sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Luis Nassif                             
O PT e as representações dos adversários
Está certo que o Judiciário, em geral, tem um viés anti-PT. E as sucessivas manifestações de procuradores mostra um sentimento semelhante no Ministério Público Federal.
Mas um dos principais fatores da blindagem dos demais partidos é a incrível incapacidade do PT de recorrer aos instrumentos processuais.
Por que as contas da Dilma Rousseff e do PT foram digitalizadas e disponibilizadas na Internet e as de Aécio Neves e do PSDB não? Porque, como relator dos processos de Dilma e do PT, Gilmar Mendes tomou a iniciativa, e não ocorreu ao PT pedir o mesmo tratamento para a relatora das contas do adversário.
O MPF só se manifesta mediante uma representação - uma denúncia. Aí é obrigado a abrir um processo, no final do qual a denúncia será acatada ou não.
Dificilmente um procurador age "de ofício" - isto é, por conta própria. Quando age, em geral, visa quase sempre o PT ou Lula, refletindo o sentimento generalizado da categoria.
Se o PT entrasse com representação, embasada em denúncia fundamentada, o pedido seria acatado e haveria a obrigatoriedade de ser analisado pelo MPF. Mas não entra.
Tome-se o caso FHC-Brasif. É sabido que o ex-senador Jorge Bornhausen era o grande lobista da Brasif junto aos governos Sarney, Itamar e FHC. Graças aos favores prestados à Brasif junto à Receita, tinha um ordenado mensal de 5 mil dólares e, depois, o cargo de vice-presidente.
Por outro lado, foi o político que apresentou Mirian Dutra a FHC.
Para que FHC seja denunciado, é necessário levantar benefícios conseguidos pela Brasif - antes, ou de preferência, na mesma época em que pagou a tal mesada para Mirian Dutra.
Por exemplo, a Brasif conseguiu aumentar a cota de compras dos turistas em Free Shop de 250 para 500 dólares per capita. Quando foi?
Além disso, Bornhausen era o controlador do Banco Araucária, peça central do inquérito do Banestado. E seu filho Paulinho visitou a UTC muito mais vezes do que João Vaccari, o tesoureiro do PT.
A melhor maneira do PT testar o MPF é juntar as peças e entrar com uma representação.
Essa mesma estratégia vale para as offshores dos Marinhos. Obviamente o canal não é a Lava Jato - uma operação que tem lado.
Até agora, a ofensiva jurídica do partido depende  exclusivamente das iniciativas individuais dos deputados Paulo Teixeira e Wadih Damous.

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