Sobre empreendimentos relevantes e picaretagens imemoriais
Do AMgóes - Peço encarecidamente aos seguidores da 'teoria da dependência' subscrita, entre
outros nefandos entreguistas, pelo surreal 'príncipe dos sociólogos'(?) FHC,
informarem um mínimo e fugaz empreendimento, de relevo na infraestrutura brasileira,
acaso projetado nos oito anos do mandato tucano ou dos antecessores nas últimas
décadas.
Alagoas:dos trambiques na construção do 'Rei Pelé' ao calote
(de milhões de dólares) que fechou o Produban
Caros coestaduanos, na contramão dos demais
viventes nordestinos, padecem com a pérfida cultura 'coronelesca' ainda
predominante na província, a reboque de pré-falida economia sucroalcooleira, de
histórico viés excludente(ressalvadas honrosas exceções, que as há em qualquer atividade socioeconômica),
subsidiada por contumazes dilapidadores do erário encastelados em prefeituras,
câmaras de vereadores, assembleia legislativa e governo estadual.
Estádio 'Rei Pelé', em Maceió: ufanismo nos 'anos de chumbo' da ditadura militar e muita grana saída pelo ralo |
Ocorre-me lembrar, por oportuno, um caso singelo de 'clássica' malversação do
dinheiro público em Alagoas, entre centenas que poderia elencar, na construção
do Estádio 'Rei Pelé', com base em projeto arquitetônico 'bonitinho mas
ordinário'(de enganoso espaço para acomodação dos torcedores, daí a inclusão do 'puxadinho' - fora da maquete original - conhecido como 'arquibancada do CSA').
Correu mundo à época(embora ‘entre-dentes’ e à
boca pequena) a detectada informação de que a empreiteira cobrara(e recebera) faraônicos 200 mil cruzeiros por cada coqueiro derrubado, na etapa de limpeza da
área destinada á edificação estádio, no Trapiche da Barra.
Antes da inauguração, no domingo 25 de outubro
de 1970, o 'Trapichão' já fizera a festa de 'ilustres' beneficiários das
improbidades, que receberam o 'seu' percentual na 'generosa' divisão do butim.
Vários deles já bateram as botas, louvados, em seu necrológio, pelos 'relevantes serviços prestados ao
futebol de Alagoas''.
Os 'dinossáuricos'(alguns nem tanto) remanescentes de tais 'acertos' na
construção do 'Rei Pelé' certamente ainda recordam, quatro décadas e meia depois, com permissiva nostalgia, o 'golpe do coqueiral' do Trapiche, fato remetido ao 'arquivo morto' de indesejadas lembranças, até porque ninguém(na imprensa ou fora dela) jamais se atreveu a denunciar, em legítimo dever de cidadania, malcheirosas questões chanceladas nas entrelinhas por plutocratas 'biônicos', figadais representantes do regime autoritário, imperante a partir de 1964.
Todos 'gente fina'(imagine!), acima de qualquer
suspeita, ainda que algumas 'almas penadas' provavelmente estejam(para os que acreditam em 'fogo do inferno') expiando
irreveladas culpas nos implacáveis e eternos domínios do coisa-ruim.
'Espigão' à beira-mar em Guaxuma, litoral-norte de Maceió: praia, dita 'exclusiva' ao arrepio dos moradores da área e da população em geral |
Chega-me agora a notícia de que, na
encantadora Guaxuma, litoral norte de Maceió, investidores imobiliários garfaram extensas áreas de praia, domínio público garantido por cláusula pétrea
na Constituição Federal, transformado em 'paraíso' à beira-mar para potenciais adquirentes do empreendimento
privado. E os comuns mortais da área foram mandados relaxar (e se banhar) noutra freguesia.
Só por curiosidade e como perguntar não ofende, qual a 'taxa de
liberação' (aquela 'por fora')cobrada pelos ilustres prepostos da prefeitura e do Estado, à frente os 'ambientais', permitindo a apropriação (criminosa), por grupos particulares, do espaço desde sempre
destinado ao interesse social?
Edifício-sede do Produban, na Rua do Comércio, centro de Maceió |
Quase me escapava o maior exemplo de impunidade contemporânea, dado serem 'inimputáveis' os autores da colossal rapinagem na economia alagoana: a liquidação extrajudicial do Produban-Banco(público/S.A., de fomento) do Estado de Alagoas, criado na década de 1960, também, como os similares país afora, à feição do Banco do Brasil.
Sob ordens diretas dos gabinetes oficiais(entenda-se: governos de Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira, 'dobradinha' alagoana preferencial no ciclo dos generais), usinas filiadas à então poderosa Cooperativa do Açúcar e do Álcool levantaram em bancos ingleses o montante de 220 milhões de dólares, valores atualizados até novembro de 1988, com aval do Produban, embora sem pertinente suporte cadastral(hipotecas de araque, só 'pra inglês ver').
Bancários do Produban fechado pelo BACEN: protestos
frustrados pela intenção dos poderosos devedores,
amparados na certeza da impunidade, em aplicar
monumental calote na combalida economia alagoana.
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A fim de você aí ter ideia da farra institucionalizada, conforme dossiê organizado pelo Sindicato dos Bancários/AL, a partir da colaboração de ex-diretores do Produban, fechado em 16.11.1988 por auditores do Banco Central, vultosas somas foram creditadas a empresas mutuárias sem a(óbvia) assinatura dos responsáveis pelos respectivos contratos, salvo(ah, bom!) expressa recomendação de secretários da Fazenda estadual, em bilhetes(apensos aos documentos vazados) a mando do governador de plantão.
Com efeito, a subscrição dos tomadores dos empréstimos, a ser efetuada 'depois', quando o atarefado 'doutor usineiro' dispusesse de tempo para fazê-la, jamais aconteceu. De resto, a dolorida constatação de que o Produban se transformara, por trás dos panos, em prostituído 'cu-de-mãe-joana'.
Afinal encerradas as atividades do já desfigurado banco alagoano, a reboque da famigerada privataria do governo FHC, após seis anos de resistência cívica e frustrantes esforços pró-recuperação da empresa. Seus empregados, sumariamente demitidos, sem direito sequer(caso dos aposentados) ao fundo de pensão constituído no curso do período laboral. No rastro da tragédia, milhares de famílias na rota de incerteza gerada pelo desemprego de seus provedores, com registro de numerosas sequelas fatais.
Anos depois, o multimilionário débito inadimplido dos usineiros da Cooperativa foi misteriosamente 'reconfigurado', por inusitadas decisões judiciais, como 'prejuízo' do Tesouro Estadual, isto é, empurrado para a conta das subsequentes gerações de contribuintes alagoanos, até a consumação dos séculos.
E ninguém mais mexeu no vespeiro, por subreptícia preservação da própria vida. Afinal, os velhos 'coronéis' alagoanos seguem redivivos nas figuras dos herdeiros, tão atrabiliários quanto os 'originais'. Como os predecessores, os 'novos' também 'não brincam em serviço', modernizando o velho arsenal de retaliações para todos os gostos e ocasiões.
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