quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O julgamento 'déjà vu'

 

RICARDO MIRANDA, n'NOS DIVERGENTES

O “julgamento do ano” começou como o vídeo-taipe de um jogo já assistido, onde já se sabe, de antemão, que não haverá nenhum gol contra aos 45 do segundo tempo. Começando pelo relator João Pedro Gebran Neto, o trio do qual fazem parte ainda Leandro Paulsen e Victor Laus, passará as próximas horas fazendo tabelinha para condenar Lula, possivelmente a uma pena maior do que a fixada por Sérgio Moro. Gebran Neto, por sinal, não precisou de muito tempo para, no meio do voto, antecipar sua decisão. Para ele, é possível afirmar que houve corrupção no chamado “caso do triplex de Lula”. O relator viu “prova acima do razoável” de que Lula foi articulador do esquema na Petrobras. É o que basta. O resto é confete.  |||  O advogado-quixote Cristiano Zanin seguiu apontando sua lança para a fragilidade das alegadas provas no caso do triplex do Guarujá e para a politização do caso. Queria a nulidade do processo, o que não conseguirá do trio de Porto Alegre. A acusação fez exatamente o contrário, sustentando a solidez de suas provas e sequer disfarçando o seu viés político. “Lamentavelmente, Lula se corrompeu”, disse o procurador Maurício Gotardo Gerum, alegando que o ex-presidente tinha conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras, que serviria para a “perpetuação de um projeto político pessoal”. A lógica do MPF é cartesiana: se o presidente nomeou os diretores da estatal que engendraram o esquema junto com o clube das empreiteiras, Lula sabia de tudo.  |||  Lula acompanha o julgamento no Sindicato dos Metalúrgicos em São Paulo, enquanto atos de apoio ao ex-presidente começam a ganhar volume país afora. E também movimentos contra Lula, patrocinados pelos MBLs de sempre. “O povo brasileiro estava anestesiando. Agora está acabando o efeito da anestesia e está descobrindo que não fizeram uma cirurgia para melhorar”, discursou Lula, vestindo vermelho.

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