quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Biden  blefa  ao  discutir  com   Lula medidas protetivas e de valorização para os trabalhadores

                              (Foto: Agência Brasil)

Contrariamente ao discurso dessa quarta-feira(20) em Nova York, no encontro com Lula, em meio à enxurrada de intenções voltadas à ‘valorização dos trabalhadores’, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, blefa sobre um tema altamente depreciativo para a História norte americana.

 
                               (Imagem: historiadigital.org)

O país mais rico do planeta foi palco, em 1º de maio de 1886, de violenta repressão policial contra operários na metrópole industrial de Chicago (seus sindicatos reivindicavam a redução da jornada de trabalho, de 13 para 8 horas), com mortos e feridos entre os manifestantes, de cujos líderes 4 foram condenados à morte na forca e outros levados à prisão perpétua, todos sem culpa formada nos tribunais.


Tanto que, na esteira das sequelas do massacre de Chicago, o Dia do Trabalho, convalidado em 1º de maio, na 2ª Internacional Socialista de 1889, em Paris, foi oficializado nos EUA na primeira segunda-feira de setembro, pretensamente para escamotear a memória das atrocidades de 1886.

                                                 (Foto: anarquista.net) 

Todavia, o memorial às vítimas de Chicago tornou perene a lembrança do assassinato de operários na frase de seu frontispício: “Um dia, nosso silêncio será mais forte do que as vozes que vocês hoje estrangulam’.

Embora Biden reitere, desde a campanha eleitoral, que “o capital humano é o principal ‘ativo’ das empresas, fonte de crescimento e expansão dos negócios”, daí indispensável a valorização do trabalhador, as práticas neoliberais, implementadas no século passado e até hoje vigentes, derrubam as ‘bem intencionadas’ declarações do governante do ‘Big Brother’ do hemisfério norte.

                                                     (Foto: Hora do Povo)

A despeito de nossa celebrada Consolidação das Leis Trabalhistas, promulgada pelo presidente Vargas9foto acima) em 1º de maio de 1943, acabamos por anular a estabilidade emprego em 1967, na Ditadura Militar, com a instituição do FGTS e subsequente primado da ‘demissão imotivada’ que prioriza interesses patronais no confronto com a perspectiva de segurança do trabalhador, daí em diante submetido a um regime de ‘ou dá ou desce’: ou opta pelo ‘Fundo de Garantia do tempo de Serviço’ ou vá procurar trabalho noutra freguesia.

                                                    (Foto: Agência Brasil) 

Os tempos são outros e as relações de trabalho foram impactadas pelas tecnologias digitais, repetindo, dois séculos depois, dilemas análogos ao nascedouro da Revolução Industrial. O sequencial aviltamento das regras trabalhistas desaguou, entre nós, na ‘era dos PJ’, transformando o clássico ‘assalariado’ em trabalhador ‘por conta própria’, inclusive escamoteado com as ‘facilidades’ do expediente ‘home office’(Já pensou? Trabalhar em casa de pijama ou camisola? A qualquer hora do dia, da noite ou madrugada, sem relógio de ponto? Os invejosos podem até chamar de ‘trabalho escravo’, mas é chique...)

A precarização da mão de obra, a partir dos sistemas robotizados, até a ‘inteligência artificial’, gerou legiões de desempregados nos Estados Unidos e demais países ditos ‘desenvolvidos’, em cujo interstício de adaptação à nova realidade laboral afundam nas incertezas da luta cotidiana pela sobrevivência.

                                                          (Imagem:IStock) 

O ‘capital humano’, contrariamente à retórica de Biden, não é mais ‘principal ativo’ das empresas, substituído por parafernálias automatizadas que só param de produzir na eventual troca de um ‘chip’, ‘alma mater’ de seu funcionamento, sem hora para almoço nem descanso semanal remunerado e muito menos férias anuais. Diante de qualquer ‘desprogramação’, chame o 'TI' terceirizado, que ele resolve...

                                                         (Foto: Blog ESEG) 

Enquanto por aqui nos debruçamos, faz tempo, na cruzada contra o trabalho infantil, 14 dos 50 estados norte-americanos derrubam leis protetivas de crianças e adolescentes, em particular filhos(as) de imigrantes chegados ao (falacioso) ‘paraíso da democracia’, a quem impõem até atividades noturnas e insalubres, em troca de 50% do salário mínimo conferido aos adultos.

                                                   (Foto: Valor Econômico) 

Lula causa espanto ao incensar o colega Biden, subitamente ‘beatificado’(ou ‘canonizado’?) como ‘padroeiro’ dos trabalhadores do planeta. E só não o proclamou ‘socialista’ porque cairia mal um elogio ‘esquerdizante’, nesta quadra de guerra híbrida contra malvados chineses comunistas, também(como os russos) ‘devoradores de criancinhas’...   

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