Bolsonaro faz o cerco para levar o Exército ao golpe
Os militares estão diante de um impasse
e de uma vergonha inéditos. Seu
comandante-em-chefe foi para a porta do Quartel-General do Exército pregar o
golpe contra as instituições, em meio a faixas que pediam a intervenção
militar, o fechamento do Congresso e do Supremo e a volta do AI-5. >>> Se considerarem que lhe devem obediência nessa
aventura, vão ter de atirar o Exército brasileiro numa posição que poderá levar
a uma ruptura impensável nas cadeias hierárquicas. Não há, é evidente, uma situação mundial que
permita o estabelecimento de um regime autoritário de natureza paramilitar. >>> Não existe apoio político para uma insanidade
desse tipo, exceto de meia dúzia de desqualificados e algumas centenas de fanáticos alucinados e
pastores picaretas. E o que essa
camarilha exige do Exército é a capitulação ao golpe aceitar ser conduzido a
uma derrota massacrante por um ex-capitão psicopata, hoje presidente da
República, em cujas estruturas de governo vários de seus generais, da ativa e
da reserva, estão mergulhados até a medula.
>>> Os comandantes das
três Forças Armadas, sabidamente desconfortáveis com o que está acontecendo, vêem-se
pressionados em pinça, pela gerontocracia militar que se encarna no general
Augusto Heleno, com seu caquético(mas calculado) “foda-se” às instituições, e uma
baixa oficialidade e tropa alucinadas na adesão ao bolsonarismo miliciano. >>> Permitiram, contra todas as advertências,
que Jair Bolsonaro ingressasse no alucinado caminho de defender a aventura
contaminante em meio a uma pandemia devastadora. Poderiam tê-lo detido, dizendo que não
apoiariam essa loucura, mas não o fizeram e contribuíram ativamente para que
ele demolisse o que restava de atuação técnica no combate à doença. >>>
O novo dirigente da Saúde, Nélson Teich, mal entrou e já virou boneco de
corda, que repete mecanicamente obviedades, exibindo atrás de si a figura
sinistra do presidente, sem dar uma palavra contra as atitudes temerárias do
chefe. >>> Nesse último domingo(19), por todo o país, numa
clara evidência de que o bolsonarismo quer arrastar as Forças Armadas para tal
loucura, as manifestações dos zumbis fascistas foram marcadas em frente a
instalações militares. Pode até ter
sucesso momentâneo a tentativa de golpe de um autopretendido Hitler tupiniquim. Mas não se sustentará, é óbvio, por falta de
apoio aqui e lá fora. Nem mesmo Donald Trump poderia socorrê-lo. ... Ou
o Exército encontra uma forma de livrar-se do personagem que inventou – um
paraquedista indisciplinado(que faz o que sabe, até por instrução: demolir
pontes, sabotar, atacar pelas costas e desprezar a defesa da vida) – ou será
arrastado por ele para a derrota humilhante.