terça-feira, 13 de setembro de 2016

A   dobradinha  PF-imprensa 

golpista   comete   mais   um   

assassinato  de  reputação      

Luis Nassif                                    

A Globonews 'prendeu' nesta qterça-feira(13) uma pessoa que continua  solta. Como se dá esse fenômeno?
A Globonews dá a manchete:
"Sobrinho do governador Fernando Pimentel está preso em São Paulo pela Operação Acrônimo".
No exato momento da notícia, o sobrinho em questão, Felipe Torres, estava dando expediente normal no seu trabalho. Facilmente localizável nos telefones habituais.
Sobrinho da primeira esposa do governador Fernando Pimentel, Torres foi praticamente criado pelo tio. Abandonou uma carreira de executivo do setor privado em São Paulo e foi a Belo Horizonte assessorar Pimentel. Uma de suas primeiras medidas foi afastar Benedito Rodrigues Oliveira Neto, o Bené. Suspeitava-se que Bené estaria montando operações suspeitas utilizando o nome do governador.
Tempos depois, Bené foi preso em uma operação da PF e recorreu ao instituto da delação premiada.
Aí começa o jogo político:
1. Sai notícia em jornal acusando Pimentel de ter se tornado sócio de um restaurante de Torres. A única fonte da notícia era Bené. Nenhuma prova, nenhuma evidência maior.
2. Os advogados de Torres solicitam acesso à delação. No dia 20 de julho o juiz federal instrutor Gustavo Pontes Mazzocchi encaminha a ordem à Superintendência de Política Federal e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). A resposta é que não havia nenhuma ação em tramitação contra Torres. Mesmo assim, ele se coloca à disposição para qualquer esclarecimento.
3. Hoje estoura a 7a Etapa da Operação Acrônimo. Todos os jornais online divulgam a notícia da condução coercitiva de Torres a São Paulo para depor. Não havia. Ele apenas foi convidado a depor agora à tarde, em Belo Horizonte, sem ser de forma coercitiva.
A Globonews noticia sua prisão. E ele em Belo Horizonte, dando expediente normal.
Felipe Torres garante que nada será encontrado contra ele. Ele teria as comprovações de que investiu sozinho no restaurante e depois o revendeu para a própria empresa franqueadora.
Há uma possibilidade de ele ser culpado; outra possibilidade, de ele ser inocente. E se for inocente? E se o tal Bené meramente o incluiu na delação por vingança ou para atender a propósitos políticos dos investigadores?
Pouco importa. Sua imagem já foi exposta na mídia, consumado o assassinato de reputação. Se nada for apurado contra ele, mais à frente, haverá apenas uma sentença inocentando-o no tribunal de Justiça. Ou então o MPF simplesmente não procedendo à acusação. Na mídia, continuará condenado. E sem nenhum constrangimento para os que montaram a armadilha, nem delegados, nem repórter, nem o jornalismo da Globonews e de outros jornais.
Quem ousar afirmar que se vive um estado de direito, mente.

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