sábado, 20 de julho de 2019

Os  melhores  em  Educação  no mundo ainda estão insatisfeitos com seus resultados 

O olhar atento às necessidades de cada criança é uma das marcas do sistema finlandês (Foto: Tor Wennström/Lehtikuva/Finland Promotion Board)
O olhar atento às necessidades de cada criança é uma das marcas do sistema finlandês
 (Foto: Tor Wennström/Lehtikuva/Finland Promotion Board)

 Da revista ÉPOCA


Os estudantes da Finlândia e da Coreia do Sul têm notas de fazer inveja. Mesmo com modelos de educação tão diferentes, os dois países aparecem no topo de avaliações internacionais. O sistema finlandês, centrado na cooperação e na autonomia, foi o mais bem avaliado entre 40 países pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit em 2012. Em segundo lugar, apareceu o competitivo e disciplinador sistema sul-coreano. O estudo, chamado de 'The Learning Curve(A Curva de Aprendizagem)', levou em conta mais de 60 indicadores quantitativos e qualitativos, como taxas de alfabetização e de conclusão de níveis de ensino.  ➤  Entre os índices usados, está o do PISA(Programa Interna cional Avaliação de Estudantes), a principal aferição global sobre a qualidade da Educação. Aplicada a cada três anos(a partir de 2000) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE), a prova analisa o desempenho de alunos de 15 anos em dezenas de países. Já na  edição do PISA, em 2010, a Finlândia e a Coreia do Sul estavam, respectivamente, em terceiro e quinto lugares, na média dos quesitos avaliados – Leitura, Ciências e Matemática. Bem à frente do Brasil, que ficou na 54ª posição entre 65 países.   ➤   Os bons resultados, no entanto, não conferiram tranquilidade aos dois países.  Finlandeses e sul-coreanos querem subir ainda mais no 'ranking' e se consolidar como modelos para todo o mundo.  ➤   Os finlandeses podem não ser competitivos na escola, mas, a nível global, a história é outra. Saber que a Suécia se saiu melhor em algum quesito em testes internacionais, como resolução de problemas, é uma tragédia – mesmo que a Finlândia tenha ficado com a ótima segunda posição. A rixa é semelhante à existente entre Brasil e Argentina no futebol.   “Eu não posso ficar dois minutos feliz com os resultados. A Educação é tão importante que sempre há trabalho por fazer. Temos que ser ainda melhores em várias áreas”, disse a ministra da Educação da Finlândia, Krista Kiuru, na 'Latim America Leadership Summit', evento promovido em São Paulo(2013)  pela BETT, uma feira britânica voltada para a  tecnologia educacional.   ➤  Os finaldeses enbfrentavam, à época, alguns desafios. O número crescente de imigrantes elevara  a atenção para um dos pilares do sistema, o de manter o mesmo nível de qualidade em todas as escolas públicas primárias no país escandinavo.  “Temos que apoiar todas as escolas, mas algumas precisam de ainda mais suporte, porque há o risco da segregação e há a entrada de crianças com diferentes níveis de aprendizado”, afirmou a ministra.  ➤    O sistema de excelência da Finlândia tem cerca de 50 anos, e os adultos que o frequentaram tiveram resultados excelentes  em comparação a outros países.
Porém os mais velhos não foram tão bem. “É uma prova de que o sistema funciona. Mas nós devemos deixar de lado aqueles que não tiveram acesso ao nosso sistema altamente qualificado? Não podemos perder esse potencial. Temos que aprimorar as habilidades de todos. Senão, teremos falhado”, disse a ministra. A atenção do governo volta-se, faz anos,   para os adultos com idade acima dos 50 anos. Todos podem e devem aprender, sem exceção. Essa é a maior lição da Finlândia, que vê a Educação como um fator-chave para o bem-estar social e o crescimento econômico(Angel Pérez Gómez: “Novas tecnologias com velhas pedagogias não servem para nada”).   ➤   Os problemas na Coreia do Sul são mais dramáticos. As crianças já saíram muito bem nos testes internacionais, mas ainda  são as mais infelizes do mundo desenvolvido. E o desempenho caiu desde o começo desta década.   Um em cada cinco alunos da Educação básica já pensou em cometer suicídio. A maioria tem baixa confiança, habilidades interpessoais insuficientes e menos interesse em aprender.  ➤   Aliado a outros fatores, a competitividade, que foi importante para a reconstrução do país após a Guerra das Coreias na década de 1950, passou a cobrar seu preço, com as famílias pressionando os filhos a fim de serem bem-sucedidos. Para tanto, passaram a gastar cerca de 40% da renda familiar com cursos extracurriculares.   ➤   "O avanço das escolas particulares comprometeu uma das bases do sistema sul-coreano, a de oferecer oportunidades iguais a todos", afirmou Sang Kon Kim, superintendente da Secretaria de Educação da província de Gyeonggi. “Se estamos realmente comprometidos com o futuro de nossas crianças, precisamos mudar o sistema educacional. Ao mesmo tempo, uma reforma educacional bem sucedida deve coincidir com uma reforma social que respeite a dignidade humana”, ponderou.   ➤   Segundo Kon Kim, mudanças começaram a ocorrer  em Gyeonggi para humanizar o ensino. As crianças trabalham em projetos colaborativos e os professores procuram estimular melhor a comunicação entre elas. No lugar da dura disciplina, a valorização do estudo autodirigido e da autonomia do aprendizado.    ➤   A expectativa é que as alterações, aliadas aos pontos altos do sistema educacional, que são a excelente infraestrutura e os professores altamente qualificados, permitam à Coreia do Sul manter  sua liderança nos 'rankings' mundiais.   ➤   “Mesmo melhores sistemas do mundo têm dificuldades, porque a mudança é limitada. A Educação depende das pessoas para que as transformações aconteçam. Elas devem ter vontade e coragem de mudar. Infelizmente, essas pessoas não estão em todos os lugares. Na Finlândia, há ótimos professores fazendo coisas incríveis e, na escola ao lado(nos EUA), professores que apenas seguem a rotina”, afirmou a ÉPOCA Anthony Salcito, vice-presidente de educação da Microsoft, que visita dezenas de países por ano para conhecer desafios e usos inovadores da tecnologia em sala de aula.   ➤  Para o especialista, é nos momentos de crise que as mudanças são impulsionadas. No caso da Coreia do Sul, Salcito viu a baixa criação de empregos como um agravante da insatisfação dos jovens. “Os estudantes não foram preparados para o  'empreendedorismo' e criarem seus próprios empregos. É hora de ver outras oportunidades.”   ➤    Anthony Salcito afirmou que a insatisfação dos melhores sistemas do mundo é algo positivo, porque sempre é possível fazer mais para ajudar os estudantes. “Em todo lugar do planeta, os pais querem a mesma coisa para seus filhos: que sejam bem-sucedidos, que fiquem seguros, sejam felizes e atinjam seus potenciais. As crianças querem saber que tudo é possível, que podem sonhar.” ➤ Consequentemente, governos e educadores trabalhando para  as pessoas realizarem os sonhos que precisam construir,  com a manutenção de sistemas de ensino de excelência.  

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