Palocci, última carta
de Moro, foi reação
a Lewandowski?
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
Na última sexta-feira, 28 de setembro, dia em que se anunciou, pela primeira vez, a autorização do Supremo para que Lula concedesse uma entrevista, escrevi aqui que isso se daria, “a menos que Sua Alteza, o Juiz dos Juízes, Sérgio Moro, dê uma “invertida” na decisão tomada pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski”. Não conseguiu inverter, afinal, mas retaliou. ||| Terá sido mera, meríssima coincidência o fato de Sérgio Moro ter liberado o acesso à “delação xêpa” de Antônio Palocci – na qual há tão poucas provas ou revelações que nem a turma da Procuradoria Geral da República no Paraná quis aceitar- ter coincidido exatamente com a decisão de Ricardo Lewandowski de não aceitar o golpe jurídico de Luiz Fux e proibir a entrevista previamente autorizada com o ex-presidente Lula? ||| Creiam os que quiserem que tudo se passou ao acaso na radiosa manhã do sexto dia antes da eleição. O pouco que li trata de coisas que Palocci diz que “soube” e de explanações genéricas sobre a promiscuidade entre partidos e empresas. A maioria – ou quase tudo – já foi objeto de “vazamentos” e sua divulgação, agora, em bloco, é essencialmente um gancho para intermináveis reportagens nos jornais e na televisão. ||| Claro está que para atingir o crescimento da candidatura Haddad e sinalizar aos integrantes do Supremo que se recusam a vergar a coluna para o seu poder de mando. Particularmente, não acredito que vá produzir efeitos “tsunâmicos” sobre a candidatura do PT, seja porque a manipulação judicial hoje é muito mais evidente do que há anos atrás, seja porque há um certo enfado da opinião pública com o denuncismo vigente. E depois porque o autor das denúncias está na lanterna dos desesperados, preso há dois anos, e disposto a dizer qualquer coisa que o possa tirar da cadeia.
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