Como disse
Umberto Eco, as redes sociais deram voz aos imbecis
AMgóes >>> Renomado escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano, Umberto Eco(1932-2016) dedicou-se sobremaneira à comunicação, à cultura e à sociedade conectadas às modernas tecnologias, asseverando que a internet, via redes sociais, liberou infindáveis legiões de ineptos.
Umberto Eco |
Depois de uma cerimônia(2015) em que recebeu o título de 'doutor honoris causa' em Comunicação e Cultura, na Universidade de Turim, o autor de 'O nome da Rosa' esculachou: “As mídias sociais deram voz a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.
Com efeito, as chamadas 'redes sociais' tornaram-se o estuário de universalizada boçalidade, valhacouto preferencial para 'analistas políticos' ad hoc que emergem da insipiência para bater o martelo, a título de contraponto do nada a lugar nenhum. Simplesmente 'se acham' e estamos conversados. Jamais se dispuseram, no curso de seus dias, inclusive dotados de 'anéis acadêmicos', a um mísero debate com fortuitos oponentes periféricos, salvo, quando muito, em torno de futebol, seara que, no Brasil, conta com 200 milhões de 'especialistas'.
Insuflados pela mídia hegemônica, entre nós historicamente golpista, esses impolutos 'comentaristas de internet' dão asas à intolerância, ofendendo interlocutores sob a desculpa de deterem a 'verdade', pinçada no 'doutor google', sua incontestável 'bíblia' digital.
Leandro Karnal |
Mais recentemente, o historiador e professor da Unicamp, analista de comportamento na TV, Leandro Karnal, em seu humor ácido sem meias palavras,sugeriu: "Não perca tempo com gente babaca!".
Conheço tais figuras aos montes, aqui e alhures, notadamente a partir da retomada de contato que os 'facebooks' e 'orkuts' da vida nos proporcionaram, em particular camaradas de priscas eras e lugares diversos por onde tenhamos passado. Ex-camaradas de trabalho, antigos vizinhos, até parentes, de cujo convívio nos afastamos, por conta das circunstâncias, ou dos quais ficamos tempos afora sem notícia.
De repente, você descobre que muitos desses novos(ou 'renovados')'amigos' (re)descobertos no 'Face', desaprenderam tudo, involuindo em suas opiniões, inclusive as sociopolíticas, abdicando da temperança e do discernimento, para quem a democracia, por exemplo, não é mais um princípio de salutar e respeitosa convivência dos 'contrários' agora execrados como 'inconciliáveis desafetos'.
Em suma: cidadãos antes arredios à escolha de um 'lado', por escorregadios e contumazes 'em cima do muro', transfiguraram-se em arremedos de opinadores sem opinião formada, alicerçados no a que assistem na Globo e veículos comparsas de iniquidades, audiovisuais ou impressos, além de panfletos pinçados nas 'redes', espaço ilimitado de falácias para todos os gostos, notadamente as que consultam inconfessáveis e nebulosos interesses de natureza 'cartorial' dos ditos cujos.
Como disse, conheço-os aos montes e, por oportuno, decidi fugir deles(amigos, conhecidos e parentes) por nada acrescentarem em minha vida, a não ser corrosivo e estressante aviltamento em nossas relações velhas de guerra. Vida que segue.
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