terça-feira, 19 de julho de 2016

Dilma:  Conto com aqueles que não me apoiam, mas defendem a  Democracia                                  


     
Nesta segunda (18), a presidenta Dilma Rousseff (PT) arrancou risos e aplausos do auditório repleto de estudantes da Universidade Federal do ABC, em São Paulo, ao afirmar que está ficando chato defender o impeachment sem crime de responsabilidade. Afastada pelo Senado, Dilma lembrou da perícia contratada pela comissão especial e das decisões do Ministério Público Federal indicando que as pedaladas fiscais não são crimes. 
"Não tenho crime de responsabilidade. A coisa está ficando chata. A comissão de impeachment fez uma perícia e disse que não há crime de responsabilidade. Na semana passada, o Ministério Público Federal disse que a pedalada não é irregular. E, se caracterizar [irregularidade], todos os presidentes serão culpados. Portanto, não há crime nesse caso, e [o MPF] mandou arquivar. Por isso, a situação está ficando desagradável", disse Dilma.
Na visão da presidente, seu retorno ao poder deve ser defendido por todos que defendem a democracia e a estabilidade e autonomia das instituições. "Eu conto, sobretudo, com aqueles que não apoiam meu governo, mas têm compromisso com a democracia", apontou. A petista apareceu numa sondagem do Datafolha no último final de semana, com 32% dos entrevistados pedindo a sua volta, ante 50% que preferem Michel Temer no poder.
Dilma fez paralelos com a tentativa de golpe militar que ocorreu na Turquia, destacando que a situação aqui é diferente. "Se você imaginar que no golpe militar há um machado quebrando a árvore da democracia, destruindo junto o governo eleito, no caso do golpe parlamentar ou institucional, você tem um parasita roendo a árvore", disse Dilma, afirmando que o caso do Brasil é de golpe branco.
"Para livrar a árvore dos parasitas, é preciso oxigênio" e, segundo Dilma, o oxigênio dessa crise é a "arma da crítica", que seria a união de todos são contrários ao golpe, mesmo que não sejam necessariamente defensores de seu governo.
No evento na UFABC, Dilma criticou ações do governo interino de Michel Temer, como a seleção de um ministério de "homens brancos e ricos, sem mulheres, sem negros, sem outro tipo de representação". Ela também disparou contra o projeto que estabelece um teto para os gastos públicos, afirmando que não haverá dinheiro para custear saúde e educação, contra as mudanças no regime de partilha e concessões do pré-sal, além da postura de desrespeito com a América Latina por parte do novo ministro de Relações Exteriores, José Serra.
A presidente eleita saiu em defesa de agendas de esquerda, como o fim dos oligopólios de mídia, o respeito à diversidade, além de debater investimentos em educação superior, ciência e inovação. 
Terceiro turno e fantasia da crise
Segundo Dilma, o impeachment foi criado num contexto de terceiro turno eleitoral estimulado pela oposição ao PT. "Eles tinham certeza que ganhariam a eleição. Eles chegaram a comemorar a vitória. E perderam. Perderam a eleição no segundo turno, e abriram um terceiro turno. Pediram recontagem de votos, auditoria das urnas, impedir que eu fosse diplomada. Criaram as pautas-bomba."
"Ademais, o impeachment tem o intuito de 'parar a sangria' e não deixar a investigação [Lava Jato] chegar muito próximo deles. Eu acredito que temos de ter clareza: uma parte da grande mídia, uma parte dos setores da oposição, uma parte do empresariado, todos fizeram parte desse golpe. Aí, foi vendida a eles a fantasia de que é fácil sair da crise. Basta 'ela' se afastar que a crise acaba. Como se a crise fosse fruto do meu governo. Nenhum deles reconhece que todos os países emergentes entraram em crise."

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