A farsa se ergue contra um homem que é uma lenda.
Soube dele – e dos projetos tecnológicos da Marinha -na década de 1970.
Eu editava política e nacional no jornal O Globo e recebi ordem da direção
para não publicar uma entrevista sobre o assunto com um oficial da
Armada. Disseram-me que era ordem da censura.
No entanto, quem recebia comunicados da censura – pelo telefone ou em tiras de papel fino – era eu. Desconfiei da história.
Quando o censor de verdade me telefonou – era frequentemente a fonte das notícias “que eu não podia publicar” – fiz-me de desentendido:
– Quem recebe sempre instruções de
vocês sou eu. Por que diabos resolveram proibir por via da direção do
jornal a publicação da matéria tal, sobre pesquisa nuclear da Marinha?
– Não mandamos. Há um erro.
Dois dias depois, a matéria saiu,
ocupando quase a página toda, com uma estranha foto em três colunas do
entrevistado – tratamento digno dos mais nobres “recomendados do nosso
companheiro” (Roberto Marinho).
Voltei a ter
contato com o assunto, anos depois, já no ocaso do regime militar,
quando me encomendaram – eu trabalhava na Universidade Federal do Rio de
Janeiro – um estudo sobre a implantação de uma rede nacional de
televisão regionalizada mais inspirada no modelo da antiga Rádio
Nacional, que operava comercialmente.
Meu interlocutor na Subsecretaria de
Assuntos Estratégicos do Conselho de Segurança Nacional era um doutor em
Física, oficial de Marinha.
Finalmente, no início da década de
2000, na última etapa de minha vida profissional, dirigindo um órgão
público, tive a honra de conviver com cientistas da Marinha brasileira,
responsáveis pelo desenvolvimento das pesquisas nucleares desde que
Álvaro Alberto – que atingiu o almirantado por decisão do Congresso
Nacional – trouxe ao Brasil, no segundo governo Getúlio Vargas, as
primeiras instalações nucleares.
A conspiração atinge a mais alta
patente da carreira científica naval, exatamente no núcleo pensante que
mais compromissos tem com a Pátria e que se empenha, no momento, em
construir as bases para a defesa da Amazônia Azul, onde mora a esperança
de um futuro independente para o Brasil.
Obviamente, não é um juiz de primeira
instância do Norte do Paraná, um procurador movido pela ira do deus
enfezado dos evangélicos radicais ou meia dúzia de covers do FBI que têm tal motivação e poder.
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