DEU PREJUÍZO, VENDE???
OS NÚMEROS DA CASA DA
MOEDA PROVAM QUE NÃO
Prejuízo eventual nunca foi razão para vender empresas
que, ao longo do tempo, eram lucro. Ainda mais quando estas
empresas têm mercados cativos ou semicativos, nas quais, portanto, é o
desempenho da economia e não a competição o responsável por resultados
negativos. ||| É o caso da Casa da Moeda, um ativo
estratégico do qual depende a segurança do dinheiro
brasileiroe de uma série de impressos, desde passaportes até rotulação fiscal. E que sempre deu lucro. ||| No
Facebook, Laura Carvalho, colunista da Folha, recupera um texto escrito há 15
meses, no início do governo golpista, para mostrar que o que era projeto
e agora se pôs em prática, em lugar de significar economia para as contas
públicas, é redução de receita, à medida em que priva o Estado de receber os
dividendos de empresas historicamente lucrativas. ||| Vale
a pena a leitura de um trecho: Pescadores
de ilusões - Laura Carvalho, na Folha,
em 18/05/16
>>> Na profusão de
notícias atribuídas ao governo provisório, constam inúmeras medidas cuja
radicalidade contrasta com a interinidade e a falta da legitimidade conferida
pelo voto. Seria o caso de uma eventual privatização dos Correios e da Casa da
Moeda. Na taxonomia apresentada no “Staff Note” do
FMI intitulado “Accounting devices and fiscal illusions”, cujo conteúdo resumi
na coluna “Rigor Seletivo”, de 15/10/2015, uma das quatro formas de reduzir
artificialmente o deficit público é a dos chamados desinvestimentos, que elevam
receitas hoje em detrimento de receitas futuras. Como
aponta o autor, ainda que a arrecadação oriunda da venda de ativos públicos
possa ser contabilizada como reduzindo o déficit imediato, o governo também
perde os dividendos futuros das empresas privatizadas, o que pode tornar o
benefício fiscal da operação muito menor ou até mesmo inexistente. Os Correios,
que não foram privatizados nem nos EUA por seu caráter estratégico e essencial,
registraram em média R$ 800 milhões de lucro líquido por ano desde 2001 (aos
preços atuais), dos quais ao menos 25% voltaram para a União na forma de
dividendos. Antes do agravamento da crise, o lucro líquido dos Correios chegou
a ultrapassar a faixa de R$ 1 bilhão, em 2012, e o da Casa da Moeda atingiu um
recorde de R$ 783 milhões, em 2013. (Nota do Tijolaço: veja aqui) Outros anúncios recentes reforçam a impressão
de que a gestão das contas públicas pelo governo interino será menos
transparente –além de mais regressiva e contraproducente– do que a posta em
prática pelo governo eleito nos últimos anos. ||| Está claro? Por uns trocados agora, entregamos muito mais
no futuro, como o homem que estripou a galinha dos ovos de ouro.
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