É o tal 'medo do PT', de que falou Regina Duarte na campanha de 2002?
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
Monteiro Lobato, em um dos seus livros infantis, põe um dos personagens a dizer que “o medo é o filho da ignorância com a escuridão”. Verdade fácil de se comprovar: não se tem medo em um lugar bem iluminado, mas também não se tem dentro de sua casa, quando falta luz, porque ali nada é ignorado, tudo é bem conhecido. ||| A direita brasileira acena com perigos, sempre, para tornar palatável o que, de outra maneira, não se conseguiria engolir. Na campanha de Fernando Collor, espalhou-se que Lula iria “confiscar a poupança” dos brasileiros e não é preciso lembrar quem o fez. O mesmo estratagema foi repetido por Fernando Henrique Cardoso, em 1994. O registro é da Folha de S. Paulo, na época. Em 2002, também dispensa recordações, houve o famoso “eu estou com medo” de Regina Duarte. ||| Agora, criaram o “transformar o Brasil numa Venezuela”, algo completamente disparatado, mas que se aproveita da crise – e do confronto brutal – do nosso infeliz vizinho, algo que não se tem o menor indício de que se possa passar aqui, exceto pela fúria dos grupos de direita, que não tem contraponto mínimo sequer na esquerda. ||| Ao contrário das outras vezes, porém, encontraram um caminho para a disseminação destas insanidades terroristas: as redes sociais. E não são mais os “robôs” de Aécio, mas o próprio núcleo de boçais que ocupa o centro da candidatura de Bolsonaro quem protagoniza o espetáculo de horror. ||| Faltava, porém, o que desse a isso a credibilidade que não têm e, a essa missão prestam-se a mídia, o Judiciário e os intelectuais “borzeguins ao leito”, que catam defeitos em quem pode derrotar o monstro do fascismo e a esses fiapos se agarram, fazendo coro à onda. ||| Nosso dever é não fraquejar nem conceder. Não é hora de estudos de viés acadêmico sobre a natureza fascista de parte da classe média; é tempo de mostrar que não nos abatemos com essa máquina de propagandas e calúnias e afirmamos nosso compromisso com o povo brasileiro. ||| Quem não agir assim não estará à altura daquele que, preso e isolado há seis meses, não “entregou a rapadura” por um só instante.
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