terça-feira, 22 de agosto de 2017

VENDA DA ELETROBRÁS É RENÚNCIA DO BRASIL A SUA POLÍTICA ENERGÉTICA 

  eletrobras

FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO

Em 1954, o então Presidente  Getúlio Vargas propôs a criação  da Eletrobras, para dotar o Brasil de uma política nacional de energia elétrica, num paós onde faltava, mesmo nas grandes cidades, luz elétrica, o que que dirá energia  para industrializar-se.   |||   O imposto proposto por Getúlio, para “financiar instalações de produção, transmissão e distribuição de energia elétrica” foi aprovado sete dias depois de sua morte, na Lei Nº 2.308, de  31 de agosto de 1954A criação de empresa que ia usá-lo para isso, porém, não.   ||| Durante sete anos um Congresso dominado por forças antipátria  atrasou sua criação – e Vargas citou-a  na Carta-Testamento: “A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero” – só efetivada com João Goulart.   |||   O regime militar,  ditatorial mas não um completo vendilhão da Pátria e tinha vapores de desenvolvimento do país,  preservou-a e expandiu.  Criou, inclusive, outros mecanismos tributários para expandir a produção de energia, portanto, usando nisso dinheiro público.   |||   Sarney arruinou isso, aceitando a articulação de José Serra, que deslocou para os estados consumidores (leia-se São Paulo) o grande peso tributário da energia.  Energia que tem de ser distribuída, a preços perversos, a todas as regiões e áreas do país, não por uma simples “lei de mercado”.   |||   Agora, tal com está fazendo com os direitos do trabalho, o governo Temer prepara-se para ir além do que fez Fernando Henrique Cardoso, que vendeu usinas, linhas de transmissão e concessionárias de distribuição, mas preservou a coluna dorsal do sistema elétrico.   |||   Lula retirou, em 2004, a Eletrobras do Programa Nacional de Desestatização.  A empresa participou da maioria dos programas de expansão da produção de eletricidade no Brasil, diretamente ou através de suas controladas, especialmente Eletronorte e Furnas, tanto quanto como antes havia assumido a distribuição nas áreas menos rentáveis do Norte e Nordeste brasileiros.   |||   Apesar de todo o “depenamento”, o sistema Eletrobrás ainda é responsável por 40% de toda energia que se produz no Brasil ( metade de Itaipu e de Belo Monte) e quase 60 % das linhas de transmissão elétrica.   |||   Agora, o Governo Temer vai entregá-la aos grupos privados, por um valor miserável que equivale a apenas um ano do aumento que impôs aos combustíveis.  Ou seja, nada.   |||   Um país que abre mão do controle de sua capacidade de produzir energia, abre mão de sua capacidade de desenvolver-se.  Talvez Temer tenha razão: já que caminhamos para o passado, que mal há em vender o futuro?

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