quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Do antológico discurso de Lula

na ONU ao ódio estrutural da

extrema-direita

                                                                                                                               (Foto: Veja) 

Não me atenho aos relevantes detalhes do discurso do presidente Lula na ONU porque já passaram ao amplo domínio em todas as mídias, mesas de debate acadêmico e rodas de conversas triviais, aqui e mundo afora.

As sete interrupções com aplausos à retórica do governante brasileiro sinalizam a enfática concordância dos representantes de 193 Estados, integrantes do organismo internacional, instituído no rastro da tragédia do conflito contra o eixo nazifascista que matou 70 a 85 milhões de homens, mulheres e crianças, equivalentes a 3% da população planetária na década de 1940 (de 2,3 bilhões de humanos).

                                             (Ricardo Stuckert-Ag.Brasil) 

Lula centralizou sua mensagem na recorrente ‘desigualdade’ que preserva o império dos 10% mais ricos sobre bilhões de pobres e miseráveis, notadamente em regiões do sul global, sem perspectiva de concreta alteração nesse quadro de apropriação das riquezas da Terra. Ele deplorou que promessas de subsídios em fóruns internacionais, para fazer face à derrocada ambiental e climática em curso, permanecem no papel, sob o controle de embolorada geopolítica, segregadora e unilateral.

Em nosso âmbito doméstico, persiste a resiliência do ódio estrutural de expressivos bolsões de compatriotas contaminados na pandêmica eclosão do destruidor bolsonarismo, a nova face dos ditos ‘conservadores’, assumidamente de ‘extrema-direita’. Com efeito, todo extremista se declara ‘patriota’, na alucinada salvaguarda de ‘princípios cristãos’, sem os quais só nos restariam doloridos e alucinantes ranger de dentes. Daí, outrora sociáveis de ‘centro-direita’, embora defensores de inconsistentes e enganosas pautas neoliberais, passarem a radicalizar à luz de segregacionista intolerância aos ‘contrários’ rotulados como ‘indesejáveis’ e passíveis até de ‘asséptica’ eliminação.

                 
                                                                        (Foto: SrZD)
Odiar e destruir oponentes, que propõem generalizado acesso aos frutos sazonados do planeta, é palavra de ordem difundida, em particular, nos circuitos religiosos(de majoritários evangélicos ‘pentecostais’, mas também de católicos 'carismáticos'), em cujos preceitos excludentes sobressai o indefectível ‘só Jesus salva’, a desqualificar alternativas contrapostas ao messiânico fundamentalismo que embute falaciosos interesses corporativos, de viés predominantemente econômico.

Para a extrema-direita, a celebração do ódio é pertinente, funcional e lucrativa, como assevera o deputado-pastor Henrique Vieira(Psol/RJ), contrapondo-se, entre os seus, ao instigante ‘evangelismo de resultados’.

                                                  (Foto: Brasil de Fato) 

Enquanto Lula lava a alma verde-amarela na ONU, a cobrar dos capitalistas a devolução de nossa usurpada ‘mais-valia’, a extrema-direita expõe, sem cerimônia, seus odiosos e seletivos instintos, com os quais pretende sentar praça ‘ad eternam’ por aqui. Assim, urge derrotá-la, na certeza de que um país menos desigual é concretamente possível.

(Antônio Manoel Góes)

 

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