terça-feira, 29 de maio de 2018


Tarados por ‘intervenção militar’
Resultado de imagem para fotos de manifestantes pedindo intervenção ao militar


AMgóes  >>> Afinal,  que país é este? Se é de meu tempo, na faixa dos setenta e tantos, você conhece o Brasil a que me refiro, o das oligarquias imemoriais advindas dos marcos da pré-Independência,  dos feudos coronelescos do engenho-banguê.  Não à toa fomos o derradeiro Estado monarquista da América do Sul, infenso, por um século,  à lufada de ventos libertários advindos da Revolução Francesa de 1789.

Nossa estrutura oligarca de sesmarias(e escravocrata - fomos os últimos a estirpar, mesmo que só no papel, essa horripilante chaga social) permitiu a entronização do Império entre nós, numa associação de interesses díspares que manteve na prática, país afora, o poder absoluto dos donos de extensas porções de terra, reizinhos paparicados em meio às sórdidas contradições entre a Casa Grande e a Senzala.

Nosso viés autoritário e multissecular manteve-se intocado na República, nascida no golpe militar de 1889 que sequenciou a disfarçada 'ditadura imperial' instalada, por 'direito divino’ do herdeiro da coroa portuguesa, em 1822. Dessa forma,   arreganhos de apelos a tanques nas ruas, visando a 'salvadoras' soluções extralegais, face ao caos provocado por um governo  golpista, alçado ao poder pelo falacioso 'armamento' parlamentar-judicial-midiático, não nos devem causa estranheza.

Somos o país surreal, onde avanços trabalhistas(aliás, recém-suprimidos) foram implementados nos marcos discricionários do 'Estado Novo'. Remendamo-nos periodicamente  em breves estágios como Estado Democrático de Direito via de regra desmontado por indignados arrufos em suposta defesa da 'lei e da ordem'.

Nos cenários  de instabilidade aqui descritos, a rotineira presença dos militares promovidos a 'centuriões da Pátria' oriundos de um canhestro 'Positivismo  à brasileira', adaptado ao fundamento filosófico do francês Auguste Comte que preconizava  "o Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim".

Inscrevemos 'Ordem e Progresso' em nossa bandeira, mas declinamos do 'Amor' que pressupõe temperança, solidariedade, interação fraterna e equânime entre os não necessariamente 'iguais'. Preservamos, como 'reserva de mercado', a intolerância e o preconceito em relação aos 'divergentes', elegendo como 'cláusula pétrea' o maniqueísmo tupiniquim sobre o 'bem'(todo 'nosso') e o 'mal'(somente 'dos outros').

Somos uma sociedade majoritariamente conservadora, aqui incluídos até mesmo segmentos marginalizados da população, induzidos pelo mandamento do 'cada qual em seu lugar', até hoje repisado no 'marketing' produzido pela mídia eletrônica(e hegemônica) que chega à esmagadora maioria dos compatriotas.

A conformista assertIva do 'pobre graças a Deus', por exemplo,  é  indutora dessa autossegregação passivamente assimilada pelo 'andar de baixo' e celebrada com euforia pela 'turma de cima', que não o quer por perto. Ao longo do século passado, desenvolveram-se mecanismos para garantir a 'desambição' dos mais fracos sob dissimuladas ameaças de, se assim não procederem,  cair em cabeludo 'pecado mortal' por almejarem ao que 'jamais será para o bico deles'. 

Resultado de imagem para fotos de manifestantes pedindo intervenção ao militarComo cereja do bolo, a eventual 'lei de ferro' destinada a garantir a autocracia dos privilegiados, nos controversos estratos socioeconômicos. Contra ocasionais 'insurgentes' que postulem uma realidade equânime(comunistas, socialistas, sociais-democratas), vamos lá: 'intervenção militar'nesses abusados que projetam tornar 'iguais' os que nasceram em condições diametralmente opostas, ora vejam só!

Não percebem os obtusos analfabetos políticos(e funcionais), muitos deles ostentando anéis acadêmicos nos dedos,  que, em sua insânia pestilenta,  propõem cortes traumáticos de prerrogativas fundamentais de cidadania, como aqui ocorrido em passado recente, sob a justificativa de que, como disse Pelé, para agradar os generais em plena ditadura, 'o brasileiro não sabe votar'.

A surpreendente paralisação de caminhoneiros,  vai-se desmontando em doses homeopáticas, conquanto ainda com resistências, embora sem serem concretamente atendidas as reivindicações desses marginalizados autônomos, uma categoria de 'trabalhadores híbridos',  proletários sem carteira assinada, mas com CNPJ, como se empresários fossem, sem nunca terem sido. 

Uma greve de variadas facetas, visto ter sido avalizada, em seu nascedouro, pelas poderosas corporações transportadoras de cargas, desde sempre amigas figadais do governo golpista, utilizando os autônomos como 'bois de piranha' para se distanciarem da quadrilha que ajudaram a entronizar no Planalto. Mesmo alardeando acachapantes e compreensíveis prejuízos com a irresponsável e entreguista política sobre preços dos combustíveis, cuja meta escancarada, via Pedro Parente, é o desmonte da Petrobrás,  os empresários sempre se houveram bem em seus acertos fiscais. Razão de terem saído da greve(no caso deles, locaute), desautorizando seus motoristas a continuarem parados.

Resultado de imagem para fotos de manifestantes pedindo intervenção ao militarNo meio de campo da crise, supostamente solidária aos caminhoneiros, eis que emerge do esconderijo em que se meteu faz dois anos, uma turba  de fascistas em verde-amarelo, cuspindo brasa nas redes sociais, declaradamente tarados por 'intervenção militar'.  Temer, o chefe da quadrilha golpista que querem defenestrar, para tanto conclamando as Forças Armadas, bem que os merece.

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