segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Espaço para a bem-humorada
acidez política de Aldir Blanc:

A escória em ascensão

    mafaldablanc
O desabafo do genial compositor Aldir Blanc, publicado em O Globo:
O Tríduo, cada vez mais estúpido, foi redimido pela força de Maria Bethânia. No geral, um desfile cheio de bobeiras, mas Bethânia enobrece tudo. Houve corrupção, jurados patifes, “musas” desvairadas, mulheres jacas e maracujás de gaveta explodindo botóx e idiotices. Pareciam noites de Walpurgis, nas quais bruxas de bundas encaroçadas (mulheres frutas-de-conde?), pretensas fêmeas esculpidas lembrando halterofilistas ucranianos, avacalhavam a tradição. Faz tempo não vejo tanta mulher feia. A síntese dessa miséria é a Peladona da Peruche, uma baranga socialite que rasgou a fantasia e foi atirada à margem do caminho. Ela também é considerada “musa das manifestações”, o que explica o vexame. No dia seguinte, indo pra vovó, sob o “efeito de remédios”, o sol derreteu a vampira. A verdade: uma sub-BBB, com nível intelectual abaixo de zero. Tivemos também a vaca louca racista que invadiu o Fla-Flu. Quer ter o rótulo Rosconaro no sobrenome. Em redes sociais queria que “os crioulos voltassem para a África”. Esse é o tipo de escória que está em ascensão, como aquele membro de família corrupta que atacou Chico Buarque, e depois, bêbado, lambia Ronaldo, o Fenômeno. Fico me perguntando como é possível alguém querer magoar, ferir, Taís Araújo. Quando vejo na TV essa mulher de sonho, só penso em ficar de mãos dadas, pedir colinho. Aquelas falsas musas não representam a extraordinária luta da mulher brasileira, tão bem destacada recentemente no libelo de Isabel Diegues.
Mudando de assunto, pobres refugiados sírios! Vi um barco de borracha no alto de uma onda gigante com os futuros afogados. Quando não morrem no mar, levam chutes e socos, ficam presos no arame farpado, são explodidos por jatos das democracias liberais, ou voltam a nos assombrar como os esqueletos dos campos de concentração. O Horror retornou. Com a queda de popularidade dos que pretensamente os apoiavam — mamães viraram madrastas —, os refugiados já não podem nem mais ir à Merkell de barquinho.
Falei em Fla-Flu, mas o jogo é Fla-Fla, só um time joga, dá pontapés. O resto apanha. Não acontece nada com os crapulosos tucanos. Podem roubar durante décadas nos trens de São Paulo, comprar votos, se meter em negociatas de um bilhão de dólares com refinarias argentinas e até roubar na merenda escolar. Também podem, sendo políticos drogados de alto bordo, espancar mulheres, pois não serão queimados como outros. Vai dar pizza com Samarco e a privada Vale. São frutos tucanos. Eles podem até mesmo pretextar uso político quando são comprometidos em pensões e compras de apês na Europa para filhos — ou não —, fora dos casamentos exemplares, cujas mães foram perseguidas. O sub-relator da CPÍnfima do BNDES, o tucano Alex Baldy Cheio de M quer prender o Lula. Se ele for criminoso, tudo certo, mas, em nome da decência, prendam o Azeredo, a quadrilha no Paraná, os espancadores de esposas que são candidatos à Presidência da Ré-pública.
Não tá tranquilo nem confiável, Bin Laden. Tá Samarco e ChicunCunha.

O Ministro  da Justiça - Cardozo 

à  parte - sempre  foi,  desde sempre, fiel guardião  do  Poder 

André Araújo                      

    
(Do AMgóes: o texto abaixo mostra como, desde o Império,  o  Ministro da Justiça   sempre   foi o fiel escudeiro do ocupante   do  Poder.    No governo de JK,   segunda metade dos anos 1950,    o titular da J ustiça, Armando Falcão, lacrou pessoalmente os transmissores da TV Tupi,  do poderoso grupo dos Diários associados de Assis Chateaubriand,  por três dias, logo após a emissora veicular fala  de Carlos Lacerda com  ameaça às instituições.    Nada a ver com o pusilânime    José Eduardo Cardozo, figura   decorativa   no  governo Dilma(com apoio dela),    escudado  na falácia do tal 'republicanismo' que abre espaço ao permissivo debate do golpe.) 5
Primeiro ministério do Estado brasileiro, no dia da Independência, 7 de setembro de 1822,  já havia no cargo um Ministro na função, Caetano Pinto, que já era Ministro de D. João VI e continuou com Pedro I. O Ministério da Justiça sempre foi, no Estado brasileiro, o de maior importância institucional, guardião do Poder, fiel depositário das leis, árbitro dos atritos naturais com as outras forças políticas, "segurança" do Chefe de Estado, o Ministro mais próximo do Chefe e seu interlocutor perante os outros dois Poderes.
No Primeiro Império, um Estado ainda em formação, quando inimigos e conspirações internas e externas abundavam, nomes de peso guarneceram essa torre do Poder no centro do Estado, nomes posteriormente de ruas, avenidas, pontes e cidades. O Marquês de Caravelas (José Carneiro de Campos), o Marquês de Olinda (Pedro de Araújo Lima), o Marquês do Paraná (Honório Hermeto Carneiro Leão), o Visconde de Sepetiba (Aureliano Coutinho), o Visconde de  Macaé (José Almeida Torres), o Regente (Diogo Antonio Feijó),  no Segundo Império outras ilustres expressões políticas e jurídicas, o Visconde de Niterói (Francisco Lobato), Martim Francisco de Andrada, o escritor e senador José de Alencar, o Conselheiro Lafayette, o Conselheiro Nebias (Joaquim Nebias), Manuel de Sousa Dantas e seu filho Rodolfo Dantas, José Thomaz Nabuco de Araújo Filho, cujo filho Joaquim Nabuco escreveu sua biografia famosa "Um Estadista do Império".
Na Primeira República, Francisco Glicério, o Barão de Lucena, que foi presidente da Câmara de Deputados; Fernando Lobo, que foi também Ministro das Relações Exteriores; Alberto Torres, grande pensador sobre o Brasil e também governador do Rio de Janeiro; Bernardino de Campos, também governador de São Paulo; Amaro Cavalcanti, também Ministro da Fazenda e juiz na Corte de Haia; Epitácio Pessoa, depois Presidente da República; Rivadávia Correa, também Ministro da Fazenda; o célebre jurista Carlos Maximiliano, depois ministro do Supremo; Afonso Pena Júnior. Em 1912, foi Ministro da Justiça J.J. Seabra, o mesmo que mandou bombardear(AQUI) Salvador, destruindo parte do centro inclusive o Palácio do Governo, para impor sua vontade sobre a politica rebelde da Bahia.
Durante a Primeira República, coube aos Ministros da Justiça inúmeros atos de força com o uso do Exército e Marinha, como a ocupação de Fortaleza, de São Luis, os grandes enfrentamentos de Canudos, na guerra do Contestado, na ocupação do Acre comprado da Bolívia, nas "depurações" em muitos Estados e capitais, no pacto que pôs fim aos 30 anos de guerra no Rio Grande do Sul (Pacto de Pedras Altas), na recolocação do Governador de São Paulo no Palácio, depois de fuga da Capital pela ocupação dos tenentes em 1924, no enfrentamento da Coluna Prestes de 24 a 28.
Na República de 1930, Afrânio de Melo Franco, Oswaldo Aranha, Mauricio Cardoso, Francisco Campos(que redigiu a Constituição do Estado Novo, a "Polaca", e depois  a Carta 1967,no regime militar), Vicente Rao, Agamenon Magalhães, Bias Fortes. Já no governo democrático de Vargas,  Negrão de Lima e Tancredo Neves. No governo JK, Armando Falcão, que se repetiu no governo militar de 64, em que pontificaram como titulares da Justiça Golbery, Gama e Silva e Juracy Magalhães.
Nos governos da Nova República, Fernando Lyra, Paulo Brossard, Saulo Ramos, Nelson Jobim.
No primeiro governo Vargas coube ao Ministro da Justiça os ajustes que encerraram a rebelião paulista de 1932, tarefa nada simples. Também coube ao Ministro da Justiça a preparação jurídica do golpe de Estado de 1937, precedido pela Insurreição Comunista de 35, outro embate para ocupante da pasta. Nunca foi, dessa forma,  um cargo "tranquilo".
O Ministro da Justiça, protetor e segurança do Presidente,  expõe-se e enfrenta os outros dois poderes quando necessário. Na politica não há santidade e nem lealdade ao Estado de Direito. A História do Brasil é uma sucessão de disputas de poder, enfrentamentos, rasteiras, ambições desmedidas, lutas sangrentas no sentido físico e jurídico. No Ministério da Justiça não têm lugar a tibieza, o bom mocismo, a cegueira aos fatos. É cargo de ENFRENTAMENTO para que os demais poderes não esmaguem o Presidente. Juscelino contava com a cara bruta de Armando Falcão: sendo JK ameaçado por Lacerda com um discurso de derrubar governo pela TV Tupi, Falcão foi à emissora pessoalmente, lacrou os transmissores e a tirou do ar por três dias, enfrentando a ira de Assis Chateaubriand. E para ter certeza, mandou arrancar partes da estação de transmissão.  Na História do Brasil, frequentemente o Ministro da Justiça tangencia a lei, na dúvida defende o Presidente, não tem medo do Supremo e nem do Congresso, sem precisar chegar à valentia de Floriano Peixoto, 2º Presidente do Brasil, que, ameaçado pelo Supremo disse "E quem garante o Supremo?".
Bom moços devem aceitar com prazer Ministérios amenos, como o da Cultura, onde elegância cai bem.

<< EXCLUSIVO >>

O DCM APRESENTA  SEU NOVO DOCUMENTÁRIO:A CAMUFLADA 'LISTA  DE  FURNAS'

Kiko Nogueira           Diário do Centro do Mundo
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O DCM  apresenta  o  documentário   sobre  a  LISTA DE FURNAS   que prometemos entregar  em  mais um projeto de crowdfunding  (AMgóes -obtenção   de   capital  para   iniciativas  de    interesse   coletivo   através     de   múltiplas fontes de financiamento,  em  geral  pessoas   físicas interessadas  na  iniciativa)

Com direção do   talentoso documentarista e produtor Max Alvim,   ele   é baseado  nas  matérias  de   Joaquim de Carvalho, um  dos   melhores repórteres do Brasil,  dileto colaborador  do Diário.


Está aí toda a gênese e as imbricações de um dos grandes escândalos do país — e um dos que mais sofreram tentativas de ser abafado.
O momento do lançamento é oportuno. Nesse último sábado, 27 de fevereiro, ficou-se sabendo que o ex-deputado federal Roberto Jefferson e mais seis pessoas foram indiciados pela Delegacia Fazendária (Delfaz) por crime de corrupção ativa e lavagem de dinheiro na estatal mineira.
O Ministério Público Estadual de Minas Gerais levou dez anos para se mexer. Entre os envolvidos estão empresários, lobistas e políticos. Ficou faltando muita gente. Entre as ausências, a de Dimas Toledo, ex-presidente da empresa indicado por Aécio. Dimas não foi indiciado por ter mais de 70 anos e, portanto, contar com o benefício da prescrição.
O que o documentário do DCM traz:
. O que é, para que servia e quem produziu a relação de 156 políticos e os respectivos valores recebidos na campanha eleitoral de 2002 do caixa 2 de empresas que prestaram serviços para Furnas.
. Os principais nomes do esquema: gente como José Serra, então candidato a presidente, Geraldo Alckmin, candidato a governador de São Paulo, Aécio Neves, candidato a governador de Minas Gerais, e Sérgio Cabral, candidato a senador pelo Rio de Janeiro, além de candidatos a deputado, como, Alberto Goldman, Walter Feldman(atual homem  forte da CBF) e Gilberto Kassab por São Paulo; Eduardo Paes, Francisco Dornelles e Eduardo Cunha pelo Rio de Janeiro; Dimas Fabiano, Danilo de Castro e Anderson Adauto por Minas Gerais.
. O protagonismo de Aécio: além de receber diretamente para sua campanha R$ 5,5 milhões (13,1 milhões em valores corrigidos pelo IGP-M), há outros dados que confirmam seu papel central no caso.
São antigas as relações de sua família com as empresas públicas na área de energia. O pai, Aécio Cunha, depois de integrar durante seis anos a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, tornou-se conselheiro de Furnas, ao mesmo tempo em que era conselheiro da Cemig, a estatal de energia de Minas Gerais.
Furnas sempre foi território de Minas no governo federal”, afirma José Pedro Rodrigues de Oliveira, ex-coordenador do Programa Luz para Todos.
O doleiro Alberto Youssef, em delação premiada, falou de Aécio. O lobista Fernando Moura detalhou que era “um terço (PT) São Paulo, um terço nacional, um terço Aécio”.
. A batalha para desacreditar a Lista de Furnas: quem divulgou que ela poderia ser falsa foi o PSDB de Minas Gerais, com base em pareces de peritos contratos e num laudo da Polícia Federal feitos em cima de uma das cópias divulgadas por Nilton Monteiro, o homem que confessou atuar como operador do caixa 2.
Uma matéria na Veja, plantada por Aécio, deu força para a ideia da falsidade. Quando essa tese prosperava, o lobista Nílton Monteiro entregou à Polícia Federal o documento original, que foi periciado. A conclusão foi a de que se tratava de um documento autêntico, assinado por Dimas Toledo e sem indício de montagem.
Esperamos, com esse documentário, ter conseguido jogar luzes sobre uma história que caminhava para o esquecimento. Agradecemos a todos os leitores que contribuíram para que ele pudesse ser realizado. 
Assista ao vídeo.

João Roberto, cuidado! Blogs 'sujos' dirão que você pagava R$ 0,001 por m² de área pública no “Minha Ilha, Minha Vida

     ilhajosefa
Os parcos leitores deste blog viram(AQUI) meu apelo para que  João Roberto Marinho ajudasse a esclarecer a verdadeira  propriedade da mansão triplex na Praia de Santa Rita, em Paraty-Mirim, que foi imputada pela americana Bloomberg à família Marinho.
Certo de que os Marinho são tão ciosos dos bens públicos quanto o é o Dr. Sérgio Moro, a quem concederam o prêmio “Faz Diferença”, preocupo-me em alertá-los contra uma possível armação do Governo lulopetista (expressão usada por seu jornal O Globo) para, talvez, tentar colocá-lo numa posição constrangedora.
inteiroteor
Aviso, então, ao colega jornalista João Roberto Marinho que ele consta, entre outras áreas, como beneficiário da ocupação de 132,5 mil metros quadrados na Ilha da Josefa, em Angra dos Reis/RJ.

Aliás, esta maldita transparência dos órgãos públicos deixa qualquer esquerdista achar documentos que lhe permitam apresentar débitos irrisórios(PENDENTES DE PAGAMENTO, devidos pela ocupação de um terreno equivalente a 13 campos de futebol em  valor de menos de 130 reais (em 2009) e 390 reais, em 2010, coisa que nem chega perto de um salário mínimo por ano.
R$ 0,001 por metro quadrado! Isso, um milésimo de centavo.
'Dr'. João, cuide disso, senão vai aparecer um petralha destes (pode crer, nem petista é; petista mesmo não é peitudo assim)  para fazer ironias e ofensa, chamando de “Minha Ilha, Minha Vida”.
Ou então alguma “Menina do Jô” – veja o senhor, Ana Maria Ramalho, infiltrada em programas de sua própria emissora! – diz que a casa – com 1.380,00 m² , projetada pelo famoso arquiteto Cláudio Bernardes pela qual o senhor paga essa mixórdia, para ter em uma área pública, vai ser vendida por 20 milhões de dólares!!
E nem assim pagava(o imposto) em dia!
Veja que não questiono a legalidade de sua ocupação, mas me preocupo que isso venha a ser chamado de imoral.
Só falta mesmo dizer que o comprador foi Alex Meyerfreund, da Chocolates Garoto e ex-sócio de Donald Trump(o candidato republicanos nos EUA), e quererem saber se rolaram os tais US$ 20 milhões, mesmo.
Essa gente - o senhor sabe - é terrível.
Então, em consideração à gentil correspondência em que o senhor pede esclarecer(aos meus parcos leitores) não ter negócios com aquela casa em Parati, ofereço estas informações para que não se façam mais intrigas com a família Marinho.
Cuide-se,  João Roberto! Essa raça de repórteres, alguns iniciados lá mesmo na redação de O Globo, na Irineu Marinho, 35, é terrível!
Cuidado, Dr. João, com essa turma convicta de que ainda se pode fazer jornalismo(sério)!


Fernanda Torres

e o Chauvinismo


                                               GGN logo


Fernanda Torres publicou um artigo na Folha de S. Paulo que  não caiu bem. Foi um levante contra a escrita da atriz. E ela fez um novo artigo tal o tiroteio virtual e virulento que recebeu. O novo artigo foi celebrado como um final feliz pela coluna F5 da Folha. E a ombudsman Vera Guimarães não entendeu bem assim. "Feliz para quem?", pergunta ela em sua coluna. Feliz para o discurso aparelhado "dos movimentos feministas"? O certo é que pensar diverso deixou de ser um pensamento diverso e passou a ser um pecado mortal nas redes sociais. Não basta responder que não concorda, é preciso massacrar. Vera entende o artigo-de-desculpa da atriz como um desalento, pois que cedeu à pressão. Leia a coluna da ombudsman, sem chauvinismo, e com olhos de ler a experiência de outrem.
(Do AMgóes > Chauvinismo  (do francês chauvinisme) é o termo dado a todo tipo de opinião exacerbada, tendenciosa ou agressiva em favor de um país, grupo ou ideia. O ‘chauvinista’ identifica-se via de regra com expressões de rejeição radical a seus contrários e  desprezo às minorias.)

Chauvinismo - por Vera Guimarães Martins
"Polêmica com Fernanda Torres teve um inesperado final feliz", dizia o título de coluna do site de entretenimento "F5", da Folha, publicada na quinta (25). A pergunta irresistível: feliz para quem, cara-pálida?
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Fernanda Torres
Certamente não para a atriz, que foi vítima de um desses linchamentos morais sucessivos da internet ao escrever sobre mulheres, machismo & feminismo no blog "Agora É Que São Elas", no site deste jornal.
Suspeito que também não tenha sido feliz para o feminismo, porque a hostilidade e a indigência demonstradas por parte da militância não lustram nem ajudam a causa da busca da igualdade das mulheres.
Dois dias depois da publicação, acossada pela virulência dos ataques virtuais, Fernanda escreveu no mesmo blog um texto que, fervido e coado, é um pedido de desculpas por pensar fora dos cânones do discurso aparelhado de setores do movimento feminista –enfatizo aqui o "setores" para deixar claro que, como todo movimento, este também é composto de uma diversidade de correntes e convicções.
Foi esse desfecho lamentável que o colunista do "F5" considerou final feliz. Não estava sozinho nessa interpretação: dezenas de pessoas elogiaram a atriz por "se retratar".
Li as reações e o "mea-culpa" de Fernanda Torres com enorme desalento, porque eles são uma flagrante negação do direito de opinião. Leiam ou releiam o primeiro texto dela: não há ofensas ali; há impressões, memórias e opiniões expostas com aquela lucidez e honestidade intelectual que caracterizam seus escritos, sempre pessoais, sempre sem a arrogância da certeza absoluta. Desculpar-se por ele é desculpar-se por ser quem é: mulher, branca, de classe média, educada em família estruturada e com liberdade.
Ela não estava ali para carregar o estandarte alheio, mas para falar da condição feminina a partir de sua vivência, e foi o que fez. Nem toda visão de feminino & masculino se enquadra na dicotomia maniqueísta defendida por parte da militância feminista. As patrulhas podem tentar enquadrar o discurso, mas não têm o poder de transmutar realidades –embora às vezes consigam silenciá-las (e talvez isso lhes baste).
"Perdão por ter abordado o assunto a partir da minha experiência pessoal, que, decerto, é de exceção", escreveu no "mea-culpa". Eis o encontro do século: ao chauvinismo de sempre se somou ao "chauívinismo", a filosofia derivada do "eu odeio a classe média", professada pela professora Marilena Chauí. Lastreado no preconceito de classe, o 'chauívinismo' tenta negar legitimidade e desqualificar as opiniões da parcela mais remediada da população.
A ironia é que esse discurso segregador é fomentado por setores da própria classe média e amplificado por parte da imprensa. (A Folha alimenta com frequência esse viés. Qualquer um sabe, por exemplo, que há frases infelizes e celerados de igual quilate nos protestos dos ditos movimentos sociais, mas não é isso o que se destaca.)
O aspecto mais nocivo de episódios como esse é o de esvaziar o debate, tentando coagir as pessoas a domesticar opiniões, reconfigurá-las no modo "correto" ou guardá-las para si, abandonando a arena. Minha impressão é a de que Fernanda optou pela última: com as desculpas públicas, fez sua genuflexão e saiu da missa, deixando a liturgia para as igrejinhas que se arvoram em pregar em nome dos outros. Azar de quem preza um bom debate.
Não é por acaso que um contingente crescente de pessoas desistiu das seções de comentários nos sites, criadas para a troca de opiniões e saudadas nos seus primórdios como o altar supremo da participação democrática. Nem é por acaso que publicações vêm fechando esses canais ou que usuários estejam abandonado a vida social on-line.
Na rede celebrada pela suposta diversidade de opiniões, a ferocidade obtusa vai construindo um grande consenso –o de que qualquer dissenso ou ideia não formatada pode ser redundar em um massacre.

Quando  a   Justiça   falha, corrupção encontra 'lado certo' para se abrigar           

Seletivismo de setores do Judiciário determina quem ficará impune das denúncias de corrupção. Mas essa prática apenas muda a correlação de forças políticas e econômicas que vivem da corrupção...
 Helena Sthephanowitz, em seu blog       
STF / JOTABLOG
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Joaquim Barbosa e Sergio Moro representam setor do Judiciário que parece enxergar só um lado da Justiça
A função das penas judiciais nas sociedades civilizadas não é apenas punir quem comete crimes. A função mais importante é passar a mensagem para toda a sociedade de que "o crime não compensa", dissuadindo todos de cometerem delitos. Mas essa mensagem não funciona quando o próprio poder Judiciário deixa impune quem fica ao abrigo de alguns intocáveis grupos de poder. A mensagem passa a ser outra: "O crime pode compensar se não ficar do lado errado". Por aqui, o "lado certo" para corruptos ficarem impunes tem sido o da oposição comandada por tucanos, 'demos' e afins, juntamente com os milionários grupos de mídia.
Exemplo claro foi a opção do ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, de priorizar o julgamento do mensalão petista e deixar o mensalão tucano, anterior ao primeiro, para segundo plano – e apesar de acumular inúmeras denúncias, evidências e provas.
Com arbitrariedades como essa, em vez de diminuir a corrupção na política, Barbosa criou o caldo de cultura que levou à eleição de um Parlamento, em 2014, que colocou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara, com apoio velado das mesmas grandes empresas de mídia que amplificaram o "mensalão" petista. Até hoje essas forças políticas se sentem confortáveis em manter Cunha lá, pois os representam e representam seus interesses econômicos e de poder – apesar de, igualmente, acumular contra si denúncias, evidências e provas de envolvimento em corrupção e recebimento de propinas.
Cunha na presidência da Câmara, e sentindo-se do lado escolhido para permanecer impune, impôs votações de leis que agravariam a corrupção, como a tentativa de constitucionalizar a doação empresarial de campanha, vetada pelo STF.
A sanha de Joaquim Barbosa fez ainda mais: enfraqueceu as bancadas progressistas nas eleições de 2014, elegeu menos negros, menos lideranças de movimentos sociais, menos pensadores, menos representantes da classe trabalhadora e mais milionários. Pelo menos nas últimas legislaturas, nunca o topo da pirâmide social brasileira foi tão bem representada na Câmara, tendo o povão tão pouco representado.
Se, quando teve a oportunidade, Barbosa tivesse priorizado também o julgamento do mensalão tucano, o PSDB sairia da zona de conforto da impunidade e, pelo menos parte de seus membros, apoiaria uma reforma política de verdade, que reduzisse a influência do poder econômico corruptor e que aumentasse a participação popular.
Constatado o erro histórico das escolhas políticas de Barbosa na hora de priorizar processos, vemos o mesmo erro em curso na Operação Lava Jato, com consequências muito mais ruinosas à nação. É o caso da inusitada votação no Senado para colocar em urgência a entrega do petróleo descoberto no pré-sal para petroleiras estrangeiras, de autoria do Senador José Serra (PSDB-SP).
Muitos senadores citados ou investigados na Lava Jato como supostos beneficiários de contratos na Petrobras, agora que a empresa é vigiada, votaram contra a estatal brasileira e a favor de petroleiras estrangeiras, que estão fora do alcance dos órgãos de controle nacionais.
Empresas estrangeiras, que já patrocinaram guerras e golpes de estado mundo afora, mantêm seus lobistas e operadores também atuando no Brasil, pressionando (e talvez corrompendo) por seus interesses econômicos bancadas no Legislativo e grupos de mídia que, por sua vez, exercem forte influência na pauta do Judiciário.
Nem estamos acusando de ilegalidades, mas apenas falamos de pressão por todos os meios que, até onde são visíveis, podem até estar dentro da lei. Porém, é claro que há suspeitas de que interesses escusos também podem estar sendo saciados clandestinamente.
Na Lava Jato, investigações sobre petistas são priorizadas a jato. Sobre tucanos, ou não vem ao caso ou são engavetadas(a jato) ou jogadas para segundo plano. Investigações que lincham a imagem da Petrobras, inclusive alimentando processos movidos no exterior contra a empresa, andam a jato. Sobre empresas estrangeiras que pagaram propinas a diretores corruptos da estatal, se é que está havendo alguma investigação profunda de fato, são cercadas de sigilo e há todo um cuidado especial de não expor à execração pública.
A mesma diferença de tratamento ocorre com empreiteiras brasileiras, que devem, sim, ser investigadas e punidas pelo que ficar comprovado, mas os mesmos pesos e medidas devem ser aplicados às concorrentes estrangeiras envolvidas em malfeitos.
Essa seleção de quem deve ser ou não ser investigado, que são escolhas sobretudo políticas, é que determinam quem ficará impune ou não. Mas essa prática não ataca o sistema e não reduz a corrupção. Apenas muda a correlação de forças políticas e econômicas que vivem da corrupção. Os corruptos mudam para o lado do dinheiro sujo impune, e os corruptores, que agem nas sombras, mudam o modo de operar para dar ar de legalidade na obtenção de vantagens.
Não será surpresa se, daqui a pouco tempo, um ex-diretor corrupto da Petrobras, premiado com acordo de delação, se mudar para Miami ou Houston, assim que a Justiça permitir, e ser contratado como executivo de alguma petroleira estrangeira, recebendo polpudos bônus pelo sucesso dos resultados obtidos na exploração do pré-sal no Brasil. Tudo "dentro da lei". Outros abrirão suas consultorias lá, onde o lobby é legalizado e conta com um arcabouço jurídico para sua proteção.
Não será surpresa se algum ex-doleiro vier a ser contratado como "headhunter" de alguma petroleira estrangeira em Miami, para caçar "talentos", coincidentemente encontrados entre filhos ou netos de deputados ou senadores que votaram pela entrega do pré-sal. Tudo "dentro da lei".
Para dar um exemplo real deste tipo de meritocracia tucana, um dos filhos do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) é executivo do Banco Santander no México. O fato de o pai ter privatizado o Banespa para o Santander é apenas coincidência perante a lei.
O Santander também comprou por um valor astronômico a empresa argentina Patagon após Verônica Serra, filha do senador José Serra, virar sócia. Meritocracia tucana.
Na Itália, a operação Mãos Limpas levou ao poder o fascista Berlusconi. No Brasil, o seletivismo do "mensalão" levou Eduardo Cunha à presidência da Câmara. Nesse ritmo de seletivismo judiciário na Lava Jato, a entrega do pré-sal a estrangeiros fará o "petrolão" parecer "petrolinho" diante do "petrolón" transnacional que já está dando sinais de vida.
Será que é pedir demais que se combata a corrupção no Brasil como um todo, para haver mudanças de fato, e sem lesar a pátria?

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Impeachment  não

tem voto, cassação

não tem tempo   

Alex Solnik                           



:

Quem está convocando os brasileiros para irem às ruas derrubar o governo esconde uma verdade incômoda: por mais que as ruas implorem, sempre aos domingos, e imprequem contra a presidente, o governo dela não vai cair porque não há votos para o impeachment e não há tempo para a cassação.

Vejamos o caso do impeachment. A abertura do processo foi decretada em outubro de 2015. Estamos em março de 2016 e ainda não aconteceu nada, ainda se discute o rito e nisso já se passaram quase seis meses. Em tese, em seis meses tudo deveria estar concluído, mas, na prática, a coisa muda de figura.

Depois, superadas todas as questões preliminares, que vão levar o tempo que só Deus sabe, tem a questão dos votos.

O impeachment precisa de 342 votos de 513 deputados. É um placar indecente, algo semelhante ao 7 a 1. E um 7 a 1 não acontece duas vezes. Jamais, em momento algum, em qualquer votação a oposição reuniu 342 votos. Não há porque acreditar que justamente na votação mais importante de todas vai conseguir.

Não vai adiantar, como querem os fanáticos do impeachment, a pressão "das ruas", a chantagem de banir para sempre da política os deputados que votarem contra "as ruas". Mais forte que a pressão das ruas é o compromisso com a constituição, com a estabilidade política de alguns e com as posições no governo de outros. Não há 342 deputados indiferentes a isso.

Mas vamos supor que aconteça o pior. Apenas como cenário. A oposição consegue, fazendo das tripas coração os tais 342 votos. O impeachment foi aprovado na Câmara! Noves fora nada, a bola passa para o Senado, cujo presidente já declarou ser contra essa maracutaia. O impeachment não passará.

Quanto à cassação da chapa Dilma-Temer, também sem entrar no mérito, e sem levar em conta que há uma longa discussão a respeito do artigo 22, que autoriza o TSE a cassar "candidato a presidente" e não "presidente", não há mais tempo para o processo ser concluído e alcançar seu objetivo antes do fim do atual mandato. Temer, que além de 'vice' é um jurista de mão cheia, já disse: "Não acaba antes de 2018". E ele está certo.

Um exemplo bem atual pode ilustrar o que é na vida real um processo de cassação.

Em 2006 foi pedida a cabeça do governador Ivo Cassol. Três anos depois – mais de 1000 dias - o TSE concluiu que ele deveria ser cassado. No mesmo dia (ou dias depois) ele obteve uma liminar por meio da qual governou até o fim do mandato, o concluiu em 2010 e depois ainda se elegeu senador, o que ainda é.

Se cassar um governador de um estado inexpressivo como Rondônia demora tanto tempo, o processo contra um presidente e um vice-presidente da República, até pelo ineditismo, vai demorar o mesmo ou muito mais. E Dilma e Temer têm pouco mais de 1000 dias de governo pela frente. Se um governador obteve uma liminar para continuar governando um presidente também vai conseguir. E por aí vai.

O processo poderá até concluir pela cassação da presidente e do vice. Mas a essa altura eles já estarão fora do governo, descansando desse longo e tenebroso inverno de quatro anos.

Os que forem às ruas achando que derrubar o governo é moleza e acontece num passe de mágica vão se decepcionar.

Melhor tirarem seus cavalinhos da chuva.