Marcio Adriano Anselmo pediu “investigação a fundo” do “acidente”, entre aspas, insinuando a mesma coisa que milhões de Xeroque Rolmes brasileiros.
Duas semanas depois, os dois são desautorizados pelo coordenador Igor Romário de Paula.
Em entrevista ao Uol, Igor declara que o “timing” para prender Lula pode aparecer em “30 ou 60 dias”.
“Não vejo nem perda de tempo nem condescendência com o fato de se tratar um ex-presidente”, afirma.
Sobre o caso Teori, Igor conta que tem “a impressão” de que “foi uma baita de uma coincidência negativa. Não vejo e nem temos nenhuma informação que leve à suspeita que tenha acontecido um atentado”.
Nada indica que tudo seja uma tática diversionista para confundir. Não. Eles são confusos, mesmo. Quando tentam montar um quebra cabeça, aparece um power point vergonhoso.
Igor, que coordena a força tarefa, não consegue sugerir a seus comandados que mantenham o silêncio ou que falem a mesma coisa em hora marcada.
Conversam publicamente sobre um evento dessa gravidade como se fosse a rodada do Brasileirão ou se Neymar voltou com Bruna Marquezine.
Um cidadão pode ser encarcerado em um mês, dois, três — e me passa o ovinho de amendoim.
Ficamos assim: o freguês quer ouvir que Lula vai em cana hoje? Nós temos. É pra deixar mais pra frente? Temos, também. Quem vai entregar essa rapadura? Vamos ver quem está disponível.
Como vai ser isso? Aí deixa que a gente resolve. O pai é gangster.

Sem ter  como prender  Lula, delegado apela para tortura emocional                                        

     naniprometeu1
Depois do delegado Mauricio Moscardi ter protagonizado, nas páginas amarelas da Veja, um espetáculo de falta de decoro policial,  alguns dias atrás, que o repórter Marcelo Auler(AQUI) demoliu até virar poeira, outro delegado da lava jato, Igor Romário de Paula, sobe ao picadeiro para rugir sua ferocidade.
Moscardi faz uma confissão prática de que prender Lula não era uma questão de lei, mas detimming político-policial, dentro daquela já famosa linha do “não tínhamos provas, mas temos as convicções”.
Como prisão sem julgamento no Brasil só existe em caso de ocultação de provas, tentativas de obstruir investigações por expedientes ilegais ou manifesto risco à sociedade, o delegado Igor mostra – como se ainda fosse preciso – que não se trata de um expediente legal, mas da legalização da obsessão lavajatiana de prender o ex-presidente, por algum e qualquer motivo.
Num país minimamente cioso da isenção de seu sistema policial-judicial, toda esta turma já teria sido afastada, há muito tempo, por transformar o seu poder em perseguição política e na realização de seus desejos pessoais.
Agora, porém, a atitude do delegado, que já é absurda em qualquer tempo, assume ares de um tortura emocional contra alguém que está aos pés de um leito de UTI, com a companheira de décadas entre a vida e a morte, depois de um gravíssimo acidente vascular cerebral.
Um homem que age assim é pior, muito pior, do que as duas ou três sociopatas que foram fazer provocações à porta do Hospital Sírio Libanês. Porque  é o Estado quem lhe confiou uma missão, de agir com isenção e prudência. Em uma palavra, todos nós lhe confiamos um poder, que não pode ser exercido para a crueldade e a morbidez.
Com Lula, ou com qualquer outro dos que investigam (ou que não investigam, como Aécio Neves) isso é  vergonhoso, indigno, desumano e ilegal.
Mas é, sobretudo, revelador da desumanidade, do caráter cruel e insensível de um cidadão que, em lugar de cumprir suas obrigações funcionais, vai à mídia agredir as pessoas em situação de fragilidade.
O Doutor Igor não consegue nem ser um Javert e atirar-se ao Sena, num único gesto de humanidade.
Atira-se à lama, quando se presta ao papel de promover-se no momento de um drama pessoal.

Xadrez das eleições de 2018

Luis Nassif                                    

Peça 1 – os condicionantes dos novos tempos

O governo Temer é de demolição. Há uma incerteza sobre o seu tempo de permanência. Por isso, o grupo ataca o poder com a gana de uma harpia faminta. Criou-se um taxímetro nesse jogo. A cada entrega da mercadoria – desmonte do estado social – ganha-se mais algum tempo de vida e fecham-se os olhos para os assaltos do poder. Tudo a conta-gotas em cima de um presidente água, moldável como qualquer corpo líquido.
Pela absoluta impossibilidade de acenar com qualquer expectativa de futuro, em breve vai começar a disputa pela construção da próxima utopia, como pré-condição para as eleições de 2018.
Há um conjunto de enormes desafios a serem enfrentados e mudanças radicais no pensamento econômico e político estabelecido nos últimos anos.
Essas variáveis condicionarão o jogo político daqui para frente.

Variável  1 – o fim do ciclo do neoliberalismo e da globalização

O neoliberalismo acabou. Todo a catedral gótica erigida em cima de premissas neoliberalizantes está desmoronando. Primeiro, com a crise de 2008. Depois, com o ajuste fiscal cego que liquidou com milhões de empregos na Europa. Finalmente, com a política monetária norte-americana que, embora enviesada – ajudou os credores e não os devedores inadimplentes, como no New Deal  – impediu a repetição dos anos 30 sem provocar ondas inflacionárias.
Hoje em dia, há uma revisão ampla dos dogmas da globalização.
1.     O FMI identificando nas disparidades sociais (reduzindo o mercado de consumo) o principal problema da estagnação econômica global, após as ondas de inclusão nos países baleia – China, Índia, Brasil -  e na América Latina em geral que ajudaram a impulsionar o PIB global e a reduzir a miséria.
2.     O FMI tirando o estigma dos gastos públicos. Depois de décadas com a teoria econômica convencional minimizando os impactos dos gastos públicos no PIB e maximizando os impactos dos subsídios às empresas, em 2012 houve a revisão, colocando os conceitos no eixo: em períodos de desaquecimento, os gastos públicos cumprem papel essencial na recuperação da economia; e os subsídios, não.
3.     A revisão do sistema de metas inflacionárias, desmontando a ideia de que juros altos derrubam expectativas inflacionárias. Não só têm um custo excessivo, como desequilibra as contas públicas e aprecia o câmbio.
Brasil é um eterno retardatário dos movimentos globais. Levará algum tempo ainda para que esse revisionismo seja aceito pela chamada elite de boutique – que acompanha os modismos globais e que são o principal motor de influência sobre a cobertura midiática.

Variável 2 – o papel da Lava Jato no desmonte da indústria nacional

No início, se pensava que o fato de destruir empresas e setores – e não apenas penalizar os controladores e executivos – seria uma espécie de “custo Brasil” de ignorância econômica típica em atividades policiais descontroladas.
Nenhum país sério, a pretexto de combater a corrupção, destrói setores inteiros, especialmente em áreas chave. No mínimo, impõe multas pesadas; no máximo, condena e prende pessoas físicas. No limite, como nos Estados Unidos, o presidente da República tem o poder de conceder indulto integral, se a empresa for considerada estratégica.
Passados dois anos, não se tenha mais dúvida: a Lava Jato tem o objetivo claro de destruir setores da economia competitivos internacionalmente – como empreiteiras e a própria Petrobras – e setores estratégicos, como é o caso da indústria de defesa.
O desmonte está se dando até em áreas de ponta, como é o caso dos FIPs (Fundos de Investimento em Participação) uma tentativa tênue de emular o mercado de capitais norte-americano e reciclar a poupança financeira para os grandes projetos de infraestrutura. O Ministério Público, junto com a Previc, trabalha arduamente para desmoralizar e criminalizar o instituto do FIP.

Variável 3 – a impossibilidade de o mercado impor uma agenda politicamente viável

A cada dia que passa, fica claro que a agenda do mercado tem uma perna só, que não para em pé: o desmonte do Estado. Um dia a economia se estabiliza, mas à custa de tal nível de destruição de empresas, de emprego, de desmanche social, que significará um retrocesso de décadas.
Os jornais têm se esmerado em gerar expectativas positivas, acreditando sempre no papel da fé. Dia desses, o Valor deu uma primeira página exultante para o ex-presidente do Banco Central, Chico Lopes, pelo fato de ousar prever um crescimento do PIB de 1,4% em 2017 – absolutamente irrelevante, depois de queda de quase 8% no PIB nos dois últimos anos.
A cada dia que passa, vai ficando claro a diferença entre um governo trapalhão, como o de Dilma nos dois últimos anos, e um governo que trata a economia como a fome de quem sabe que terá pouco tempo para pilhar o Estado.
As velhas fórmulas de criar sonhos artificiais – o mito da lição de casa, a ideia de que o sofrimento é que purifica a alma – não resistirão à decepção com o fracasso das expectativas pós-impeachment, à falta de empatia de Michel Temer e à fome pantagruélica de seus aliados.
Há uma demanda reprimida por sonhos.

Variável 4 – a expansão do estado de exceção

O novo padrão de estado de exceção – defendido, entre outros, pelo Ministro Luís Roberto Barroso – está cobrando um preço caro em todos os quadrantes do país.
Na cúpula, Rodrigo Janot e Gilmar Mendes garantem a blindagem dos aliados. Aliás, é nítido o jogo de Janot:
·      Tem impedido a todo custo a delação de Leo Pinheiro, presidente da OAS, pelo fato de ter prometido provas de propinas nos governos Alckmin e Serra em São Paulo.
·      O inquérito sobre Aécio Neves avança a passos de cágado. Ora a culpa é de Gilmar Mendes, segundo Janot; hora a culpa é de Janot, segundo Gilmar. É uma tabelinha entre adversários.
Na hora em que forem homologadas as delações da Odebrecht, no entanto, será como carne fresca jogada em uma jaula de ariranhas famintas. Toda blindagem irá pelo ralo, junto com o que restar de disciplina na hierarquia do Judiciário e do Ministério Público. Afinal, como diz a propaganda do cursinho para juiz e procurador, “Seja Juiz ou Procurador: seja um herói”. E com 20% de desconto até 31 de janeiro!

Por todos os cantos do país haverá procuradores e juízes lutando acerbamente por seu momento de herói. E as oportunidades nascerão com a profusão de nomes e situações reveladas pelas delações.
Será um período duro, mas que acelerará a reação contra os abusos cometidos pelo Ministério Público, uma guerra para se devolver o país ao estado de direito – sem as liberalidades excessivas em relação aos crimes do colarinho branco, que caracterizaram historicamente a Justiça.
Aliás, quem quiser um aperitivo do que são esses tempos jacobinos, é só conferir o que aconteceu em Poços de Caldas. Um juiz de 1a instância, crítico do PSDB, criou um estado de terror na cidade, desarquivando uma investigação encerrada em torno de uma fantasiosa quadrilha que mataria pessoas para traficar seus órgãos. Com a adesão indulgente da mídia (tudo por uma manchete), mandou três médicos para a cadeia, perseguiu-os implacavelmente até dentro da cadeia, ignorou todos os laudos questionando as acusações. Acabou removido para outra comarca, sem que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tivesse coragem de se manifestar. E seu alvo era um deputado tucano.
Tenho insistido nas críticas a Barroso pela absoluta incapacidade de entender seu primarismo analítico. Como pode um jurista com sua reputação, não conseguir avaliar os efeitos multiplicadores do arbítrio por toda a estrutura do Judiciário, Ministério Público e Policia Federal? Ou endossar cegamente um plano fiscal recessivo, sem ao menos se debruçar sobre as discussões mundiais em torno do tema?
Ora, o Supremo tem por obrigação a visão sistêmica do país, os impactos de suas decisões não apenas sobre as contas públicas, mas sobre a estrutura repressiva, sobre o Judiciário, sobre o humor da opinião pública. Nenhum juiz – ainda mais um juiz da Suprema Corte – pode julgar corretamente se não tiver conhecimento amplo sobre todos os aspectos da vida nacional, a economia, o psicossocial, o aparelho judiciário e policial, as relações federativas.
O novo tempo exigirá um aggiornamento total do Ministério Público e do Judiciário, senão não haverá pacto político que se estabilize. Cada estamento burocrático exige um estadista, articulado com outros poderes, igualmente representados por lideranças de visão superior.
Se um dos mais preparados Ministros é tão superficial assim, qual a esperança que se pode depositar na Suprema Corte? O mesmo ocorre com o Ministério Público, com as lideranças referenciais engolfadas pelas chefias corporativas.
Tudo isso aumenta as responsabilidades do próximo presidente da República – seja quem for. Mal escolhido, dançará na primeira curva da estrada.

Peça 2 – os desafios do próximo presidente

O principal desafio do próximo presidente será recriar o sonho, tirar o país do baixo astral dos últimos anos.
Não será tarefa fácil.
Fernando Collor foi eleito presidente surfando nas ondas da liberalização de Margareth Thatcher e Ronald Reagan. Fernando Henrique nas ondas do Plano Real. Lula, nas ondas da sensibilidade social aguçada com o aumento da miséria.
E o próximo presidente? Não será tarefa trivial. Exigirá atacar em várias frentes simultâneas.

Frente 1 – o enfrentamento da crise

A economia vive uma situação excepcional. O futuro presidente terá que agir com pragmatismo, saber utilizar todos os instrumentos à mão para retomar o crescimento, sem nenhum part-pris ideológico. Terá que implementar uma ampla política destinada a cortar a inadimplência circular que tomou conta da economia.

Frente 2 – a política econômica

Terá que saber casar políticas sociais inclusivas com políticas industriais desenvolvimentistas e com instrumentos de mobilização da poupança através do mercado de capitais. Não há mais espaço para gestões simplificadores da economia, ou tentando controlar todos os passos dos agentes econômicos, ou deixando tudo à mercê do mercado.

Frente 3 – a restauração do Ministério Público

O Ministério Público foi criado para ser o guardião da Constituição e dos direitos difusos. Tornou-se uma máquina descontrolada. A restauração implicará um trabalho político delicado, de aproximação com os grupos mais profissionais que ajudem a restabelecer os princípios originais, que viraram pó com a Lava Jato.

Frente 4 – a recriação do sonho

O Brasil se transformou em uma nação cinza, triste, partida ao meio, preso a ódios e idiossincrasias. O mesmo país que, em outros tempos, explodia vitalidade e esperança, que tinha o orgulho de ser brasileiro, hoje em dia está prostrado por dez anos de campanha negativa da mídia, e alguns anos de erros na condução da economia.

Peça 3 - Os protagonistas

Pela esquerda, tem Lula, apenas Lula. É muita responsabilidade em cima de uma pessoa só.
Pela direita, ninguém conseguiu até agora formular um projeto de país minimamente viável, à altura de construtores de país como Roberto Campos, Otávio Gouvêa de Bulhões, Dias Leite e Eliezer Batista.
A economia passa pela maior estiagem da história, com meros decoradores de manual incapazes de elaborar propostas minimamente adequadas para vencer a crise. Trabalham para prever os juros e o PIB e apenas isso.
No Judiciário, a disputa por protagonismo se dá no âmbito da mídia e das redes sociais, na capacidade de formular slogans de senso comum.
Vamos acompanhar porque no vácuo não fica. Essa busca do sonho em breve apontará outros protagonistas.