quinta-feira, 20 de outubro de 2016

As questões do “pós-prisão”

de  Eduardo  Cunha                

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A cobertura da Globonews festejou a prisão de Eduardo Cunha como a “comprovação” de que a Lava Jato não tem viés político.
O que só corrobora a primeira análise que fiz, em post anterior(AQUI).
A justificativa de que ele é também cidadão italiano e que os recursos ilícitos de que dispõe poderiam auxiliar na fuga é um tapa na cara do STF, que não a decretou, quando pedida por Rodrigo Janot, numa época em que, além da cidadania italiana e do dinheiro, tinha o mandato e tanto poder que, como se viu, derrubou a presidenta da República.
Ou numa tradução simples: o que é motivo para Moro prender não foi para Teori Zavascki recusar a prisão.
Até porque, aparentemente, não há fatos novos: Moro recebeu o processo quinta-feira e a Força Tarefa preparou o pedido de prisão onde o que se acrescenta ao que Zavascki não considerou motivo de prisão é, justamente, a influência de Cunha sobre o Governo Temer:
“Nesse contexto, não há que se falar que seu afastamento do cargo de deputado federal seja suficiente para inibir as atividades obstrutivas do representando, pois mesmo afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha ainda mantém influência nos seus correligionários, tendo participado de indicações de cargos políticos do Governo Temer”.
A terceira questão é sobre a possível delação premiada de Eduardo Cunha que tem um elemento a favor e outro contrário.
A favor, a preocupação em livrar a mulher e a filha da prisão – é inacreditável que se possa discutir, legitimamente, a negociação da prisão de mulher e filha.
Contra,o fato de que Cunha terá de ir muito além do varejo para poder negociar, e aí é preciso saber se: a) as suas relações com Temer vêm ao caso e b) não haverá movimentos para, como dizia Romero Jucá, “estancar essa porra aí”.
Os próximos dias serão de sobressaltos.

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