Do antológico discurso de Lula
na ONU ao ódio estrutural da
extrema-direita
(Foto: Veja)
Não
me atenho aos relevantes detalhes do discurso do presidente Lula na ONU porque já
passaram ao amplo domínio em todas as mídias, mesas de debate acadêmico e rodas
de conversas triviais, aqui e mundo afora.
As
sete interrupções com aplausos à retórica do governante brasileiro sinalizam a enfática
concordância dos representantes de 193 Estados, integrantes do organismo internacional,
instituído no rastro da tragédia do conflito contra o eixo nazifascista que
matou 70 a 85 milhões de homens, mulheres e crianças, equivalentes a 3% da
população planetária na década de 1940 (de 2,3 bilhões de humanos).
(Ricardo Stuckert-Ag.Brasil)
Lula
centralizou sua mensagem na recorrente ‘desigualdade’ que preserva o império
dos 10% mais ricos sobre bilhões de pobres e miseráveis, notadamente em regiões
do sul global, sem perspectiva de concreta alteração nesse quadro de
apropriação das riquezas da Terra. Ele deplorou que promessas de subsídios em
fóruns internacionais, para fazer face à derrocada ambiental e climática em curso, permanecem no papel, sob o controle
de embolorada geopolítica, segregadora e unilateral.
Em
nosso âmbito doméstico, persiste a resiliência do ódio estrutural de expressivos
bolsões de compatriotas contaminados na pandêmica eclosão do destruidor
bolsonarismo, a nova face dos ditos ‘conservadores’, assumidamente de ‘extrema-direita’. Com efeito, todo extremista se declara ‘patriota’,
na alucinada salvaguarda
de ‘princípios cristãos’, sem os quais só nos restariam doloridos e alucinantes
ranger de dentes. Daí, outrora sociáveis de ‘centro-direita’, embora defensores de inconsistentes
e enganosas pautas neoliberais, passarem a radicalizar à luz de segregacionista
intolerância aos ‘contrários’ rotulados como ‘indesejáveis’ e passíveis até de ‘asséptica’
eliminação.
Para
a extrema-direita, a celebração do ódio é pertinente, funcional e lucrativa,
como assevera o deputado-pastor Henrique Vieira(Psol/RJ),
contrapondo-se, entre os seus, ao instigante ‘evangelismo de resultados’.
(Foto: Brasil de Fato)
Enquanto
Lula lava a alma verde-amarela na ONU, a cobrar dos capitalistas a devolução de
nossa usurpada ‘mais-valia’, a extrema-direita expõe, sem cerimônia, seus odiosos
e seletivos instintos, com os quais pretende sentar praça ‘ad eternam’ por
aqui. Assim, urge derrotá-la, na certeza de que um país menos desigual é concretamente possível.
(Antônio Manoel Góes)
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