No ‘Roda Viva’, Bolsonaro se revelou um desqualificado — exatamente o que seus eleitores querem
Thaís Oyama, jornalista-entrevistadora, resumiu nesta imagem o que foi o 'Roda Viva' com Bolsonaro |
Kiko Nogueira, no DCM
Num
dos momentos mais constrangedores de um Roda Viva constrangedor, Bernardo Mello
Franco questionou Jair Bolsonaro sobre sua medíocre atividade parlamentar. —Em 28 anos de Congresso, o senhor só apresentou
170 e poucos projetos, disse Bernardo. —Quinhentos e poucos,
corrigiu o candidato. —Não, foram 176 projetos... —Tudo
bem, 170 e poucos, encerrou o candidato. ||| Bolsonaro usa a mentira
tanto quanto os políticos tradicionais que critica. Ele foi o
deputado federal mais votado do Rio de Janeiro em 2014, com 464 mil
votos. Em seu sétimo mandato, Bolsonaro está na Câmara desde 1991.
Quando chegou a Brasília, atendia aos interesses dos militares.
||| Mais recentemente, passou a incluir qualquer coisa em sua
agenda, desde que renda assunto nas redes sociais entre seus seguidores de
extrema direita. Também anda se travestindo de “liberal” para ver
se engana o “mercado”. ||| A atual tragédia da segurança
pública no Rio de Janeiro é uma oportunidade excelente para saber: o que Jair
fez pela segurança de sua terra? Quais suas propostas nesse sentido? Ao longo
de mais de duas décadas, o que ele conseguiu implementar para tornar o
cotidiano do carioca menos apavorante? Resposta: nada.
||| Jair é um fanfarrão especializado em tagarelar e angariar
apoio e eventual adoração de otários fascistoides com soluções incríveis como
castração química de estupradores, pena de morte, fim das cotas e distribuição
de armas para a população. Volta e meia põe um nióbio ou um grafeno
no meio. Na hora de legislar, de trabalhar, um fiasco.
||| Desde 1991, Jair apresentou 171 projetos de lei, de lei
complementar, de decreto de legislativo e propostas de emenda à Constituição
(PECs). O número é auto explicativo. Apenas dois foram aprovados: o
benefício de isenção do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para bens
de informática e a autorização para o uso da chamada “pílula do câncer”, a
fosfoetanolamina sintética. ||| A primeira emenda de sua autoria,
aprovada em 2015, determina a impressão de votos das urnas
eletrônicas. Ele se defende dizendo que “tão importante quanto
apresentar propostas, é rejeitá-las”. Assim tenta vender o peixe de
que acabou com o “kit gay”, material didático contra a homofobia vetado na
gestão de Dilma Rousseff, em 2011. ||| Bolsonaro é um
populista desmiolado, limítrofe e despreparado. Como seu eleitorado
é feito de gente como ele, o que o sujeito precisa é apenas repetir a retórica
do “bandido bom é bandido morto” e mais algumas patacoadas sobre a
ditadura. Não é necessário que ele trabalhe em Brasília pelo estado
e a cidade que o elegeram. Basta vomitar ódio e ignorância por aí.
||| O Bolsonaro que emergiu do Roda Viva não é de extrema
direita, mas de extrema burrice. E o brasileiro não terá um “posto Ipiranga”
para recorrer. ||| Se você tem estômago, assista ao
vídeo do 'Boçalnauro' no 'Roda Viva' da TV Cultura/SP, nesta segunda,
30, abaixo, e tire suas conclusões...
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