terça-feira, 23 de outubro de 2018


O ‘programa’ de Bolsonaro
é o ódio e a morte será
sua  obra
   
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
No vídeo que gravou, nesse último domingo(21), para seus apoiadores reunidos na Avenida Paulista, Jair Bolsonaro apresentou, em linguagem tão tosca quanto clara, o que serão as ações iniciais de seu governo, enquanto não for tragado pelos inevitáveis conflitos do aglomerado de escória moral, de autoritários doentios e de aventureiros do dinheiro que reuniu.  É o horror, nada além disso.   |||   A ordem do dia pronunciada domingo, aos espasmos, sem nenhum chamamento à razão, sem nenhuma alegria que não a perspectiva de uma “vingança” (contra que “mal”, não o sabemos, pois foram os que menos sofreram neste país) teve como conteúdo, apenas, o chamado à força.  “Varrer”, “expulsar do país”, “trabalhar, vagabundos” são os comandos de um tempo em que devemos ter medo do vizinho, cuidar do que falamos e até do que vestimos.   |||   Domingo, um grupo de hidrófobos gritava, diante da Catedral de Brasília iluminada de rosa, por conta da campanha contra o câncer de mama, que a igreja era comunista: “esta merda vermelha não nos representa”, vociferava uma desequilibrada, seguida por outro que dizia para “botar verde-amarelo”.   |||   Como não tem, ao menos de imediato – e, provavelmente, também não depois – condições de resolver os problemas essenciais do país, será esta a “reivindicação” que pode “atender”.  A violência e o extermínio policiais soltos, a perseguição política à solta, a “deduragem”, a demissão dos indesejáveis, o espancamentos nas madrugadas das calçadas.  O horror, nada além disso.   |||   Em outro front, o adesismo imediato das maiorias fisiológicas do Congresso, neste quadro quase “de graça”, com o pagamento, apenas, de deixarem-nas sobreviver.  A Constituição, diante desta matilha majoritária, será um pedaço de carne podre a ser dilacerado.  Não haverá, igual, Judiciário a contê-lo. O acoelhamento vergonhoso do STF, depois de merecer do filho do ditador a bofetada de dizer que um cabo e um soldado o fechariam, foi o suicídio de sua autonomia.   |||   Tudo isso, porém, toma tempo e tem trâmites.  Só o que não tem são as mortes, os espancamentos, as balas anônimas, as intimidações.  O horror, se não o contivermos até domingo.

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