quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Odebrecht: os laços de família são  apenas   o  dinheiro

   lacosdefamilia

FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO

Estarrecedora a reportagem(AQUI) da Folha de S. Paulo sobre o clima de apreensão no império Odebrecht com a iminente soltura do delfim Marcelo, preso há dois anos.  |||  Ao contrário do que deveria ser um momento de alegria, com a volta ao convívio com o filho do patriarca Emílio, “o ambiente, de acordo com executivos e delatores ouvidos pela Folha, é de preocupação”.  |||  De acordo com pessoas com acesso ao empresário na prisão, ele se mostra insatisfeito com um acordo cujo resultado considera extremamente injusto, principalmente no que se refere à sua participação no pagamento de propina. Há o temor de que aponte omissões e imprecisões no acordo, tema frequente de conversas de quem o visita em Curitiba.  |||  Ou seja, de que começa a evidenciar que as dezenas de delações de executivos da empresa – todos devidamente recompensados com prêmios em dinheiro do “patrão” – foram, na verdade, uma “conta de chegar” ao que deles exigia a Procuradoria Geral da República, no que até então – antes da JBS – era a “jóia da coroa” do jusdedurismo implantado no Brasil.  |||  Porque, como registra o jornal,  a delação “foi arquitetada por Emílio, que via nesse instrumento a única maneira de salvar os negócios da falência” e causou o rompimento entre  pai e filho. Se um filho não importa à construção de uma narrativa que renda frutos nos negócios do império, o que importaria a verdade?  |||  Tanto é assim que o jornal diz, já no título que o medo é que ele “aponte mentiras” no que foi delatado ou, é possível imaginar, que construa as suas próprias inverdades, para melhorar ou manter os termos de sua condenação.  |||  Além do pai, Marcelo, diz a Folha, estaria “rompido” com a irmã, Mônica, com o cunhado, Maurício Ferro, que também é diretor no grupo, e com a mãe, a quem era muito ligado, além do diretor jurídico do grupo, Adriano Maia, operador do acordo de  delação.  |||  Não admira que, para um clã que se confunde com um império de negócios, os laços de família sejam mais fracos que as correntes do dinheiro.  |||  O que admira é que a Procuradoria da República não dê a mínima importância ao que pode haver de mentiras num acordo de delação que – sem tirar nem pôr de forma idêntica ao da JBS – é apenas uma operação de salvação comercial, ainda que isso custe a honra e a liberdade de terceiros.

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