sexta-feira, 7 de abril de 2017

Os 'hebreus' do 'Bolsonazi'       

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Do AMgóes >>> Entendo impostergável, aqui no blog,  uma reflexão sobre o evento surreal da última terça-feira no Clube Hebraica do Rio de Janeiro(rua Barata Ribeiro/Copacabana), com a ‘palestra’ do notório deputado nazifascista  Jair Bolsonaro.

O fato remete-nos à lembrança do livro ‘Os soldados judeus de Hitler’(abaixo, capa da edição germânica), do historiador norte-americano Bryan Mark Rigg, ele mesmo de ascendência judaica. Tais soldados(judeus), cujas biografias foram coletadas por Rigg, diziam-se desafetos do Sionismotambém chamado de nacionalismo judaico, que historicamente propunha a erradicação da Diáspora Judaica(dispersão dos judeus pelo planeta), com seu retorno  ao atual Estado de Israel. O movimento defendia a manutenção da identidade judaica, opondo-se à integração dos judeus às sociedades dos países em que viviam.

Resultado de imagem para Fotos de soldados judeus do Exército alemãoChocante e impensável para o senso comum ocidental, mas ocorreu. "Com a suástica no peito e sangue judeu nas veias, milhares de soldados das Forças Armadas alemãs foram às frentes de combate em defesa do regime nazista", afirma  Bryan Mark Rigg.

O movimento sionista, embora de pertinente referência, é outro tema, tão apaixonante quanto controverso em seu ideário, cujo mais proeminente exegeta, na segunda metade do século 19 foi o escritor judeu, austro-húngaro,  Teodor Herzl, autor de Der Judenstaat (O Estado Judeu).

Digressões históricas à parte, não abstraiamos o recorrente e degradante genocídio a que têm sido submetidos os palestinos, párias dentro da própria pátria, no pós-ocupação de seu território para a instalação do Estado de Israel, em 1948, por resolução da ONU, face à reivindicação 'bíblica', fazia milênios, do autodeclarado 'povo eleito de Deus'. 

A rearrumação geopolítica no pós-guerra contra o Eixo nazifascista(1945) e a força das megacorporações financeiras transnacionais, predominantemente judaicas, concretizaram o projeto político sionista, de retorno à 'Terra Prometida', ainda que com a traumática e odiosa erradicação da parentela árabe, de idêntica gênese semita.

Milênios afora, os chamados 'judeus errantes' espalharam-se pela Europa, implementando marcas indeléveis de ordem econômica e cultural. Com efeito, deram as cartas, determinantes na construção dos 'Estados modernos', incorporando seu 'modus vivendi' aonde chegassem, mas ensejando arraigada xenofobia dos locais  no processo de interação social. 

Ao lado de negros, comunistas, católicos(em menor proporção) e evangélicos 'testemunhas de Jeová', milhões de homens e mulheres de origem judaica foram exterminados na horripliante 'solução final' de limpeza étnica levada a cabo pelo Terceiro Reich alemão. Dessa forma, causa-nos perplexidade que milhares deles, fugindo ao 'holocausto' e face a concepções políticas adversas, tenham decidido alistar-se nas fileiras da Wehrmacht, a ultrapoderosa força armada dos  intolerantes e alucinados dizimadores de sua gente.

Autor de 'O Vigário', Rolf Hochhuth(1963) descreveu a saga de um padre alemão que não sensibilizou o Vaticano ao revelar, nos primórdios, a matança 'profilática' perpetrada pelos nazistas, face à simpatia ao 'Führer' nutrida pelo cardeal Eugênio Pacelli(depois Pio XII), desde os tempos de núncio apostólico(embaixador) da Santa Sé em Berlim. Pacelli faleceu em 1958, deixando o constrangedor legado de inconcebível leniência em relação às atrocidades do Reich, que jamais denunciou do alto da celebrada força moral como pontífice universal da Igreja Católica.

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Bolsonaro, em maio/2016,  'virou'  evangélico,
 'batizado'  nas águas do rio Jordão,  em Israel.
Mas voltemos à vaca fria. No Brasil, em meio a um golpe de Estado midiático-parlamentar-judicial, outro dantesco cenário: 'honoráveis' integrantes da comunidade judaica carioca, reunidos e contritos no tradicional Clube 'Hebraica', aplaudiram de pé(aos brados de 'mito! mito!') o deputado neonazifascista Jair Bolsonaro que, a exemplo de Hitler, promete deletar da face da terra essa 'raça' abjeta de petistas, comunistas, quilombolas, indígenas, negros e pobres em geral, se chegar ao Palácio do Planalto.

Não à toa que a respeitável entidade judaica 'Filhos da Aliança', atuante faz 85 anos no país, expediu nota de repúdio(abaixo) aos inconsequentes 'bolsonazi' da Hebraica...

NOTA DE REPUDIO DA B'NAI B'RITH DO BRASIL
A B’nai B’rith – Filhos da Aliança, entidade judaica de Direitos Humanos, atuante há 85 anos no Brasil e 175 anos internacionalmente, vem registrar o seu absoluto repudio e indignação pelos pronunciamentos de xenofobia, discriminação e racismo do Deputado Jair Bolsonaro efetuados na oportunidade do dia 3 de abril último no Clube A Hebraica do Rio de Janeiro (assista aqui).
Entendemos e valorizamos o direito à expressão mas também, e muito, o dever de agir com responsabilidade social, respeito ao próximo e aplicação constante do diálogo em prol da construção de uma sociedade igualitária nas oportunidades de convivência harmoniosa.
Vivemos num país continente, composto por um rico mosaico social que busca, constantemente, consolidar-se como uma nação atuante e justa. Temos uma constituição que promove a igualdade de Direitos e estabelece os Deveres de todos para com todos. Somos signatários e participantes de um largo número de entidades e organizações que promovem os Direitos Humanos.
Ficamos desapontados pela irresponsabilidade de alguns em permitir que o referido evento tenha ocorrido e que bandeiras de países, como as do Brasil e Israel, tenham estado presentes neste vergonhoso episódio.
A História recente, de menos de 80 anos atrás, já nos mostrou o que acontece quando discursos de ódio ganham espaço e aceitação. Discursos incitam e levam à ação justificada que destrói, dilacera e mata. Como o ocorrido com mais de 6 milhões de Judeus, por apenas serem Judeus, centenas de milhares de Testemunhas de Jeová, Ciganos e outras minorias, no vergonhoso episódio do Holocausto promovido pelos nazistas chefiados por um desvairado ditador.
Confiamos na sociedade brasileira, em suas instituições e organizações da qual fazemos orgulhosamente parte ativa. Contamos que os nossos representantes, democraticamente eleitos, apliquem os preceitos de nossa Constituição e os valores que ela promove, saibam tomar as medidas cabíveis nesta IRRESPONSÁVEL circunstância, assim como em qualquer outra que vier a manifestar-se no mesmo sentido.
Abraham Goldstein – Presidente Nacional da B´nai B´rith   

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