Não é o shopping fechado, seus canalhas 'bolsonários'
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
O dinheiro é mais forte que o coronavírus, mesmo no dia em que nosso país registra o maior número de mortes: 383 em um único dia. Não ache que começam a fazer efeito as pressões para a reabertura do comércio – a indústria e a agricultura jamais pararam senão pontualmente – nas cidades brasileiras. >>> Nem que é uma decisão baseada na análise de superação de picos epidêmicos, uma vez que os hospitais seguem se enchendo de gente e enterramos pessoas(AQUI) sem saber se, de fato, foi o Covid 19 que as matou. >>> Fala-se num “marketeste” do Ibope, totalmente sem propósito senão o de mostrar que o “eleitorado” macabro do coronavírus é “só” de zero vírgula um pouquinho da população, mesmo que isso represente centenas de milhares ou mesmo um milhão de pessoas. >>> Não, não é o balconista sem balcão para vender, o pequeno lojista – sem loja online, não é? – sem clientes, o bombeiro hidráulico que ninguém vai chamar para fazer uma reforma no banheiro. São os grandes mercados mundiais, os grandes negócios que pararam e não podem parar. Daí as pressões, desde Trump até Bolsonaro, para “soltarem os bichos”. >>> Imaginem o quanto de dinheiro vale, por exemplo, mesmo uma pequena recuperação dos preços do petróleo, hoje levado a zero ou negativo, com as empresas tendo de pagar para que alguém leve o óleo que já lota não só os tanques terrestres como também quase todos os petroleiros, transformados em cisternas flutuantes com mais de 160 milhões de barris acumulados em seus porões. >>> Idem para os mercados industriais e, pela sua baixa demanda, nos mercados de metais e minérios, assim como na demanda da indústria por energia elétrica. >>> É em nome disso que se pressiona para atirar as pessoas à rua, tornando inútil o tal “isolamento vertical” de idosos e doentes, que ou receberão o vírus delivery ou, arrastado pelo fluxo “normalizado”, aumentando seus deslocamentos e presença em ambientes de contaminação. >>> É por isso que se arrisca jogar fora todo um mês de sacrifícios de isolamento praticado por todos nós, com graves consequências no emprego e renda e todos os sacrifícios pessoais a que nos submetemos. >>> O simples anúncio do plano de reabertura, a ser anunciado na quarta-feira, já vai fazer cair o isolamento. O flerte com a morte está funcionando e muitos sentirão seu beijo frio.
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