Se convocação de Bolsonaro tiver resposta popular, militares podem intervir, diz cientista política
A FOLHA DE S. PAULO entrevistou a cientista política Argelina Figueiredo e cometeu a façanha de escolher para o título a maior obviedade possível: as manifestações governistas do dia 15 fortalecerão ou enfraquecerão Bolsonaro. >>> "Mas há boas declarações, ignoradas pelo jornal na abertura da matéria. Vejam: Bolsonaro é um agente provocador, como mostra desde o início do governo. Subestimamos o perigo que ele representa desde as eleições de 2018, quando muitos achávamos que não venceria. Mas há um risco grande de ele se transformar num pequeno ditador. >>> Ele se cerca de generais no Palácio do Planalto e afaga suas tropas, as polícias estaduais, os escalões inferiores do Exército. Acho que ele está fazendo isso para contar com os militares como bombeiros para defendê-lo se houver alguma iniciativa para tirá-lo do poder. >>> Num cenário que classifico como catastrófico, mas que parece plausível, o presidente pode incitar as pessoas e provocar o caos para que os militares intervenham para manter a ordem. >>> Por outro lado, a maioria do Legislativo é a favor da política econômica proposta pelo governo. E o mercado, que dá sustentação a essa política, que apoiou Bolsonaro na eleição e segue apoiando o governo, tem pouco apreço pela democracia, porque está mais preocupado com os resultados da política econômica. >>> Se houver uma resposta popular à convocação do presidente, há um risco de os militares intervirem para garantir o poder de Bolsonaro."
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