quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

O recado da bancada de senadores do Nordeste a Bolsonaro

"Se os senadores de estados do Nordeste se unirem, aqui nada passa se ele [presidente] não tratar de forma madura a relação"...
Senadores do Nordeste ouvidos pelo blog relatam que esperam do governo Bolsonaro maturidade no trato com o Congresso, respeitando tanto governistas quanto oposição. O temor é que em tempo de vacas magras e recuperação lenta da economia o Palácio do Planalto possa retaliar governadores não alinhados à cartilha ideológica que o novo governo busca imprimir.   |||   A campanha já terminou, é hora de o presidente descer do palanque e iniciar o diálogo com o parlamento”, avalia um dos congressistas.  É que, numa casa com 81 senadores, o peso do número de votos do Nordeste é alto: os 9 estados da região somam 27 senadores. Para se aprovar, por exemplo, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) no Senado, o governo precisa de no mínimo 54 votos: 81 – 27 = 54.  Logo, se os senadores de estados do Nordeste se unirem, aqui não passa nada se ele não tratar de forma madura a relação”. O recado foi enviado esta semana por senadores a comensais do novo governo.

'Partido da PF' tem ‘banco de grampos’ e vaza áudio de Renan, na véspera de eleição para o Senado 


FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO  


Claro que foi mera coincidência, não é?  Na véspera da eleição para a presidência do Senado “vazam” na Folha gravações feitas há mais de quatro anos – quando, ao que se saiba, ainda não havia investigação sobre a JBS – entre o senador Renan Calheiros e Ricardo Saud, diretor e lobista de Joesley Batista.  Insinuações e arranjos, dada a natureza dos interlocutores, claro que há, mas não a indicação concreta de algum negócio direto entre ambos.   |||   Não se sabe por que, menciona-se uma “comemoração” da eleição de Dilma, quando todos sabem que foi Aécio Neves quem reecebeu dinheiro da JBS antes, durante e muito depois da eleição, em malas, não em falas. Tanto é que a própria reportgem da Folha admite que ela nomeou Kátia Abreu, que  sofria “resistência de Joesley Batista” e que não prosperou a indicação de quem queriam para a chefia do Ministério da Agricultura.   |||   Não se sabe se a gravação tinha autorização judicial e muito menos porque permaneceu “na gaveta” por mais de quatro anos.  O que se sabe é que isso sugere a existência de “dossiês” policiais a serem usados conforme as conveniências políticas.  Os arapongas formaram mesmo um partido político.  Até porque agora seu chefe supremo, ministro da Justiça,  é o 'vazador-mor' da República, desde os 'bons tempos' de Curitiba....


Marco Aurélio, do STF, vai negar  foro  privilegiado
para  Flávio  Bolsonaro
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No BR/18

O ministro do STF, Marco Aurélio Mello, vai rejeitar o pedido apresentado pelo senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), em que requer foro privilegiado nas investigações sobre movimentações financeiras atípicas identificadas pelo Coaf, informa o Broadcast Político.   |||   “Os precedentes do meu gabinete deixam claro meu pensamento em relação a casos como este. Além disso, o Supremo tem uma jurisprudência amplamente pacificada em relação a este assunto: a prerrogativa de foro vale para o exercício do mandato e a atos ligados ao mandato”, afirmou Marco Aurélio, acrescentando que Flávio “não deveria ter sequer o direito de ser julgado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro”, uma vez que seu mandato de deputado estadual também se encerra nesta quinta-feira(31).

Caso Vavá:  Toffoli agiu com correção  e sua  decisão  foi ponderada para nossos dias
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EUGÊNIO ARAGÃO(*), no DCM
Juízos rápidos são inevitáveis nas redes sociais. As pessoas se indignam com facilidade e em tempo real. Mal dá tempo para  reflexão e os julgamentos tortos sobre semelhantes abundam. Dificilmente a leitura expressa de mensagens e blogs abre espaço à empatia. O resultado é a proliferação de sabichões virtuais, cheios de razão e embevecidos de sua superioridade moral.   |||   Os dois dias que se passaram foram – mais uma vez – sofridos para quem tem um mínimo de bom senso e discernimento sobre a tragédia que está a ocorrer no país: com o Sr. Moro aboletado na cadeira de ministro da justiça, os órgãos da repressão penal se articularam para impedir ao Presidente Lula o exercício do mais elementar direito de sepultar um familiar, um ente querido. A crueldade faria até Sófocles corar – a sacralidade do direito ao sepultamento foi por ele dramaticamente encenada em Antígona, peça teatral que remonta ao quinto século antes de Cristo.   |||   Mas não se espere dos boçais que pornograficamente governam este país que conheçam ou se lembrem de Antígona. Se o Sr. Moro, ainda como juiz de piso, na sua obsessão por Lula, interrompeu até suas férias para, sem jurisdição, maquinar contra o cumprimento de uma decisão liberatória de 2° grau que o favorecia, imaginem o que o energúmeno não é capaz de fazer, como ministro de estado, para aumentar o sofrimento daquele que elegeu como alvo de suas frustrações.   |||   Alguém duvida de que o vaidoso ex-magistrado possa ter futricado com a juíza Lebbos, o procurador Deltan e o Superintendente da PF local, sob seu comando, para inviabilizar a saída de Lula para enterrar seu irmão? Eu não. Prevaricação, nesse espaço, virou rotina, quando agentes públicos elegeram um inimigo para perseguir aos olhos da população, esforçados por destruir sua reputação.   |||   Foi aí que entrou o Ministro Dias Toffoli, escolhido pelas redes sociais para ser o bode expiatório da vez. Culparam-no de, após provocado pela defesa numa reclamação contra o indeferimento do pedido de liberação provisória de Lula para o sepultamento de seu irmão Vavá, ter demorado para decidir e, com isso, inviabilizado a participação no velório e no enterro; criticaram-no de ter condicionado o deferimento a que o corpo fosse trasladado para uma unidade militar, onde pudesse ser visitado por Lula e seus familiares com exclusão do público e, também, da imprensa.   |||   Em tempos de máxima polarização política, há os que entenderam que o Ministro Toffoli fez de menos, mas há, igualmente, os que pretenderam que ele fez demais. Em setores governistas e militares, dizem, houve vozes críticas que apontaram para o suposto desperdício de recursos públicos com a logística que a operação de transporte e escolta de Lula implicaria. Houve, até, um desalmado jornalista que nem merece esse título que sugeriu que a dor de Lula seria fingida, pois não teria, ele, mostrado igual empenho em participar de sepultamento de entes queridos quando estava livre. A idiotice mentirosa foi até espalhada pela rede pelo clã Bolsonaro.   |||   Em tempos normais, o passamento e o enterro de Vavá faria um noticiário mais comedido e a participação de Lula nos atos de homenagem póstuma seria comentada de modo a causar compaixão e solidariedade – como se espera que Mamãe tenha ensinado a meninos e meninas “de bem”. É o que caberia fazer numa hora dessas: the right thing to do.   |||   Mas vivemos momentos estranhos em que uma ministra de direitos humanos, sem conhecimento de causa, atribui “aos holandeses”, tout court, masturbar seus bebês e em que um chanceler doidivana afirma publicamente que a mudança climática é uma 'conspiração marxista'. O espaço público virou uma sopa de letras sem sentido real e, também, os sentimentos mais nobres deixaram de ter qualquer significado. Nem a dor da perda de um irmão comove. Há um inegável embrutecimento do senso comum.   |||  Diante do drama vivido pela politização judicial do sentimento de Lula, sua defesa recorreu à Corte Suprema do país. Nada mais normal! Mas o pedido deu entrada já tarde à noite, quando o velório de Vavá já estava acontecendo.   |||   A razão da demora do pedido está na embromação promovida na instância de piso. A juíza Lebbos, ao receber a primeira provocação judicial, ante o corpo mole do superintendente da PF em Curitiba, deu um prazo de vinte e quatro horas para a PF e o MPF se manifestarem. Vinte e quatro horas, com o óbito já consumado, nestas terras tropicais, é um prazo que, por si só, inviabilizaria qualquer participação de Lula nas exéquias do irmão. Não haveria como atrasar o sepultamento do corpo só para atender ao capricho burocrático da jovem magistrada. O prazo de validade de um corpo insepulto nas bandas de cá do equador não alcança esse período todo.   |||   A polícia respondeu com cinco horas do prazo fluido e, o MPF, após oito horas do despacho da juíza. Os motivos alegados para sugerir o indeferimento do pedido da defesa de Lula foram risíveis, a ponto de o Sr. Dallagnol e sua trupe sugerirem que a participação de Lula no enterro atrapalharia os trabalhos de atendimento às vítimas da catástrofe de Brumadinho. Enfim, confirma-se: a sopa de letras dominou o espaço público. Dallagnol é a prova viva disso.   |||   No meio do rebuliço, a juíza Lebbos decidiu o pedido lá para as 11 da noite. E, claro, o indeferiu. Como assim? Deu uma de Creonte, em Antígona! Negou o sagrado direito às exéquias.   |||   Neste momento, impetrou-se habeas corpus ao TRF da 4ª Região, sim, aquele mesmo que julgou a apelação de Lula a toque de caixa sem enfrentar as razões da defesa e proferiu, na ocasião, sabuja laudatória ao Sr. Moro. Ali, o desembargador Paulsen também fez o que era previsível. Como diria o Barão de Itararé, de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Deu razão à Sra. Lebbos. Sono tutti buona gente!   |||   Restou, pois, o STF, já depois da meia-noite, para onde se aviou a reclamação. É razoável se admitir que o gabinete da presidência estava fechado e seus servidores gozando do merecido sono dos justos. No serviço público existe expediente e ele costuma se encerrar às 18:00 horas. Em gabinetes não tem hora para terminar, mas costuma se estender até lá para as 22:00 horas. Gabinete de ministro não é farmácia para ficar aberto vinte e quatro horas.   |||   Na primeira hora da manhã, entretanto, lá para as 07:30 horas, este que aqui lhes escreve telefonou para o assessor-chefe do Ministro Toffoli pedindo as desculpas de estilo por estar ligando tão cedo. Foi atendido com presteza e imediatamente se pôs a se comunicar com o Presidente do STF. Durante toda a manhã seguiu-se o contato para instruir o pedido com a urgência que o caso reconhecidamente estava a merecer.   |||   O ministro ficou o tempo todo acompanhando o trâmite e deu sua decisão quando se encontrava habilitado para tanto. Não enrolou como a juíza de piso, não fez corpo mole. A assessoria mostrou empenho em resolver de modo a garantir decisão em tempo hábil. Esta estava pronta às 11:30 horas, com o enterro marcado para as 13:00.   |||  Justiça seja feita: não dava para ser mais rápido. Depois, houve natural trâmite para o registro e a comunicação processual. Foi lamentável, mas não se conseguiu garantir o traslado do Presidente Lula a ponto de poder participar das homenagens póstumas.   Os culpados, porém, devem ser procurados em Curitiba e em Porto Alegre, com a atuação concertada do ministro da justiça. Mas não é justo, neste episódio, apontar para o STF.   |||   A decisão do Ministro Toffoli foi ponderada para os dias em que vivemos. De certo, há quem critique, com boas razões, a condição de se fazer o velório em unidade militar ou de permitir que Lula pudesse ter um momento de convívio com os familiares, mesmo sem o corpo presente. Mas é bom, neste momento, se colocar no lugar do Presidente do STF.   |||   É sabido que o irmão de Lula, Vavá, tinha sua luz própria e era pessoa muito querida e popular em São Bernardo do Campo. É inevitável que o velório e o enterro, por si só, causariam grande aglomeração de pessoas. Esta seria ainda infinitamente maior com a presença do Presidente Lula. Garantir a ordem pública e até sua segurança pessoal num contexto desses demandaria logística complexa. Competia ao Ministro Toffoli desfazer o argumento da juíza de piso de que não havia condições técnicas. A solução que foi dada é prova clara da má vontade da jovem magistrada.   |||   O que é errado – sem dúvida – é o Presidente Lula estar preso. A injustiça dessa pena que cumpre sem trânsito em julgado da condenação em função de uma sentença politiqueira, proferida por quem não tinha a mínima isenção para tanto, clama aos céus. Mas o que estava em questão, no pedido dirigido ao Ministro Toffoli, não era o teor do pífio julgado do Sr. Moro, confirmado por três desembargadores amigos do juiz de piso, com bons tapinhas nas costas deste; era o traslado de Lula a São Bernardo do Campo para comparecer ao velório e enterro de Vavá, negado de forma insolente pela justiça federal em Curitiba e Porto Alegre – apenas isto.   |||   O Ministro Toffoli se compadeceu sinceramente com o sofrimento de Lula, posso afirmar sem errar. Trata-se, indiscutivelmente, de um momento de muita dor para quem está a sofrer enorme injustiça. E a atuação expedita da equipe do STF não deixa margem a dúvida sobre a seriedade de propósitos.   |||   A decisão do Presidente do STF teve, ademais, o mérito de declarar com todas as letras que a atuação das instâncias inferiores no episódio foi ilegal, pois contra as decisões respectivas foi concedida ordem de habeas corpus de ofício. Isso terá mui provavelmente consequência ulterior, porque, com base nessa constatação, não se pode excluir a responsabilização disciplinar e cível de quem deu causa à violação do elementar direito de Lula.   |||   O julgamento precipitado do Ministro Toffoli não favorece em nada a clareza que se deve ter sobre quem realmente protagonizou este episódio vergonhoso, mais um que maculará, para a posteridade, a imagem do judiciário brasileiro, como instituição dominada pelo ódio político e mesquinhos interesses de classe.   |||   Os culpados têm nome e endereço. A maioria mora no sul do Brasil. Mas Toffoli, nesse caso, agiu com correção, ainda que lamentavelmente não pôde, diante do pouco tempo de que dispunha, impedir que se consumasse mais esta peça ignóbil pregada contra a dignidade do Presidente Lula, já assaz ferida. Por justiça, é importante dizer e reconhecer isso.
(*) Eugênio Aragão, vice-procurado geral da República aposentado, foi ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019


Autorizado em cima da hora pelo  STF,  Lula  decide  não  se  encontrar com familiares após perder velório do irmão 
No  ESTADÃO, via DCM
O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não irá a São Bernardo do Campo para se encontrar com familiares após o enterro de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá. O próprio ex-presidente teria comunicado seus advogados após tomar conhecimento de que seu irmão já tinha sido enterrado.   |||   O presidente Lula gostaria de participar do enterro e se despedir do seu querido irmão. É claro que ele também quer se encontrar com a família, mas para isso vai ter outra oportunidade”, disse Okamotto.   |||   A decisão do ministro dias Toffoli , em cima da hora do enterro em São Bernardo do Campo(SP), assegurava a possibilidade de que o corpo do seu irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá, fosse deslocado para uma unidade militar, destacando que “prestar a assistência ao preso é um dever indeclinável do Estado”. Vavá, no entanto, foi sepultado minutos depois, às 13 horas desta quarta-feira(30).

PF nega a Lula ida ao enterro  do irmão(garantida por lei). O ódio não tem limites


FERNANDO  BRITO, NO TIJOLAÇO


A crueldade virou política de Estado.  A Polícia Federal manifestou-se contra a ida de Lula ao enterro do irmão Genival Inácio da Silva, o 'Vavá'(79), amanhã, em São Paulo.   |||   A PF alegou que não tem homens para a escolta e, segundo a Folha de S. Paulo, que seu helicóptero “está em Brumadinho”, o que ninguém viu, é claro.   |||   O PT ofereceu-se para fretar um avião para levar Lula e seus vigias. Inútil. Quando Lula esteve preso durante a ditadura, permitiram que ele fosse ao enterro da mãe, D. Lindu.  Seu carcereiro era Romeu Tuma. Os de hoje são piores.   |||   Formou-se um aglomerado, cheio de togas e distintivos, de psicopatas, de gente que não tem sentimentos de humanidade.   |||   Quem pode duvidar que o superchefe da Polícia Federal, Sérgio Moro, não tenha orientado essa monstruosidade, contra o que é direito expresso na lei, o de o apenado estar presente no sepultamento de parentes diretos?   |||   Polícia e Justiça tornaram-se centros de maldade.  Cercados por outro bando de psicopatas, urrando, a comemorar o mal, num frenesi de deformados mentais que vemos hoje nas redes.



terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Piora  do  Brasil  no  ranking  de corrupção  da  Transparência Internacional  é derrota de  Moro
Moro, Bolsonaro e amigos no ex-'Aero Lula', atual  'Aero Bozo'
KIKO NOGUEIRA, no DCM

edição de 2018 do Índice de Percepção da Corrupção, em que o Brasil manteve a queda na avaliação (35 pontos em 100) e no ranking (105º entre 180 nações), é uma derrota de Sergio Moro.   Quase dez anos após o início da 'Lava Jato', o protagonista da operação virou ministro de um governo coalhado de ladrões e o Brasil segue mais corrupto que nunca — e quebrado.   |||   Moro meteu-se agora numa fria ao aceitar, de olho numa vaga para o STF, fazer parte da festa indigesta da maneira que conhecemos — pondo em cana o favorito das pesquisas.  O empresário Ricardo Semler cantou a bola num artigo em 2014. “Nunca se roubou tão pouco”, escreveu, quando alardeavam que viraríamos a Dinamarca.  Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia.”   |||   O índice brasileiro foi o pior desde 2012, quando começou a vigorar a atual metodologia do estudo.  Estamos empatados com Argélia, Armênia, Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Peru, Timor Leste e Zâmbia. A supracitada Dinamarca, para variar, ficou em primeiro lugar.  Ouvido pelo repórter Fausto Macedo, do Estadão, que lhe escreveu uma carta de fã(AQUI) no início do ano, o ex-juiz vendeu o peixe de que “o governo federal precisa liderar o processo de mudança contra a corrupção e por maior integridade na vida pública.”   |||   Segundo Sérgio Moro, “em fevereiro será apresentado ao Congresso um projeto de lei anticrime, com foco em medidas contra a corrupção, crime organizado e crime violento. Se aprovado o projeto, além do impacto real na vida das pessoas, também mudará a percepção do mundo em relação à corrupção no Brasil”.   |||   Em Davos, Moro defendeu uma solução inspirada no Uber.  Eu estava pensando em algo similar. Você ter talvez uma plataforma digital em que corporações vão para essa plataforma e dizem ‘estamos disponíveis para cooperação na aplicação da lei em todo o mundo’, não necessariamente você precisa de uma cooperação pelo nosso governo”, disse, em inglês.  Blablablá. Na verdade, ele não sabe para onde correr (Coaf, coaf).   |||   O objetivo da 'Lava Jato' era exterminar Lula e o PT da vida pública, não a roubalheira. Estão aí Queiroz e os milicianos ligados aos Bolsonaros como resultado.  O resto é conversa pra boi dormir.

As  prisões (espetaculosas)

da Vale e as perguntas ainda

sem resposta



FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO

Dois engenheiros – Makoto Namba e André Yum Yassuda – da empresa alemã Tüv Süd e três funcionários da Vale estão presos desde a manhã de hoje.  Corretíssimo se há indícios de  crime  na elaboração dos laudos que atestavam a segurança da barragem rompida em Sobradinho.   |||   Nada retira a responsabilidade pessoal de quem atesta algo.  Mas, neste caso, é preciso haver indicações de que os laudos foram comprados ou elaborados com negligência ou má fé. E nada sobre isso veio à tona, até agora.   |||   A não ser por algo muito grosseiro nos papéis do estudo, o tempo parece muito curto para concluir-se que houve desídia técnica.  E, se houve corrupção, claro está que não foram “bagrinhos” da mineradora que a autorizaram nem a pagaram.  Tudo tem cheiro de espetáculo do tipo “acabamos com a impunidade”.   |||   É preciso esperar para ver e que sejam esclarecidos os elementos que levaram às prisões, porque não há motivo algum para que sejam mantidos em sigilo.  É evidente que ninguém pode ficar impune se elaborar laudos de resultados encomendados ou falsificá-los para “não perder o cliente”.   |||   Mas essas prisões, até agora, têm cara de “condução coercitiva”(do tipo 'Lava Jato').

A tragédia neoliberal (produzida por FHC) em Brumadinho

ANDRÉ ARAÚJO, no JORNAL/GGN

Os fanáticos(e entreguistas) neoliberais só veem vantagens em qualquer privatização. A máxima de uma empresa privada consagrada pela segunda onda do capitalismo é MAXIMIZAR O VALOR PARA O ACIONISTA. Dento dessa lógica a ferramenta central é a redução de custos dos fatores de produção, a redução de custos está por trás da recente tragédia do rompimento da represa de Brumadinho.  |||   Nem sempre foi assim. O capitalismo imperial nascido na Inglaterra na virada do Seculo XVIII para o XIX tinha uma lógica de poder ligado à visão civilizatória de mundo que vinha do "ethos" britânico. Os ingleses espalharam pelo mundo suas ferrovias, plantações, docas (até o porto de Manaus era inglês). Junto com o investimento vinha um estilo, uma postura de orgulho da civilização inglesa espalhada pelos territórios primitivos.   |||   As obras de engenheiros britânicos eram de extraordinária qualidade como as represas que deram energia a São Paulo, a Gurapiranga e a Billings, sem um único acidente em mais de um século, a ferrovia da Serra do Mar de São Paulo a Santos, a maior do mundo em cremalheira em um declive impossível, linhas de navegação, serviços de águas, companhias de bondes, gás e eletricidade. Pelo caminho abriam mercado para os produtos da crescente indústria inglesa. Era uma visão de conquistadores mais do que de contadores. Cecil Rhodes criou um país e o Império britânico dominava 1/4 da superfície terrestre.   |||   O atual capitalismo de matiz americanizada tem uma lógica mais estreita ligada ao valor das ações na bolsa, não há interesse na glória de um império, por isso veem como normal vender uma empresa símbolo como a MONSANTO, ícone de St.Louis para os alemães da Bayer. O negócio foi bom para os acionistas da Monsanto e isso é a única coisa que interessa. O orgulho americano e os 14.000 empregos cortados nos EUA não valem nada.   |||   O estouro das represas da VALE se insere nessa lógica. É óbvio, evidente, cristalino, que o desastre nasceu da INSUFICIÊNCIA da barragem de contenção dos rejeitos. Não houve trovão, tempestade ou terremoto para culpar. A pressão do material contido foi maior do que a resistência da barragem e essa só rompeu porque o muro deveria ser maior e mais espesso, o que custa mais investimento e MENOS VALOR PARA O ACIONISTA. É simples assim.   |||   Técnicas de barragem são conhecidas desde os sumérios e assirios, há 10 mil anos. O cálculo é perfeitamente possível, o animal castor constrói barragens que não se rompem, os romanos e árabes construíram barragens precisas, as grandes hidroelétricas brasileiras têm barragens monumentais e seguras.  Hoje, o executivo é treinado para economizar no CURTO PRAZO, mesmo com o risco de prejuízos no longo prazo. Mas aí o executivo pode ser outro.  Toda a bússola da administração de uma EMPRESA DE MERCADO está no valor das ações. Essa é a religião dos administradores. Não há nenhum valor social, humanitário, patriótico no código dos rapazes com MBA, são mentes estreitas, focadas em um só objetivo.   |||   Citemos um exemplo: a ELETROPAULO. Em seu tempo de estatal, a falta de energia durava 1, 2 ou 3 horas, quando havia. Hoje leva no minimo 10 horas e há muitos casos de falta de energia por mais de 24 horas ou até 4 dias. Qual a explicação? Para maximizar o lucro, e portanto o VALOR PARA O ACIONISTA, desmontou-se todo o valioso sistema de manutenção das redes, que vinha da antiga companhia São Paulo Tramway, Light and Power, de espírito inglês. Os funcionários tinham orgulho do uniforme LIGHT, orgulho que continuou na ELETROPAULO, estatal que tinha 27.000 empregados, número compatível com a extensão da concessão, uma das maiores do mundo, atendia a Grande São Paulo com 20 milhões de habitantes. Depois de privatizada o número de empregados caiu para pouco mais de 3.000, a manutenção foi terceirizada para quem cobrasse o menor preço. Obviamente que, nesse esquema, a qualidade dos funcionários caiu de 100 para 5, o serviço ficou péssimo, tudo em função de criar o MAIOR VALOR PARA O ACIONISTA.   |||  Enquanto isso os Sardenbegs & Tecos da mídia só veem vantagem nas privatizações, continuam alardeando que o Brasil tem 400 estatais, 'nenhum Pais tem tantas etc etc', o que é PURA LENDA. Os Estados Unidos tem estatais em numero de 8.600 mas com outro nome, são entes públicos que cuidam de águas e esgotos, aeroportos, portos, transportes coletivos nas cidades, usinas hidroelétricas, rodovias pedagiadas. O FORMATO LEGAL é de ente público mas têm a mesma função de estatais no Brasil. Aqui é SABESP, lá é NEW YORK WATER DEPARTMENT, mas fazem exatamente a mesma coisa, fornecem água, emitem fatura casa a casa, tem reservatórios, consertam as tubulações na rua, só que nos EUA não tem o nome de ESTATAIS, aqui seriam estatais.   |||   Nos Estados Unidos,  são raríssimos os aeroportos privados; no Brasil, os maiores já são privatizados. Lá, as rodovias com pedágio são do Estado e não de companhias como a CCR, os transportes coletivos são das Prefeituras, as represas e usinas hidroelétricas são Federais, os portos são estaduais. Os EUA, matriz do capitalismo neoliberal, NEM COGITAM DE PRIVATIZAR aeroportos, serviços de água, portos, ônibus e metrô, REALIDADE QUE OS NEOLIBERAIS BRASILEIROS ESCONDEM.   Por que os americanos não pensam em privatizar? Porque eles sabem que certos serviços públicos devem ter como prioridade o atendimento ao interesse publico e não o MÁXIMO VALOR AO ACIONISTA, certos serviços não se prestam a ser financeirizados.   |||   A Companhia Vale do Rio Doce tem origem no governo Arthur Bernardes e foi estatal por 60 anos. NÃO HOUVE ROMPIMENTO DE REPRESA nesse período. A Companhia tinha um viés de interesse público e era assim dirigida por engenheiros com foco no Pais e não na Bolsa de Nova York.  A privatização da VALE foi um banquete da especulação financeira, os grupos mais piratas do Brasil se sentaram à mesa para trinchar o porco e ninguém estava minimamente interessado em produção e País. O único que queria disputar(e era do ramo), Antonio Ermirio de Moraes, foi posto para fora do leilão.   |||   Conclusão: hoje a VALE é uma empresa de financistas, sua única lógica é a de mercado de ações, é dirigida por financistas desde a privatização.  E ainda o novo governo tem como bandeira AFROUXAR OS CONTROLES AMBIENTAIS para estimular a mineração na Amazônia.  Na verdade as BARRAGENS DE CONTENÇÃO DE REJEITOS deveriam ter regras de RECUPERAÇÃO DE SOLO para evitar que nas áreas de mineração só fiquem crateras lunares, as áreas deveriam ser replantadas para uso ao menos recreativo, é assim que fazem países civilizados, como o Canada.   |||   A mineração no Brasil rende dólares hoje, mas deixa para trás uma ruína ambiental muitas vezes maior do que o que o Brasil ganhou com a exportação de minério barato. Qual a vantagem para o povo brasileiro? Mineração desse estilo é para países primitivos, o Brasil deveria ter outro rumo para seu futuro.  Por ironia da História, o desastre se dá exatamente no início de um governo que tem como uma de suas bandeiras RELAXAR a fiscalização ambiental que já é quase nula no Brasil. Hoje, no espasmo do desastre, se verifica que só 3% das barragens brasileiras foram fiscalizadas nos últimos dois anos.  |||  País que não liga para dano ambiental é primitivo, incivilizado. Essa atitude é indigna do Brasil moderno e com pretensões de 'primeiro mundo'.


Lobista da Vale que atua no governo Bolsonaro retirou de MP itens para segurança nas barragens

Relator do Código de Mineração, Leonardo Quintão (MDB/MG) elaborou a proposta apresentada no Congresso no escritório de advocacia Pinheiro Neto, que tem como clientes mineradoras como a Vale e a BHP. Sem se reeleger, ele passou a atuar com Onyx Lorenzoni (DEM/RS), na Casa Civil...


Principal nome da bancada da mineração, o deputado Leonardo Quintão (MDB/MG), retirou dois dispositivos da medida provisória (MP) que criou a Agência Nacional de Mineração  destinados a aumentar a fiscalização da barragem de rejeitos, como a de Brumadinho, que rompeu na última sexta-feira (25), causando 65 mortes até a última contagem, na noite dessa segunda-feira (28).   |||   O governo propôs na época que o novo órgão pudesse credenciar empresas e técnicos a emitirem laudos sobre a segurança e estabilidade das barragens, como forma de contornar a falta de pessoal e verbas para fiscalização, e a criação de uma taxa que financiaria as atividades da agência e que teria, entre suas atribuições, custear vistorias técnicas presenciais nos diques.   |||   Financiado por empresas do setor de mineração, Quintão não foi reeleito, mas já atua como articulador do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM/RS), no Senado e será oficializado a partir de fevereiro secretário especial do governo Jair Bolsonaro (PSL/RJ).   |||  Relator do Código de Mineração, Quintão teve mais de 40% da sua campanha em 2014 financiada por empresas de mineração e elaborou a proposta apresentada no Congresso no escritório de advocacia Pinheiro Neto, que tem como clientes mineradoras como a Vale e a BHP.   |||   O novo código criou a Agência Nacional de Mineração. Segundo reportagem do Valor Econômico, a autorização para que a futura agência pudesse credenciar pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para expedição de laudos, pareceres ou relatórios que demonstrem o cumprimento dos requisitos e das exigências para mineração, “inclusive quanto a segurança e a estabilidade de barragens de mineração”, desapareceu da MP.   |||   O relator retirou ainda as referências a fiscalização das barragens e fechamento de minas. Dois anos após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), a MP teve removidas todas as citações à fiscalização dessas construções.
Leia a reportagem completa no Valor Econômico, AQUI.

Ministro confirma que militares
brasileiros foram excluídos
de ação em Brumadinho
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
Este blog  botou(AQUI) o dedo na ferida: por que não se via militares brasileiros atuando no resgate de pessoas – ainda que apenas corpos –  no desastre da barragem da Vale em Brumadinho?   |||   Pergunta que só depois ocorreu à imprensa fazer e o Estadão a fez ao Ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, que respondeu candidamente que os “Militares não estão na linha de frente(AQUI) porque governo de MG não solicitou“.  Reproduzo, literalmente, o título pelo escândalo que representa.   |||   O governador de Minas teria pedido, disse ele, que os militares não entrassem porque “a área é restrita, sensível e que há pouco espaço para manobra”.  General, sinceramente, conte outra, por favor. Ainda que Zema, por absurdo que se admita, tenha dito isto, caberia ao senhor propor uma organização que permitisse ter o máximo de socorristas atuando, em especial nas primeiras horas, quando são maiores as chances de resgate com vida.   |||   O trecho atingido pela lama tem pelo menos 10 km de extensão e centenas de metros de largura. Não se tratava apenas de definir uma área para receber a ação militar para que não houvesse “bateção de cabeça”?  Um, dois, meia dúzia de pessoas ou de corpos resgatados para serem devolvidos às famílias já teria valido a pena.   |||   As Forças Armadas têm unidades de elite especializadas em socorro, a mais conhecida delas o Parasar, da FAB (para, de paraquedistas, e sar, de “search and rescue”, busca e salvamento, em inglês).   |||   É óbvio que governador nenhum iria recusar essas tropas, como não iria recusar simples soldados que ajudassem, no mínimo, a ajudar numa eventual necessidade de evacuar a cidade, como aconteceu ontem, no alarme de rompimento iminente de uma segunda barragem. O que a gente via eram ruas vazias, sem homens que orientassem as pessoas, acordadas no fim da madrugada, sobre para onde deveriam ir.   |||   Diante disso, não é nenhum delírio pensar que os militares brasileiros ficaram na retaguarda para dar destaque ao socorro de militares israelenses – muito bem vindos, é certo  – que certamente não foi o governador de Minas quem pediu, mas Jair Bolsonaro.  É inacreditável que os militares brasileiros sejam submetidos ao papel de “fantasmas-propaganda” de politicagem com Israel num desastre dessas dimensões.



Brumadinho e o surreal desprezo de Bolsonaro, capacho de Israel, pela tecnologia militar brasileira


LUÍS NASSIF, no JORNAL/GGN 

No desastre de Brumadinho, o inacreditável presidente da República, Jair Bolsonaro, o que bate continência até para assessor de governo norte-americano, esqueceu totalmente do papel das Forças Armadas brasileiras nos trabalhos. Preferiu tornar-se garoto-propaganda da tecnologia israelense. Aliás, a afoiteza com que seu filho Flávio e o governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, anunciaram a ida a Israel para comprar equipamentos de segurança, mal terminadas as eleições, pode ser um indicativo dessa paixão incontida.   |||   O Brasil tem uma ampla experiência em defesa civil, aprimorada nas inundações de Santa Catarina e de São Paulo, e na tragédia de Teresópolis. E tem tecnologia militar. As Forças Armadas brasileiras estavam disponíveis. Mas ficaram sem função porque Bolsonaro transferiu para o governador mineiro Romeu Zema acionar ou não sua ajuda. E Zema é um completo jejuno como administrador público. Todas as loas foram prestadas às Forças Armadas de Israel.   |||   Aprendi a admirar a tecnologia militar ainda nos anos 80, quando teve início o programa da Marinha de enriquecimento de urânio.  O governo Ernesto Geisel tinha embarcado na conversa do Acordo Nuclear com a Alemanha. Por ele, caberia ao Brasil financiar inteiramente um processo experimental de enriquecimento de urânio, o jett nozzle. O sistema ainda não tinha comprovação de viabilidade comercial e jamais viria a ter.   |||   Quando se percebeu sua inviabilidade, houve uma forte disputa entre diversos setores, pela paternidade do seu sucessor. Os físicos da USP, liderados por José Goldenberg, faziam ataques ferozes ao Acordo Nuclear, através da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). E ofereciam a alternativa da água pesada, adotada pela Argentina. A Aeronáutica defendia o enriquecimento através de um sistema de laser.   |||   Coube à Marinha apresentar a alternativa vitoriosa, o do enriquecimento através das ultra centrífugas.  Na época, regime militar ainda, começou a ser montada uma cadeia de fornecedores de tecnologia militar, desde aços finos até armamentos, períodos em que se sobressaiu a incrível Avibras e as fábricas de blindados.  Durante décadas, contando sempre com recursos orçamentários escassos, a Marinha logrou desenvolver uma tecnologia avançadíssima e penetrou no universo fechado dos fornecedores de urânio enriquecido. Talvez tenha sido o maior feito tecnológico brasileiro.  Mas a tecnologia militar não parou aí.   |||   Ainda no início dos anos 80, o grande Bernardo Kucinsky escreveu uma série de reportagens para  The Guardian, sobre a possível venda de plutônio brasileiro ao Iraque. O Paulo Andreolli, jovem repórter do Estadão, foi atrás das dicas e publicou reportagens sobre o tema, descrevendo aviões saindo de São José dos Campos para o Iraque.   |||   Na época, o Estadão já atravessava uma de suas crises cíclicas e estava com redação bastante depauperada. Pouco antes, havia sido motivo de galhofa geral com o episódio da “porca assassina”. Um ilustre diretor da sucursal de Brasilia estava no gabinete do Ministro da Justiça, Ibrahim Abi-Ackel, quando um projétil arrebentou a vidraça. O caso foi tratado como atentado terrorista.  Logo depois, a sessão de necrológio do jornal, editada pelo inesquecível Toninho Boa Morte, publicou uma enorme elegia à morte de um cavalo, do Jockey, enaltecendo seus nobres sentimentos.  |||   Os concorrentes, especialmente a Folha e a Veja, não perdoaram.  Quando saiu a reportagem do plutônio, a reação foi igual: Veja e Folha caíram matando. E o Estadão ficou na defensiva.  Na época, eu era pauteiro e chefe de reportagem da Economia do Jornal da Tarde. Por coincidência, um pouco antes a revista Nova me pediu uma reportagem especial sobre o acordo atômico. Sem Google, escarafunchei o Departamento de Pesquisa do jornal, levantei xerox de umas duzentas reportagens e ganhei um conhecimento razoável – jornalisticamente falando – da terminologia técnica do tema. Eram nítidos os erros técnicos cometidos pelos dois veículos, particularmente do jovem e agressivo repórter da Folha de nome José Nêumane Pinto(hoje um 'bolsonarista', inimigo visceral do PT, de longa data), nas críticas ao Estadão.   |||  Falei para o Ruizito Mesquita conversar com seu tio, Júlio. Disse-lhe que, com uma reportagem só, mataria as críticas. Deram-me uma página de jornal. Antes de sair, o artigo foi revisto pelo próprio Goldenberg. Nas conversas com ele, percebi as disputas não explícitas sobre o acordo nucelar, das quais a SBPC era um biombo. O artigo acabou com a controvérsia, explicitando os erros técnicos grosseiros contidos nas críticas ao Estadão.

 Rex Nazareth, tecnólogo militar

Dei essa imensa volta para chegar a Rex Nazareth. Das duas centenas de reportagens que li, as únicas substanciosas, mesmo, eram entrevistas com Rex Nazareth, físico da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), dadas a um suplemento da Folha. O restante era um amontoado de críticas genéricas ao Acordo Nuclear, das quais não se extraía uma informação técnica relevante.   |||   Em 2003, me deu curiosidade de conhece-lo. Ele estava, então, na direção do Instituto Militar de Engenharia. Fui até a Praia Vermelha conhecê-lo e ao IME e, lá, me espantei com as pesquisas que comandava, de tecnologia aplicada.
                         
Duas delas me chamaram a atenção. Uma, a construção de protótipos de drones, muito antes da febre de drones explodir. A outra, sensores que, colocados nas águas ou em terra, conseguiam identificar qualquer movimento não natural, como a de um túnel sendo escavado ou, no caso dos rios, até embarcações a remo se aproximando. Seria a tecnologia adequada para os trabalhos em Brumadinho.   |||   O grande Rex, já idoso, me perguntava de que maneira poderia fazer aquelas descobertas chegarem ao Ministério da Justiça. Seriam ferramentas ideais para prevenir fugas de presídios, tráficos de droga nas fronteiras. Nunca soube de seu uso pelo poder público.   |||   Nos anos seguintes, dentro do Projeto Brasil e do Brasilianas, montei vários seminários para discutir tecnologia militar, muitos deles abrilhantados pela competência e raciocínio cartesiano do Almirante Alan Arthou, um dos responsáveis pelo programa nuclear da Marinha.
                       
As Forças Armadas dispõem de três centros relevantes de tecnologia, um para cada arma. Tinham parcerias relevantes com as universidades, com o ITA, no caso da Marinha, com o IPT, através do IPEN (Instituto de Pesquisas Nucleares), no caso do Exército.  Esse trabalho me conferiu algumas comendas militares, todas de associações de engenheiros das três forças.   |||   Por tudo isso, não entendi esse incrível espetáculo de subserviência, de um presidente do baixo clero militar, que se encantou com Israel por razões fundamentalistas, levantou a bola da tecnologia israelense e, em nenhum momento, mencionou a estrutura que as Forças Armadas brasileiras poderiam oferecer para o caso de Brumadinho. E estando cercado por militares da reserva.   |||   A engenharia militar participou dos maiores feitos econômicos e tecnológicos nacionais. Foi essencial na implantação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), na criação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), na montagem da infraestrutura nacional em transportes, comunicações, indústria de base, nas grandes estatais (Embratel, Telebrás, Petrobras). Participou da implantação do padrão Pal-M para a TV a cores no Brasil; além dos produtos tipicamente militares, como radares, blindados, armamentos.   |||   É inacreditável que o espírito anti nacional, de subserviência que marca o grupo de Bolsonaro, tenha feito menosprezar até a tecnologia militar, do seu mais influente avalista.
A FAB possui aviões com a tecnologia
A tal dita "tecnologia israelense" é na verdade americana - o Foward Looking Infrared (FLIR). Existem aeronaves do Exército Brasileiro e de algumas policias militares, como a do Rio de Janeiro, que possuem essa capacidade embarcada. É impressionante como aproximações ideológicas são justificadas por "fatos alternativos" neste governo.   |||    Uma breve pesquisa indicará o seguinte:  Os aviões brasileiro EMB-145 e EMB-314 Super Tucano, da Embraer, já são construídos com esses sistemas. O EMB-145 é utilizado para sensoreamento remoto da Amazônia. O EMB-315 Super Tucano para tarefas de interceptação e vigilância para o projeto SIVAM.   |||   Os primeiros dispositivos subiram na década de 60, nos Estados Unidos, “derivados dos sensores de rastreamento e detecção de infravermelho utilizados nos mísseis ar-ar, visando permitir a observação e o ataque de alvos inimigos encobertos pela escuridão, pela fumaça ou pela selva”.  A estreia foi na Guerra do Vietnã.  Hoje em dia é uma tecnologia de uso extensivo na aviação, utilizado em forças militares e civis.
Equipamentos israelenses: inúteis em Brumadinho
Agora, vem a informação(AQUI) de que o equipamento de Israel tem uma tecnologia para identificar o calor que emana dos corpos. Ou seja, é boa para caçar terroristas vivos do Hamas, não para localizar cadáveres embaixo da lama.  É um mico bolsonariano atrás do outro. 

Equipamentos  de Israel  não servem efetivos para buscas, ao contrário do que alardeou o governo Bolsonaro
Os equipamentos que os israelenses trouxeram para Brumadinho não resolvem nas buscas com esse tipo de desastre. Esta foi a declaração dada pelo comandante das operações de resgate, tenente-coronel Eduardo Ângelo à Folha, em matéria de Rubens Valente.   |||   Segundo ele, nenhum equipamento disponibilizado por Israel serve para esse tipo de desastre. O próprio ministro de Israel se pronunciou quanto às dificuldades que eles tiveram na região. "O 'imagiador' que eles têm pegam corpos quentes, e todos os corpos [na região] são frios. Então esse já é um equipamento ineficiente", disse Valente.   |||   Ele reconheceu que o detector de imagens poderia ser útil na localização de sobreviventes, pois capta calor humano. Mas nas últimas 48 horas nenhum sobrevivente foi localizado nas buscas. Se o equipamento capta a temperatura do corpo, quando a temperatura está homogênea é como se não houvesse nada no solo, explicou o militar.   |||   O oficial-bombeiro disse, no entanto, que o apoio dos israelenses é importante e funciona como 'mão-de-obra'(embora tenhamos aqui contingentes militares aptos e experientes nesse tipo de tarefa, inclusive com amplo conhecimento da região).   |||   Eduardo Ângelo afirmou que são pequenas as chances de localização de sobreviventes. 'O que a literatura fala é que, depois de 48 horas, a chance é quase nula. Mas existem registro de pessoas que foram encontradas vivas dias depois,  um ponto fora da curva. A experiência mostra que a cada dia que passa, a chance é menor', concluiu.


Onde está a intervenção
militar em Brumadinho?
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO  
Chama a atenção nas imagens onipresentes da cobertura da mídia sobre o desastre de Brumadinho o fato de quase não aparecerem mas atividades de resgate militares do Exército Brasileiro.  Os helicópteros que vi trabalhando no resgate eram quase  todos dos bombeiros e alguns aparentemente civis.  A contrário a toda hora, vem-se falando dos 130 militares israelenses que  voaram para apoiar as buscas.  |||   No site do Exército, 72 horas após o rompimento da barragem, nenhum comunicado oficial sobre a mobilização, apenas 'links' para jornais que noticiam uma nota oficial  divulgada sexta-feira que fala no emprego de um helicóptero Jaguar e diz que estão “na situação de “prontidão para emprego imediato” 930 militares.  Muito, muito menos do que se empregou na intervenção em operações de segurança pública ou dos 3 mil que usou para cercar a comunidade da Mangueira, em 2017.   |||   E não estamos falando numa área remota: o local do acidente fica a apenas 60 km de Belo Horizonte, que tem toda a infraestrutura para receber um deslocamento de tropas e equipamentos.  Divulgada  cinco horas depois do acidente, a nota falava que o helicóptero – e dois outros da FAB e da Marinha iriam pousar no aeroporto de Confins para também “dar apoio ao transporte do presidente da República, Jair Bolsonaro, na manhã do sábado (26)”.   |||   A ação imediata, ainda mais onde o socorro, como acontece agora, pode ter de ser suspenso por riscos de novos rompimentos ou mesmo por mau tempo, é essencial.  Já que se fala tanto em “intervenção militar”, seria uma oportuna ocasião de vermos isso acontecer em Brumadinho.  Capacidade os militares têm. O que falta para o Exército(e a FAB)?

PS. Às 17 horas desse último domingo(27), dois helicópteros do Exército deram o ar da graça em Brumadinho. Um pousou na lama e depois decolou, o outro passou a grande altitude.