SÉRGIO BRAGA VILAS BOAS, no Facebook
Outro dia estava revendo o filme “Mississipi em Chamas”, de Alan Parker. E, independente das críticas que lhe possam ser cabíveis, o interessante é observar o discurso espumante de ódio reproduzido pelos habitantes da pequena cidade americana no estado do Mississipi, pelos idos da década de 1960. Vimos antes, vimos ali e vemos agora. O mesmo discurso de ódio, coincidente inclusive nas palavras usadas. A alusão a Deus como razão principal das suas certezas, assim como o fizeram Torquemada, os Cruzados, os Fariseus, e o fazem hoje seus discípulos, a despeito da maioria deles sequer saber quem foram os tais.
Lendo o livro “O Mal Ronda a Terra”, de Tony Judt, historiados britânico falecido em 2010, a mim me pareceu que nossa perplexidade não tem razão para existir, pois é como se tivéssemos sido alertados em inúmeros momentos históricos da debacle do nosso “modus vivendi”, se persistíssemos nele, não obstante o progresso que alcançamos. E,..”se ficarmos apenas catando os cacos para tocar a vida como era antes podemos esperar por reviravoltas ainda maiores nos próximos anos”.
É como se vivêssemos ciclos de retorno ao ponto de partida, e cada vez que retornamos a este, estamos piores enquanto sociedade, mais desigual, mais ignorante, mais próxima da barbárie, a despeito do acumulado em conhecimento filosófico e científico.
Vemos os debates sobre a Nova Democracia, na Europa e EUA, e os afagos que têm sido feitos ao combate à desigualdade - aqui por Armínio Fraga e André Lara Rezende. Como se Adam Smith já não tivesse predito em 1776 que: “Nenhuma sociedade pode florescer e ser feliz enquanto a maior parte de seus integrantes for pobre e miserável”.
Por que insistimos em voltar à barbárie a cada ciclo? Por que enfiamos Deus e Cristo no nosso discurso de ódio, se isso não resiste à leitura do Sermão da Montanha? Os cristãos não sabem da existência do Sermão da Montanha? Não sabemos de Adam Smith? Não sabemos que a cada passo que temos dado temos aumentado a miséria do mundo? Por que insistimos na intolerância e na exclusão do outro, se é em função do outro que vivemos, que sem outro nada do que fazemos tem qualquer importância ou sentido? Não nos importamos com isso? O que é feito de nós? Por que insistimos em resistir à verdade?
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