quarta-feira, 12 de abril de 2017

Resultado de imagem para Fotos de trabalhadores em  greve geralGREVE GERAL  só com o  transporte coletivo  PARADO

Antônio Manoel Góes

Resultado de imagem para Fotos de trens parados em greve geralNão há no Brasil tradição de GREVE GERAL, evento que pressupõe, para sua consumação efetiva, a paralisação de todo o sistema de transporte de massa(trens, metrô, ônibus, barcas etc), inviabilizando a locomoção dos trabalhadores e o vaivém cotidiano de transeuntes de um ponto a outro das cidades.

Preocupa-me a incipiência com que é conduzida, pelo menos no Rio de Janeiro, a logística do anunciado movimento,  face às fórmulas um tanto simplórias de concitamento à população para que não arrede pé de casa na sexta-feira, 28 deste mês.

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Embora se tenha costurado uma unidade das diversas frentes de luta contra o governo Temer e o caráter fascista das famigeradas 'reformas' em curso no Congresso, comprou-se  a ideia simplista de que 'está tudo dominado' e já se contaria com generalizada percepção do senso comum quanto aos(previsíveis quão horripilantes) estragos das medidas com que os golpistas avançam a toque de caixa sobre nossas cabeças.

A desmobilização de 14 anos atrás, no nascedouro do primeiro governo Lula, bem assim a desídia com que se deixou ao 'deus-dará' as camadas da população diretamente beneficiadas com os avanços do projeto de inclusão socioeconômica, gerou a 'cultura' do sucesso individual, 'por conta própria', ao arrepio da benfazeja realidade promovida coletivamente pelas ações governamentais.

Descuidando-nos do debate político com a 'nova classe C', todos minimizamos, PT à frente, a relevância desse capital social e nem os ferozes arreganhos dos derrotados nas urnas, que suscitaram o'mensalão' petista promovido pelo consórcio midiático-judicial, motivaram a retomada do contato com as bases populares aquinhoadas pela nova perspectiva inclusiva país afora. 

No ano passado, aqui no Rio,  em meio ao esforço de militantes congregados nas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, em defesa do mandato da presidenta Dilma, que acabou golpeada,  convocou-se uma marcha  com presença do badalado 'Furacão/2000'. Ocorre que a moçada dos morros da zona sul, por conta do recalcitrante discurso lastreado em nossas idiossincrasias, não se motivou a descer até o asfalto e acabamos por assistir a um surreal desfile de frenéticos brancos-classe média   na orla de Copacabana, ao som 'bate-estaca' do esfuziante 'funk' carioca. 

Com efeito, consorciada ao 'empoderamento' oficialista, priorizado nas instâncias majoritárias  do Partido dos Trabalhadores, a comunicação dos governos petistas foi um fiasco,  a partir das lenientes entrevistas de Lula e Dilma na bancada do Jornal Nacional, em consecutivos pós-vitórias nas urnas, sob surreal premissa da 'conciliação de classes', segundo a qual a Globo era 'nossa'. Deu no que deu.

Resultado de imagem para fotos de greve geral no Brasil e no exteriorNossas últimas passeatas no centro do Rio, com expressivos e organizados contingentes do movimento sindical e afins, tirantes falaciosos gigantismos de 'cem mil' em uma e 'setenta mil' em outra, estímularam o crescimento da luta contra o golpe. Escamoteia-se, todavia, a realidade quanto à suposta adesão de amplos bolsões da população,  com estatísticas de enganosa comunicação virtual, adstrita a 'curtidas' de 'wathSaaps','facebooks' e redes sociais similares na internet. 

Alicerçados em convocatórias subliminares da Globo, CBN e BandNews, o que em tese já lhes bastaria,  os 'coxinhas' pró-golpe não desdenharam outras ferramentas convencionais para consolidar seu 'marketing' de remota gênese udenista contra a 'corrupção'. Carros de som, secundados por veículos repletos de jovens com bandeiras, fizeram 'auê' entre a Tijuca e bairros da zona sul do Rio, às vésperas de suas massivas e ultraconcorridas passeatas em verde-amarelo.

Sem aventar o 'imponderável' como determinante para o sucesso da greve 'geral' de 28 de abril, lamentável que nossas frentes de resistência à escalada golpista, escudadas em discutível perspectiva de consolidado 'clima propício' à  exitosa deflagração do protesto nacional, não ocupem diariamente, à exaustão, inclusive em fins de semana, pontos estratégicos de aglomeração popular, na divulgação da greve. Daí o fundado risco  de a empreitada  'não dar liga'. A mídia golpista vai adorar.

O inesquecível Mané Garrincha, na Copa da Suécia, em 1958, ponderou ao treinador de nossa seleção, para quem a vitória brasileira contra a União Soviética estaria garantida, graças ao repertório de dribles do desconcertante ponteiro das pernas tortas:"Tudo bem, 'seu' Feola! Só falta agora combinar com os russos."  

Em nosso caso, falta combinar estrategicamente,  à luz de pertinente didática, com os cidadãos comuns do povo que, na roda viva dos embates pela sobrevivência, ainda têm como parâmetro as 'verdades' da Rede Globo em seu cotidiano.

Por fim, reprisando o título acima: 'greve geral só com o transporte coletivo parado!' No mínimo. Sem isso, convenhamos, nada feito.

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