terça-feira, 31 de maio de 2016

Novo escândalo expõe golpe

ao   ridículo   no   mundo        

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Nos anos 1970, quando vivíamos – aqui e na Bolívia – ditaduras, havia uma piada sobre uma festa numa embaixada onde um diplomata brasileiro era apresentado ao Ministro da Marinha boliviano e estranhava que houvesse um ministro da Marinha sem que houvesse mar na Bolívia. E seu interlocutor apenas respondeu: mas vocês, no Brasil, não têm ministério da Justiça?
Amplie a escala e veja o que é, no mundo, um Ministro da Transparência ser flagrado numa “operação-abafa”.
E com direito, como disse(AQUI) ontem, às ilustrações impactantes dos servidores lavando com água e sabão escadas, calçadas e gabinetes do ministério.
Acho que o 'ministro' José Serra vai passar trabalho fazendo circulares às nossas embaixadas para pedir que convençam o mundo de que aqui não há um golpe que usou a corrupção como pretexto e que, desde o primeiro dia, mostra ter a fina flor da corrupção dentro de si. 

Bandidos golpistas nos 'grampos' do Machado: ‘Ela  vai  sair   de qualquer   maneira'               

As gravações(de Sergio Machado, agora delator premiado da Lava Jato) revelaram que os golpistas construíram o cenário de crise dramática e incendiaram o país para inviabilizar em definitivo o mandato de Dilma...

Jeferson Miola
           
reprodução
Que o impeachment sempre foi apenas um pretexto formal para o golpe, isso é sabido desde o imediato pós-eleição de 2014. O PSDB se assumiu     como  a  UDN  do século 21, e   Aécio   Neves vestiu o figurino do “corvo” Carlos Lacerda.                               
No dia seguinte à eleição de cuja derrota não se conformam até hoje, os golpistas não deixaram dúvidas de que poriam em prática o “lacerdismo” radical: não deixariam Dilma governar, desestabilizariam e incendiariam o país e encontrariam uma maneira de golpeá-la.
Com as revelações das conversas  dos delinquentes do PMDB gravadas, fica ainda mais robustecida a prova de que o impeachment foi apenas um pretexto usado pela direita fascista para aplicar um verniz de “legalidade e normalidade constitucional” ao golpe de Estado.

Aliás, baseado no discurso da “constitucionalidade e normalidade institucional” o chanceler-usurpador José Serra enviou uma circular com orientações ideológicas tucanas a todos os postos diplomáticos do Brasil no mundo. Uma tentativa de aparelhar a estrutura do Itamaraty com o objetivo inútil de neutralizar a consciência democrática mundial que associa claramente a farsa doimpeachment da Presidente Dilma a um golpe de Estado.
Em todas as conversas – as gravadas e as não gravadas – a corja golpista agiu unida na visão sintetizada na frase do ex-presidente José Sarney [também um Presidente sem-voto como o conspirador Michel Temer]: “ela vai sair de qualquer maneira!”.
A destituição da Dilma foi meticulosamente planejada. Os golpistas construíram o cenário de crise dramática e incendiaram o país para inviabilizar em definitivo o mandato da Presidente.
Poderiam ter assassinado Dilma, poderiam ter derrubado o avião presidencial, poderiam ter envenenado a comida da Presidente. Poderiam, enfim, tê-la destruído de várias maneiras, mas optaram por derrubá-la com um impeachment fraudulento, “sem sujar as mãos com sangue” de um eventual martírio dela.
Os motivos principais para derrubar Dilma “de qualquer maneira” são muitos, mas vale citar dois deles. O primeiro, para encerrar a Lava Jato. O golpe seria uma espécie de troféu. O impeachment de uma mulher inocente, sem crime de responsabilidade, seria o ápice da Operação do ponto de vista público-midiático, e então ficariam livres para viabilizar o acordo de impunidade dos bandidos que controlam esquemas de corrupção em todas estatais [e não só na Petrobrás] há décadas, desde o período da ditadura militar.
O segundo motivo: precisam usurpar o Poder para conseguir executar o programa que dificilmente conseguiriam sufragar numa eleição. É o programa já em execução pelo governo usurpador de Michel Temer: arrocho, recessão, privatização, entrega do pré-sal e da Petrobrás às petroleiras estrangeiras, desnacionalização da economia brasileira, fim de políticas sociais, abandono da soberania nacional, destruição da engenharia nacional etc.
Romero Jucá, numa conversa típica de máfias organizadas, foi explícito: “Nós [PMDB,PSDB, DEM etc] temos que estar juntos para dar uma saída pro Brasil ... porque se não estiver, tá todo mundo fodido, entendeu? ”.
Empregando pedagogia nos argumentos criminosos, Jucá explica aos comparsas presentes no encontro mafioso – Aécio, Serra, Tasso Jereissati, Aloysio Nunes Ferreira, Cássio Cunha Lima, Eunício Oliveira e Ricardo Ferraço – porque é melhor o impeachment da Dilma do que a convocação de novas eleições: “Tu achas[pergunta a Aécio] que ganha eleição dizendo que vai reduzir aposentadoria das pessoas?”.

É muito evidente que uma quadrilha tomou de assalto o Poder no Brasil. A democracia, a Constituição brasileira é vítima de uma quadrilha que perpetrou o golpe de Estado para aplicar de maneira selvagem as medidas anti-populares e anti-nacionais que atendem aos interesses do capital internacional que, porém, representam um duro retrocesso para o povo brasileiro. 

Greenwald, só: vitória por 

nocaute contra  os  barões

de   nossa   mídia   golpista


Paulo Nogueira                    

 O casal Greenwald e Miranda: combatendo o bom combare

O casal Greenwald / Miranda: combatendo o bom combate
O jornalista Glenn Greenwald(49 anos, jornalista, escritor e advogado norte-americano, especialista em Direito Constitucional, residente no Rio de Janeiro) é um tipo raro de homem que pode ser qualificado como exército de um homem só.
Isso ficou particularmente claro no embate entre ele e toda a imprensa brasileira pela narrativa no plano internacional dos acontecimentos que levaram à derrubada de Dilma.
Greenwald ganhou. Por nocaute.
Por um motivo: ele é uma voz ouvida e admirada em todo o mundo, ao contrário do que acontece com a provinciana mídia nacional.
Coube a Greenwald liquidar as falácias que chegavam ao exterior pelos veículos dos Marinhos, Civitas, Frias e Mesquitas. Bastou uma entrevista sua à CNN em que ele descreveu o golpe como ele é.
Quase que simultaneamente, seu companheiro David Miranda publicou um texto extraordinário no Guardian britânico.
Pronto. Num lado e no outro do Atlântico, foram jogadas luzes sobre a conspiração plutocrata que levou um bando de corruptos para o Planalto.
É sorte para o Brasil que Greenwald tenha optado há onze anos pelo Rio de Janeiro, por seu amor por Miranda. Isso lhe deu um conhecimento sobre o país e sua mídia que fez agora toda a diferença.
Numa entrevista com Lula, ele disse jamais ter visto uma mídia tão partidária, parcial e portanto desonesta quanto a brasileira. No Twitter, chamou o Jornal Nacional de uma piada depois de sugerir que Bonner pusesse um bigode para narrar, como fizera com Lula e Dilma, os diálogos de Jucá com Machado.
Greenwald é odiado pelos barões da imprensa e seus fâmulos que se fantasiam de jornalistas por duas razões. A primeira: ao contrário deles, é uma referência internacional. A segunda: ele representa valores opostos aos defendidos pelo que ele acertadamente chama de mídia plutocrática brasileira.
Greenwald se bate por uma sociedade igualitária, justa, em que um pequeno grupo de poderosos não esmague imensas levas de desvalidos.
Não surpreende que os Mesquitas estejam agora defendendo a expulsão de Greenwald do Brasil. Ao longo de sua história, os Mesquitas sempre estiveram por trás das causas mais devastadoras para o avanço da sociedade brasileira. Conspiraram, como agora, para os golpes de 1954 e 1964.
São tão bons para conspirar e tão ruins para jazer jornalismo que estão perpetuamente insolventes, mesmo com todo o dinheiro público e todos os privilégios fiscais que, como toda a mídia, caem sobre seus colos ineptos(Até hoje a imprensa tem reserva de mercado e desde sempre é isenta de impostos na compra do papel com que imprime seus jornais e revistas).
Onde estão os Mesquitas e seus companheiros de mídia plutocrática, estão coisas nocivas à sociedade. Por eles, seremos sempre uma República de Bananas, e nunca uma Escandinávia.
Se há alguma Justiça, mesmo num país cuja Suprema Corte parece a plutocracia togada, Greenwald não será expulso e nem sua voz suprimida entre os brasileiros.
No futuro, quando os historiadores escreverem sobre os tristes dias de 2016, Greenwald estará entre as mais vivazes, lúcidas e justas referências.
Quanto à narrativa criminosa dos Marinhos, Civitas, Frias e Mesquitas, ela estará onde já está tudo que essas famílias disseram em golpes plutocratas passados. No lixo.
Eurodeputados  pedem
à UE não negociar com governo de Temer       
EXAME             Resultado de imagem para logo AGÊNCIA EFE

Presidente interino do Brasil, Michel Temer, apresenta medidas econômicas, dia 24/05/2016
Falta legitimidade a Temer, dizem parlmentares da União Europeia
(foto: Adriano Machado/Reuters)
Bruxelas - O eurodeputado do partido espanhol  'Podemos', Xavier Benito, enviou uma carta à Alta Representante da União Europeia (UE) para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, a fim deque não negocie com o  presidente interino Michel Temer, do Brasil, país que lidera o acordo comercial entre o bloco europeu e o Mercosul.


No documento, assinado por mais de 30 eurodeputados de diferentes grupos políticos e nacionalidades, Benito denuncia a falta de "legitimidade democrática" do governo de Temer, que substitui Dilma Rousseff enquanto a presidente passa pelo processo de impeachment.



"O acordo comercial com o Mercosul", argumenta Benito na carta, "não só se limita a bens industriais ou agrícolas, mas inclui outros afastados como serviços, licitação pública ou propriedade intelectual. Por isso, é extremamente necessário que todos os atores implicados nas negociações tenham a máxima legitimidade democrática: a das urnas", afirmou.


Benito, também primeiro vice-presidente da delegação do Parlamento Europeu (PE) para as relações com o Mercosul, lembra na que estes acordos devem levar em conta "a dignidade das pessoas e os direitos humanos, e não devem nunca priorizar o lucro econômico ao bem-estar das pessoas", disse.

"Duvidamos que esse processo de negociação tenha a legitimidade democrática necessária para um assunto desta magnitude", afirmou, considerando que "o mandato de Dilma Rousseff só pode ser mudado mediante o único método democraticamente aceitável: as eleições".

Benito assegura, por outro lado, "compartilhar a preocupação expressada também pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) e pela Unasul sobre a severa situação na qual Dilma Rousseff foi condenada por um Congresso doente de corrupção e claramente orientado por obscuras intenções", afirmou o comunicado.

"É necessário suspender as negociações entre a UE e Mercosul já que tal acordo comercial não deveria ser negociado com o atual governo brasileiro", frisou.

"Reivindicamos que a UE dê o seu total apoio e envolvimento para o restabelecimento da ordem democrática no Brasil", acrescentou.
STF já tem provas para
anular  processo  do    'impeachment' de Dilma
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Se não o fizer, Suprema   Corte   confirmará a suspeita que já corre o mundo: sua adesão liminar ao golpe fascista contra uma presidenta eleita segundo as regras do jogo democrático, ora rasgadas...

 

No dia 11 deste maio findante, o então advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, tentou uma liminar para suspender o impeachment da presidente Dilma Rousseff, alegando que o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia agido com “desvio de finalidade” ao abrir o processo.

O objetivo de Eduardo Cunha seria emplacar uma troca de governo para que pudesse se salvar das investigações de corrupção, algumas delas promovidas pela própria Operação Lava Jato, dizia Cardozo.

Teori Zavascki negou a liminar, apontando que não seria possível comprovar as motivações de Cunha naquele instante. Para o ministro do STF, a questão seria, portanto, de natureza subjetiva.
No entanto, nesta segunda-feira, o que era subjetivo se tornou cristalinamente objetivo.

O senador Romero Jucá (PMDB-RR), um dos braços direitos do presidente interino Michel Temer, confessou que o impeachment nada mais foi do que uma tentativa de uma elite corrupta de deter a Lava Jato.

Para “parar essa porra” e “estancar a sangria” (palavras de Jucá), seria preciso retirar a presidente Dilma Rousseff do poder, colocando no cargo o vice-presidente Michel Temer – e o mais grave, segundo Jucá, é que esse 'acordão' envolveria até integrantes do Supremo Tribunal Federal.

Agora, diante dessa bomba sem precedentes, os integrantes do STF têm apenas uma saída: anular o processo de impeachment aberto na Câmara por razões espúrias e aprovado no Senado para deter a Operação Lava Jato, num escândalo que envergonha o Brasil diante do mundo.

(Fonte: Pragmatismo Político)


Globo manda e Temer demite Ministro  da  'Transparência' dedurado  pelo  'Fantástico' 

FERNANDO BRITO                  

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"Eu só queria ajudar..."
Manda quem pode, obedece quem tem juízo.     Em novo editorial online –  uma “mensagem a Garcia” eletrônica -     postado às  12h24  desta segunda-feira(30), as Organizações Globo demitiram FABIANO SILVEIRA(foto) do cargo de Ministro da Transparência(?),    depois   da   divulgação   de    suas conversas com Renan Calheiros divulgadas nesse domingo(29) no 'Fantástico'.
Curto e grosso: Temer, sem mais delongas, despachou o Silveira portas afora no final do expediente.
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Temer: "Melou, Renan...'
Faltou apenas, para o ato ser mais explícito, a assinatura de quem mandou demitir: João Roberto Marinho, presidente 'de fato' da República.
Veja o bilhete azul do grupo Globo ao ministro:

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O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e seu gravador continuam a contribuir para expor as conspirações contra a Lava-Jato em Brasília, inclusive no governo do presidente interino Michel Temer, algo inaceitável.
Primeiro, o senador Romero Jucá, ministro do Planejamento de Temer, muito próximo ao presidente, foi gravado em conspirata com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para desestabilizar a Operação. Os dois estão na malha da Lava-Jato. Temer agiu com a rapidez necessária, e Jucá perdeu o cargo.
Agora, como revelou o “Fantástico” ontem, mais um alto funcionário do governo se coloca contra a ação da força-tarefa de Curitiba: Fabiano Silveira, ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, pasta que se chamava Controladoria Geral da União (CGU). Chega ser uma contradição em termos o responsável por controles e transparência tentar criar obstáculos ao combate à corrupção.
Fabiano aparece, em gravações de Machado, dando conselhos a Renan e ao próprio ex-presidente da Transpetro para escaparem das investigações do Ministério Público. O “Fantástico” apurou que o ministro chegou a fazer visitas a representantes do MP, inclusive ao procurador-geral, Rodrigo Janot, para levantar informações que auxiliassem Renan. Há registros de conversas entre Renan e Machado sobre o suposto êxito desta espionagem do ministro.
Temer precisa aplicar a mesma regra que valeu para Jucá: não se admite no governo qualquer conspiração contra a Lava-Jato. Só assim será levado a sério o compromisso público assumido pelo presidente de apoiar a Operação e todo o combate à corrupção. Isso é tão essencial para o governo Temer como a contenção da crise econômica.

F O R A,   T E M E R   !!! domina Parada do Orgulho LGBT em  São  Paulo        

Luta contra o golpe e os riscos de retrocessos que atingem a população LGBT tomam conta de falas e cartazes, embora a mídia(Globo à frente) tenha dito que protesto foi 'pontual'(constate a canalhice da imprensa golpista, acessando vídeo abaixo com a intervenção do deputado Jean Wyllys-PSOL/RJ)...

Luiz Felipe Albuquerque(texto/fotos)       

 Placas, cartazes e gritos de ordem contra Temer foram presença constante na Parada - Créditos: Luiz Felipe Albuquerque
Placas, cartazes e gritos de ordem contra Temer foram presença constante na Parada 

Os riscos de retrocessos aos direitos da população LGBT no governo interino de Michel Temer (PMDB) levou milhares de pessoas à Avenida Paulista, nesse domingo (29), para protestarem contra a ofensiva conservadora em marcha desde o início do atual governo e que impactam em muito nos direitos conquistados pela população LGBT. Placas, cartazes e gritos de ordem contra Temer foram presença constante na Parada de Orgulho LGTB deste ano, que chegou à 20ª edição atraindo – como sempre – uma multidão de participantes.


O professor de pontos digitais de comunidades carentes, Cláudio dos Anjos, não hesitou em sair do Rio de Janeiro para vir a São Paulo para participar da Parada. O motivo? A necessidade de lutar “pela garantia dos nossos direitos. Há muitos anos temos conquistado, de maneira lenta, direitos sociais, mas agora querem nos tomar tudo isso”, responde Cláudio.



Um exemplo dessa ameaça do governo interino aos direitos conquistados é a extinção do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos logo nas primeiras semanas de Temer como presidente em exercício.  A pauta LGBT estava entre as linhas de atuação do ministério, que foi reduzido a uma secretaria subordinada à pasta da Justiça. Outra preocupação é o menor poder de influência da Secretaria de Direitos Humanos, agora sem o status de ministério, sobre políticas públicas de outras pastas que afetam diretamente a população LGBT, como a saúde e a educação.


Para o deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ), conhecido por sua atuação em prol dos direitos dos LGBTs, não se pode reduzir a Parada a apenas um momento festivo. “Ela é também festa porque festa é um direito nosso, de celebrar nosso orgulho. Mas também tem uma agenda política. Estamos vivendo um momento difícil no país, um momento de retrocesso, um momento em que a República foi tomada por ladrões. Isso ameaça nossos direitos. Precisamos lutar pela democracia, pelos direitos LGBTs e principalmente pelas pessoas trans”, afirmou(JEAN WYLLYS, VÍDEO AQUI). Este ano o tema da parada foi "Lei de Identidade de Gênero Já! Todas as pessoas contra a transfobia", e buscou destacar o chamado segmento 'T': transexuais, travestis, homens e mulheres transexuais.
                            

Neste sentido, o transexual Jack diz também estar preocupado com a perda de direitos. “No governo [Dilma] tivemos algumas conquistas, e agora estamos vendo a possibilidade de perdermos algumas delas”, comenta.

Um exemplo seria a derrubada do decreto de Dilma que respeita o direito ao uso do nome social na administração pública federal, anunciada pelo ministro do Trabalho do governo interino de Temer, o pastor Ronaldo Nogueira (PTB-RS). A medida foi um dos últimos atos oficiais da petista e um dos poucos gestos a favor de LGBTs no poder.


Jack comenta ser de extrema importância “a possibilidade de usar o nome social. Essa lei foi estabelecida em todo país para que nossa comunidade possa ter mais dignidade. Ela é um começo.


Para Isabel Fontana Caldas, gestora em políticas públicas, esse cenário com o governo interino de Temer é apenas mais uma prova de que o retrocesso já bateu à porta. “Sempre vivemos a ameaça do retrocesso, mas com esse golpe o retrocesso já se iniciou. Por exemplo, a questão do nome social foi uma conquista dura. Já há uma ação para suspender esse decreto, e não podemos permitir isso”, afirma ela. 

Violência e preconceito
Segundo o último relatório de violência homofóbica, publicado este ano pelo Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, ao menos cinco casos de violência homofóbica são registrados todos os dias no Brasil.


O estudo é referente aos dados de 2013 e embora ainda limitado, os números já apontam para um quadro preocupante de homofobia. Naquele ano, foram registradas 1.965 denúncias de 3.398 violações relacionadas à população LGBT, envolvendo 1.906 vítimas e 2.461 suspeitos.



A grande maioria das denúncias de violências homofóbicas são sobre vítimas do sexo masculino (73%). Não à toa, este ano a Parada LGBT trouxe para o centro do debate a questão da transfobia.


Jean Wyllys destacou que “das somas de letras que nós somos, LGBT, o segmento T é o segmento mais vulnerável. É o segmento com mais vítima de homicídios, lesões corporais, que tem os seus direitos não reconhecidos. Essa letra precisa de atenção especial”.

Abelino Fortuna marcou presença na Parada representando milhares de pais que tiveram seus filhos violentados, assassinados, como consequência do preconceito. Em 2012, em Pernambuco, seu filho Lucas Fortuna foi morto aos 28 anos por dois jovens pelo simples fato de ser homossexual. “Estou aqui por um simples motivo: para celebrar a alegria, a vontade do meu filho Lucas, que foi brutalmente arrancado dos braços pela homofobia. Tenho a consciência de que a única forma digna que eu tenho para homenageá-lo é não deixar sua luta de militante LGBT morrer. A luta pelo direito de ser, pelo direito de amar. É por isso que estou aqui e estarei em todos os espaços, buscando retirar todos os pais do armário. Essa é a nossa luta”. 

A mesma bandeira trazia o Coletivo Mães pelas Diversidades, um movimento criado para se contrapor à declaração do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), que disse que “seria incapaz de amar um filho homossexual”. “Nós temos orgulho dos nossos filhos, sim!”, disse Maju Giorgi, presidenta do coletivo. Ela aponta que está apreensiva com as possibilidades de retrocessos, mas que a luta “pelos direitos civis dos nossos filhos” seguirá firmemente.

Perda de direitos
Desde o início da consolidação do processo de golpe no país, diversos movimentos LGBTs já se demonstravam preocupados com os impactos de um governo Temer sobre seus direitos. A começar pela votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em 17 de abril, quando a maioria dos parlamentares defendeu o afastamento de Dilma em nome de uma família tradicional e patriarcal.


Aquela cena já demonstrava o que estava por vir. Uma série de projetos-de-leis contra a população LGBT está prestes a entrar em votação no Congresso Nacional. Dois deles são justamente do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos principais articuladores do golpe e que foi afastado recentemente da Presidência da Câmara devido a denúncias de corrupção. Um PL criaria o Dia do Orgulho Heterossexual(?), e o outro criminalizaria o 'preconceito'(?) contra heterossexuais.



Outra iniciativa nesse mesmo sentido é o PL 6583/2013 ('Estatuto da Família'), patrocinado pela bancada evangélica e que busca definir a família apenas como a união entre um homem e uma mulher. A aprovação da proposta também ameaça direitos já adquiridos, como a união civil entre casais homossexuais, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal em 2011, e poderia proibir a adoção de crianças por casais homossexuais.


Para o deputado federal Orlando Silva (PCdoB), que participou da Parada, o Estatuto da Família é um projeto que defende uma família do século 19. Na opinião do parlamentar, o “Estado não tem que se meter na vida da gente. O Estado tem que reconhecer todas as famílias, todas as formas de amor que existe”. 

Silva também lembrou da adolescente vítima de um estupro coletivo no Rio de Janeiro. “Essa mesma violência que tem forma de homofobia, de machismo, de racismo também tem forma de autoritarismo. Por isso rasgaram a Constituição no Brasil, e por isso vamos lutar pela democracia. Defender nossos direitos é defender a democracia”, disse.    

Diante desse cenário de ameaça de perdas de direitos, a gestora Isabel é taxativa. “Não vamos aceitar um governo ilegítimo que já está tomando atitudes claras contra os direitos LGBTs. Vamos ter que fortalecer muito nossa luta. Vamos lutar nas ruas, de todas as formas possíveis e pacíficas, e nós vamos derrubar esse governo”, acredita.