Toffoli, o dócil,
suspende liminar que soltaria “o perigoso Lula”
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
O Supremo Tribunal Federal vai confirmando a pequenez a que está disposto a se reduzir. Toda a conversa fiada sobre o risco de “libertar milhares de presos”, de fato, reduziu-se ao 'perigo' de libertar um único preso, um homem de 72 anos: Lula. Toda essa história de prisão com decisão de 2a. instância tem a marca do ódio ao ex-presidente. ||| O STF revogou, no finalzinho de 2016, já de olho no que se fariam com Lula, a regra vigente de que prisão – salvo em caso de risco à ordem pública ou ao andamento do processo – só poderia ocorrer após o trânsito em julgado de sentença pois, como estabelece a Constituição, só então alguém pode se considerado culpado. ||| O Supremo adiou, vergonhosamente – como não cessa de reclamar Marco Aurélio Mello – o julgamento do recurso a essa absurda decisão. Votou, apenas, o habeas corpus de Lula, para que desabasse sobre a fragilíssima Rosa Weber o peso que a fez votar contra, mesmo dizendo-se a favor. ||| Não há, ali no STF, nenhum “bobo”. Marco Aurélio Mello deu a liminar sabendo que Toffoli a revogaria, mesmo sendo isso um atropelo às tradições da Casa. E a deu porque Toffoli descumpriu a promessa de colocar em votação, assim que passadas as eleições, a votação das cautelares que revogariam a regra da prisão antes do trânsito em julgado. ||| Na última quarta(18), anunciou(tal votação) para 10 de abril, já com três meses e meio do reinado de Sergio Moro no Ministério da Justiça e no exercício de seu potencial de “convencimento” sobre a Corte. Um dia depois do “temos tempo” de Toffoli, Marco Aurelio deu a liminar como que a reagir: “terás tempo, mas terás também desgaste”. ||| Certamente sem desgaste diante da mídia, que aplaudirá como 'demonstração de independência' o fato de Toffoli prestar-se ao papel de algoz de seu ex-patrono, o presidente sem o qual seguiria sendo(apenas) um obscuro advogado eleitoral paulistano. Mas sem dúvida diante o que resta de consciência jurídica no Brasil e, sobretudo, no juízo que nosso país merece nos foros internacionais, onde está evidente aquilo que aqui se esconde: que a Justiça, no Brasil, está a serviço de um projeto político que tem como pedra angular, sem a qual desmorona, a necessidade de manter Lula preso.
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