sexta-feira, 26 de outubro de 2018


O ‘coiso’ quer
ver  sangue, 
muito sangue
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JAIME SAUTCHUCK, no VERMELHO

A maioria de nossos 150 mil soldados que lutaram no curso de seis anos da genocida Guerra do Paraguai era de negros escravos. Como recompensa, cada um deles seria alforriado, caso voltasse vivo. Morreram mais de 50 mil.   |||   Agora, em supostas ações armadas contra a Venezuela, por certo a maioria dos combatentes também será de gente pobre, de preferência afrodescendentes. E  aí – quem sabe? -  morram os 30 mil que o candidato pregador da morte disse que precisa matar no Brasil, por variados interesses de seu programa de governo.    |||   Haveria, porém, uma grande diferença: quem declarou o conflito do século 19,  foi o nosso vizinho, diante da asfixia  imperialista liderada pelo Brasil,  já se sabe faz tempo,  e, agora, quem está promovendo a guerra são os Estados Unidos. Seremos, mais uma vez,  bucha de canhão, como ocorreu em nossa despropositada expedição à Itália, na segunda guerra mundial.   |||   O Brasil não tem qualquer remoto motivo pra um confronto militar  com a Venezuela e, caso isso venha a se consumar, nada nos ensejará a tanto  por injunções  de hostilidades diplomáticas. Seremos um braço a serviço do domínio geopolítico estadunidense na América do Sul. E só teríamos a perder com essa contenda. A começar pelo suprimento da hidrelétrica venezuelana de Guri, que abastece o estado de Roraima, com projeto de expansão até  Manaus e boa parte do Amazonas, que será – claro! -  sumariamente interrompido. E o acesso por terra ao Caribe, por óbvio, também  bloqueado por conta de nossa eventual agressão.   |||  Ademais, oportuno lembrar que o principal rio venezuelano, o Orinoco, é um dos formadores do Negro e, por consequência, do Amazonas. O Cassiquiare, deflunte do Orinoco, encontra-se com o colombiano Guainía na área conhecida como Cabeça de Cachorro,  tríplice fronteira de Brasil, Colômbia e Venezuela.   |||   Ali está a planície Amazônica, que tem mais de 1.000 km de extensão no sentido oeste-leste, até chegar ao Sistema Parima de Serras, parte montanhosa da fronteira, onde se situam o Pico da Neblina e o Monte Caburaí,  ponto  extremo da região Norte do Brasil.  |||   A fronteira é bem mais extensa, toda ela terrestre e habitada por nações indígenas – entre os quais os Yanomami – e outras populações aborígenes. Esse contingente, por certo, tomará partido da Venezuela.  |||   Dessa forma, a passagem da rodovia asfaltada pela cidade roraimense de Pacaraima é mais um detalhe, digamos, estratégico na região fronteiriça.   |||   E vamos ao que é mais grave:  as forças militares da Venezuela, equipadas a partir do projeto bolivariano de defesa, proposto por Hugo Chavez,  dispõem de estrutura bélica de primeiro mundo, consolidada com seus petrodólares,  que deixam  a brasileira lá no chinelo.   |||   Tirando o Equador, os demais sete territórios nacionais da Amazônia são limítrofes ao Brasil e, em maior ou menor escala, serão afetados por um eventual conflito. Especialmente a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa.   |||   A hoje esfarrapada diplomacia brasileira vai acabar se metendo na histórica disputa territorial da Venezuela com a Guiana e pode acabar sobrando também pra Guiana Francesa, que é um território  além-mar da França. Ou seja, o governo francês com certeza vai retaliar.   |||   É certo que uma guerra na região envolveria também a marinha e a aeronáutica de ambos os países, até porque Caracas, a capital bolivariana, está bem longe, lá do outro lado, à beira-mar. E quase um terço da população do país, de 32 milhões de pessoas, vive na região metropolitana.   |||   Há, por trás de tudo, os interesses geopolíticos dos Estados Unidos e das indústrias bélicas que financiaram as campanhas do presidente Donald Trump e de Bolsonaro. São por demais conhecidas, por exemplo, as relações do candidato d extrema-direita com a Taurus, principal fabricante de armas o Brasil.   |||   Prevalece, porém, a pretensão norte-americana em controlar fisicamente o Caribe e toda a área Norte da América do Sul. Fazem parte dessa estratégia o cerco a Cuba e o domínio sobre o Canal do Panamá, importante ligação dos oceanos Pacífico e Atlântico.   |||   No entanto, vale repetir, o Brasil nada tem a ver com isso.Todavia, em caso  de possível desgraça eleitoral nesse domingo-28, poderemos esperar pelo pior. Afinal, a plataforma  de Bolsonaro prevê violência como solução para todos os males do país e do mundo. E sangue, muito sangue derramado em nome da tal ‘mudança contra o sistema’ que abertamente apregoa.



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