Flávio
Dino e o hegemônico ‘fogo amigo’ do PT
Aos
55 anos, o maranhense FLÁVIO DINO de Castro e Costa é advogado, mestre em
Direito Constitucional e professor da Universidade Federal do Maranhão.
Filiado
ao PT em 1986, coordenou o comitê universitário da campanha de Lula-presidente(1989) no Maranhão.
Juiz federal(1º lugar no concurso público, 1994), exerceu a magistratura por 12
anos, a que renunciou em 2006 ao se eleger deputado federal pelo PCdoB, em cuja sigla e coligação com PSB, PPS e outros
partidos, desmontaria em dois pleitos consecutivos a sexagenária oligarquia
Sarney, representada por Lobão Filho e a filha Roseana, ex-governadora em dois
mandatos. Em 2022, já no PSB, foi eleito senador e, integrante do grupo de
transição do governo Lula-3, nomeado ministro da Justiça e Segurança Pública.

Preferido
pelas bases locais do PT, Flávio Dino não contou com o apoio oficial do partido
de Lula em 2014 e 2018, cuja direção nacional optou pelas candidaturas ‘sarneyzistas’
consecutivamente derrotadas no primeiro turno. O ‘supremo’ comando do chamado ‘paulistério’ petista submeteu-se
ao masoquismo político de dois sequenciais tiros no pé, em nome de ‘acordos’ com
o desgastado ex-presidente que manipulara
a política do Maranhão por mais de meio século, desde as bênçãos da ditadura que
descartou o velho oligarca então dominante, Vitorino Freire. Aos 34 anos, apoiador
do golpe de 1º de abril de 1964, o jovem udenista José Sarney foi ungido pelos generais
na longeva carreira que o levaria à presidência sob ‘jeitinho brasileiro’, como
‘vice’ (não empossado) do subitamente falecido Tancredo Neves, com quem fora
eleito por via indireta no Congresso(1985), nos estertores do regime
autoritário.

Voltemos
ao personagem principal de nosso ‘enredo’. Um dos dois proeminentes ministros no
terceiro mandato do presidente Lula (o outro é Fernando Haddad, da Fazenda), recém-aventado
para a iminente vaga no STF com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, Flávio
Dino também já é relacionado como precoce
presidenciável, caso o atual governante decline de eventual reeleição(aos 81 anos)
em 2026.
Embora
se declare ‘feliz’ na Pasta da Justiça, onde opera com singular desenvoltura,
Dino não descarta as especulações que o cercam, o que implicou, de pronto,
sutil acionamento do ‘fogo amigo’ do Partido dos Trabalhadores, cujo projeto
hegemônico, na rota do ‘pós-Lula’, não projeta o debate interno sobre quadros
para além dos muros petistas, conquanto do mesmo espectro ideológico, onde
viceja, por exemplo, embrionariamente, o nome de Guilherme Boulos(Psol), ora
pré-apoiado para a prefeitura paulistana em 2024, dado o compromisso, de ‘porteira
fechada’, do atual presidente.

Influentes
figuras do PT no governo trabalham pelo titular da Justiça no Supremo, desde que
a Pasta seja conferida à presidenta do Partido, deputada Gleisi Hoffmann. A par
de outras respeitáveis sugestões, que também envolvem a sucessão na Procuradoria
Geral da República, Lula, ressabiado por controversas indicações do passado (Joaquim
Barbosa e Tofffoli, por exemplo), esgota todas as alternativas em torno da confiabilidade
institucional, apesar dos açodados atiradores de plantão de seu grupamento
partidário. Aguardemos os próximos e decisivos capítulos dessa novela, digna de
tramas urdidas pelo talento dos finados Dias Gomes e Janete Clair.
(Antônio
Manoel Góes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário