sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

A farsa do  Queiroz
e  o  jornalismo  de 
esgoto  do  SBT  

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                                                          Débora Bergamasco                                      Fabrício Queiroz

RENATO ROVAI na REVISTA FÓRUM   


Se os R$1,2 milhão que circularam na conta de Fabrício Queiroz são de compra e venda de carros, por que eram depositados por assessores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e retirados do banco sempre em quantias menores do que   R$5 mil?Entre os jornalistas, o SBT já vem sendo chamado de ‘Sistema Bolsonaro de Televisão’, tamanha a desfaçatez com a qual a emissora de Silvio Santos aderiu ao novo governo. Entre outras bizarrices, resgatou o programa ‘Semana com o Presidente’ e o slogan ‘Brasil, Ame-o ou Deixe-o’. Ambos, produtos embolorados da ditadura militar.  Mas não foi só isso que o SBT fez para se tornar mais amigo do novo rei do que outros grupos de comunicação. Também foi se livrando de jornalistas mais sérios e contratando aqueles que fazem qualquer coisa para “subir na vida”.   |||    A entrevista dessa quarta-feira(26) com Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na ALERJ, foi o encontro desses projetos. O dos interesses do dono do veículo, do governo que vai assumir e de uma profissional que tem feito qualquer coisa para aparecer, mesmo que seja jogar todos os fundamentos básicos do jornalismo no lixo.  Tão bizarras quanto as respostas de Queiroz, foram as perguntas e as não-perguntas da repórter Débora Bergamasco.  A quem interessar possa, a moça foi a autora da capa contra Dilma Rousseff na Isto É em que Dilma é apresentada como tendo surtos de descontrole e quebrando móveis no Planalto. Uma capa absurdamente machista e mais do que isso, feita só com base no “ouvi dizer”.   |||   Bergamasco também foi a autora da capa da delação de Delcídio, que escondia tudo o que havia contra Aécio Neves no depoimento. E que, segundo colegas de redação da IstoÉ,  naquele tempo, foi obtido via Aécio Neves, que, inclusive, estava com a revista em mãos numa reunião de líderes do Congresso, antes mesmo que o impresso semanal  houvesse chegado às bancas.  Não é incomum esse tipo de trajetória de jornalistas que fazem qualquer coisa para subir profissionalmente. Débora Bergamasco é só mais uma entre tantos.   |||   Nessa última quarta,  a entrevista já começou num jogo de cena sobre a doença do entrevistado. Ele falou que está 'defecando sangue'(?) e a jornalista lhe pediu permissão  para voltar ao assunto mais tarde. Ah, tá certo! Quer dizer que alguém, que ora fugindo de depoimentos e acusado de participar de um esquema de corrupção envolvendo o futuro presidente da República, insinua estar com câncer e você pede 'autorização' para tratar do assunto com ele depois? É mais fácil acreditar nas respostas do Queiroz.   |||   A entrevista seguiu com perguntas dóceis e sem qualquer contestação. O entrevistado dise que comprava carros de segurados para vender e que era bom de negócios. A jornalista não perguntou quantos carros ele comprou e vendeu e se tinha esses registros, afinal carros são adquiridos com documentos de compra e venda. E não com pedaços de papel no bar da esquina. Principalmente de seguradoras.  A jornalista perguntou o nome do médico que atendeu Queiroz quando ficou internado e ele disse  lembrar-se só do primeiro nome. Ela não insiste em saber mais nada. Nem perguntar quem o apresentou ou quais as referências do tal doutor. Sequer o nome do hospital.   |||   Outra pergunta inocente, que qualquer cidadão que não tivesse cursado jornalismo faria: se os R$1,2 milhão que circularam na conta dele são de compra e venda de carros, por que eram depositados por assessores da ALERJ e retirados do banco sempre em quantias menores do que R$5 mil. Às vezes em três agências diferentes no mesmo dia.  E, mais básico ainda, por que eram depositados em dias próximos aos pagamentos desses servidores.   |||   Em relação à família do Queiroz, a entrevistadora deixou barato a história da filha que é personal trainer, mas que trabalhava na “área de mídia” do gabinete de Flávio, segundo o entrevistado. Nem um “como assim?” escapou da boca de Bergamasco.  "Como assim uma pessoa formada em educação física é a responsável pela área de mídia do gabinete de um deputado estadual?"  Talvez até num descuido essa pergunta escaparia, tamanha a desfaçatez da desculpa.   |||   Evidente que o que se deu nessa quarta(26) com Fabricio Queiroz, já processado em outros tempos por falso testemunho, foi não foi uma entrevista. Foi um encontro negociado entre o Sistema Bolsonaro de Televisão e o futuro presidente da República, tentando colocar panos quentes no assunto que está queimando a imagem do recém-eleito. E Sílvio Santos escolheu sua nova imagem do jornalismo(de esgoto) da casa para fazer o serviço ao estilo que Débora fazia na IstoÉ.  Mas, a despeito de tudo isso, a entrevista é reveladora de como a situação de Bolsonaro e sua tropa tende a se complicar se tal investigação avançar.   |||   Queiroz é um limítrofe. Uma pessoa que não consegue articular três frases sem cometer erros de português e de raciocínio. Certamente tem outras habilidades ou não ganharia R$23 mil por mês nem empregaria toda a família em diferentes gabinetes dos Bolsonaros, no Rio e em Brasília. Mas essas habilidades não resistem a um interrogatório bem feito e a uma apuração dos fatos com documentos.  As desculpas que ele escolheu são tão simplórias que qualquer ida a um cartório no Rio de Janeiro basta para desmontá-las.   |||   O fato é que a cada dia que passa a saga de Bolsonaro fica mais parecida com a de Fernando Collor. Até a camiseta usada por sua esposa Michelle provocando Lula e seus eleitores remetem a isso. Collor era mestre em usar camisetas. Uma que carregava a frase “o tempo é o senhor da razão”, nunca me saiu da memória. O tempo é o senhor da razão e essa suposta entrevista será tratada como o que foi quando a verdade vier à tona. Como uma farsa.

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