terça-feira, 14 de abril de 2020

Braga Netto conhece as milícias do Rio e sabe o que os Bolsonaro fizeram no verão passado
Braga Netto toma posse: um  general na Casa Civil como 'pacificador'



JÉFERSON MIOLA, No BRASIL/247
O repórter do jornal ‘Zero Hora’ Humberto Trezzi fez uma reportagem semibiográfica e elogiosa sobre o general Braga Netto, tratado no título da matéria como “o novo conciliador do Planalto” [aqui].   >>>   Trezzi destaca o papel do general na administração da crise derivada da conspiração fracassada do Onyx Lorenzoni e do Osmar Terra para derrubar o ministro Luiz Mandetta.   >>>   O repórter afirma que Mandetta não procurou nem os conspiradores nem Bolsonaro para se queixar do ataque, mas recorreu a um dos integrantes da junta militar que comanda o governo, o general Braga Netto.   >>>   Para o repórter, o apaziguamento momentâneo foi “mais uma vitória de Braga Netto, o novo oráculo do Planalto. Mineiro ouve muito e fala pouco”.   Braga Netto “abraçou com fervor a nova missão: colocar ‘ordem na casa’, nas palavras de Mourão”, discorre Trezzi.   >>>   Na reportagem, um nostálgico Trezzi faz uma série de floreios elogiosos ao método e à atuação do general que “escorrega bilhetinhos aos ministros durante reuniões, como o presidente Jânio Quadros fazia nos anos 1960” [sic].   >>>   Mais além dos elogios a um general que, paradoxalmente, chefia justamente a Casa Civil de um governo que deveria ser civil [sic], a informação mais valiosa da reportagem é aquela que diz que “Braga Netto ganhou dos amigos a reputação de ter o CPF, nome e endereço de cada miliciano no Rio”.   >>>   O repórter diz que durante a intervenção federal no Rio, que durou de fevereiro a dezembro de 2018,  “o Exército conseguiu usufruir dos bancos de dados das polícias Civil e Militar fluminenses e também montou um mapa das ações criminais no Rio. Isso vale tanto para facções criminais convencionais (Comando Vermelho, Amigos dos Amigos e Primeiro Comando) como para as milícias paramilitares formadas por ex-policiais.    >>>   Não à toa, Braga Netto ganhou dos amigos a reputação de ter o CPF, nome e endereço de cada miliciano no Rio”.    Se Braga Netto conhece “o CPF, nome e endereço de cada miliciano no Rio”, por certo ele sabe tudo a respeito do miliciano Adriano da Nóbrega, o chefe da milícia Escritório do Crime.  >>>    Adriano, deliberadamente executado no interior da Bahia, havia recebido troféu de Flávio Bolsonaro na cadeia e, até dezembro de 2018, quando estourou o escândalo da “rachadinha”, o miliciano garantia o emprego da mãe e da esposa no gabinete do Flávio na ALERJ.   >>>   E o general Braga Netto, muito bem informado como é, deve saber, inclusive, onde está escondido o Fabrício Queiroz, o elo do clã com a milícia do Rio das Pedras chefiada pelo agora finado Adriano da Nóbrega.   >>>   Braga Netto provavelmente também sabe tudo a respeito de Ronnie Lessa, que compartilhava vizinhança com Carlos e Jair Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, suspeito de tráfico internacional de armas, ora  em prisão preventiva, acusado do assassinato de Marielle e Anderson.   >>>   É preciso saber de onde vem tamanha “ascendência” do Braga Netto e a junta militar sobre Bolsonaro.  Tal ‘ascendência’ parece se originar menos na capacidade persuasiva dos “bilhetinhos” do general e seus parceiros do Alto-comando e mais do fato de o general saber muito sobre o que os Bolsonaro fizeram no verão passado.

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