sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Kadafi, Palocci, a Veja

e o esgoto da  História

                    

EUGÊNIO ARAGÃO(*), no DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO

O ex-ministro Palocci está no desespero. Não é para menos. Há mais de ano trancafiado à disposição do juiz Sérgio Moro e ver companheiros do cárcere  liberados após abrirem a boca, não aguenta mais. Enquanto o ex-ministro José Dirceu, com sua força de vontade e retidão de caráter, lhe fazia companhia sem ceder ao canto dos torturadores, Palocci se mantinha firme.  |||  Mas, depois que passou a ficar só, desmoronou e exibiu toda sua personalidade fraca: fala qualquer coisa que lhe pedem, implorando para aceitarem sua colaboração. Pouco lhe importa, a esta altura, se destrói, com mentiras, reputações e o projeto de país que o PT simboliza, o projeto de que fez parte.  |||  A mais nova estória da carochinha é a relação em Lula, o PT e o regime de Kadafi. A Veja – o esgoto jornalístico de sempre – traz, na capa, a suposta informação que viria do alquebrado Palocci: Kadafi teria doado, por debaixo dos panos, um milhão de dólares para a eleição de Lula em 2002.  |||  Chega a ser risível. Em 2002, Lula e o PT estavam longe de ter a projeção internacional que lograram em 13 anos de governo. E, para atribuir um mínimo de plausibilidade à notícia sem pé nem cabeça, retratam Lula em troca de risos e abraços com Kadafi em evento oficial, na Venezuela.  |||  Ora, quem conhece Lula sabe bem que risos e abraços são seu hábito permanente com Chefes de Estado estrangeiros. É só ir ao Google e buscar imagens de Lula com Schröder, com Tony Blair, com Obama, com Putin, com George Bush Jr. ou com Mandela: lá está ele sempre aos risos e com toques pessoais. É seu jeito de homem simples e afável.  Será que todos esses personagens deram um milhão de dólares para Lula e o PT? Só gargalhando.  |||  O pior nisso tudo é que, mesmo cientes, todos nós, do estrago que a campanha de ódio doentio dessa revista e de suas gêmeas da editora Três, do grupo Globo e de publicações criminosas do gênero fizeram à política brasileira, permite-se que continue nesse seu esforço de impedir, com seu jogo sujo, que quem não faça parte do clube do andar de cima volte a governar o País.

(*) Eugênio Aragão, professor universitário e procurador da República aposentado, foi ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff.

PS DO AMGÓES - Eis a prova 'irrefutável' da VEJA: Em 2011, o deputado Jair Bolsonaro foi à tribuna da Câmara para criticar a criação da 'Comissão da Verdade' e apresentou a "denúncia" de que, em 1981, o líder indígena Marcos Terena teria ido com Lula à Líbia a fim receber doação de Muamar Kadafi para ajudar na formação do PT...

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