A overdose de “Bolsonaro”
é o calcanhar de Aquiles do
candidato fascista
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
Deixou de ser “brincadeirinha”. Os vídeos de Eduardo Bolsonaro dizendo que bastam um cabo e um soldado para fechar o Supremo e o do pai, dizendo que vai banir do Brasil seus opositores, tiveram mais efeito sobre as pessoas, nesta semana final das eleições, do que as toneladas – e ponha toneladas nisso – de barbaridades ditas e gravadas ao longo de duas décadas pelo candidato do PSL. ||| É algo que até os bolsonaristas de ocasião da mídia reconhecem, como o faz Merval Pereira, na coluna de hoje, em O Globo, embora chame isso de “arroubo retórico” e respire aliviado porque, na visão dele, o ex-capitão tem gordura para perder até domingo, se ficar quieto. ||| O general Augusto Heleno, comandante em chefe das tropas militares que secundam o candidato foi claro ao mandar embora os repórteres da Reuters Brad Brooks e Anthony Boadle, que o procuraram num evento público: “sob ordens do Bolsonaro, é silêncio de rádio total até depois das eleições.” Depois das urnas, claro, não haverá mais defesa possível. ||| A frente principal desta tática da mudez, é claro, foi a negativa de comparecer ao debate final entre os candidatos, à qual a Globo, obsequiosamente, acedeu, cancelando o programa. O essencial, porém, é que o favorito, que neste momento “ganha o jogo” com boa vantagem, recuou. Está sob uma pressão que só não é maior porque algumas estrelas do time ainda fazem certo corpo mole e preferem “dar passes para o lado” que jogam contra o tempo. ||| A queda na rejeição de Fernando Haddad e a subida na de Jair Bolsonaro, registrada nessa terça(23) pelo Ibope, na qual a vantagem do ex-capitão cai de 12 para apenas um ponto, quer dizer muito, porque é a base sobre a qual se definirão de última hora os votos mais fluidos. A diferença entre os votos totais está em “um Ciro”. ||| Na eleição em que o país foi incapaz de sonhar, as coisas se definirão pelo temor ao pesadelo. Quando o “EleNão” cresce, ninguém mais tem o direito de desculpar-se por não entender que negar o voto a Haddad é dá-lo a Bolsonaro.
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