sábado, 17 de outubro de 2015

Amigo de Lula  pagou  propina   de US$ 5 milhões ao PMDB, diz lobista na ‘delação premiada’ 

 
Jornal GGN - "Delatores afirmam que amigo de Lula acertou propina de US$ 5 milhões", manchetou o Estado de S. Paulo desta sexta (16), esquecendo-se de completar "quem" recebeu a propina. "Lobista diz ter pago R$ 2 milhões que seria para nora de Lula", foi a capa da Folha de S. Paulo, preferindo a hipótese não confirmada sobre o destinatário final, ao contrário da afirmação de que Eduardo Cunha, presidente da Câmara, teria recebido no mínimo R$ 1 milhão em dinheiro vivo.
 
As reportagens usam como fonte uma nova delação premiada do lobista Fernando Soares, conhecido como 'Fernando Baiano', que era o principal operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras (http://bit.ly/1LS0piK). Por esse motivo, o lobista já foi condenado a 16 anos, um mês e 10 dias de prisão, julgado como o operador do repasse do dinheiro ao PMDB e a Eduardo Cunha (http://bit.ly/1LS0lQ9).
 
         Trecho da denúncia contra Eduardo Cunha
 
O nome do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, apareceu porn suposta amizade com o pecuarista José Carlos Bumlai, que seria o responsável por acertar a quantia de propina de um dos contratos com os diretores da Petrobras, referentes à cota do PMDB no esquema de corrupção.
 
O contrato negociado foi o navio-sonda Vitoria 10.000, para a exploração de petróleo em águas profundas, encomendado pela Samsung Heavy Industries, em parceria com a Mitsui de Júlio Camargo - que também foi condenado no mesmo processo de Baiano. O navio é o ponto de partida para a denúncia contra Cunha que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF)(http://bit.ly/1OIg571).
 
Abaixo, alguns trechos da denúncia da PGR contra Cunha na Suprema Corte:
 
              Página 4 da denúncia contra Eduardo Cunha
 
              Página 51 da denúncia contra Eduardo Cunha
 
 
A delação premiada de Baiano, inclusive, faz parte das diligências do MPF no Supremo, envolvendo os processos de Cunha e outros políticos, e não mais daqueles julgados pela instância inferior de Sérgio Moro.
 
A novidade da delação é o nome do pecuarista José Carlos Bumlai que, ao lado de Fernando Baiano, teria acertado o pagamento de US$ 5 milhões em propina ao ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. Cerveró é o último do tripé condenado na mesma ação de Cunha, mas que foi desmembrada, e que por isso já foi julgada na Justiça Federal do Paraná, sem contudo ser concluída no STF (http://bit.ly/1VWIPie).
 
Além de Cerveró, outros dois ex-gerentes da estatal teriam recebido a quantia pelo contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000 - todos ligados à cota do PMDB no esquema(http://bit.ly/1G9on6N). Quem pagou a propina? O Grupo Schahin, por meio de Fernando Schahin, segundo Fernando Baiano. Em uma reunião para o acerto desse montante, teriam participado o lobista, Bumlai, Cerveró, Eduardo Musa - que conforme revelamos(aqui e aqui), gerenciava também para o partido de Cunha - e o ex-gerente Luis Carlos Moreira.
 
O papel de Bumlai nessa intermediação seria como um avalista dos negócios com o grupo. Somados o navio Vitória 10.000 e o sonda Petrobras 10.000 responderam, juntos, pelos US$ 30 milhões de propina pagos pela Samsung Heavy Industries, a empresa responsável pela construção (http://bit.ly/1k9QfO4). Já a Schahin foi contratada para a operação do Vitória 10.000, antes de ter contrato rescindido, em maio deste ano, com as investigações da Lava Jato.
 
Já o envolvimento de uma "nora" do ex-presidente Lula foi indicado de modo vago no depoimento de Baiano. O pecuarista teria dito que necessitava de R$ 3 milhões para a tal nora pagar um imóvel. Não deu o nome da suposta nora e nenhuma evidência que tenha realmente pago a ela o valor mencionado. O lobista disse que repassou a comissão de R$ 2 milhões a Bumlai, sem saber afirmar se o valor foi realmente entregue a algum parente de Lula.
 
Bastaram essas menções vagas para garantir o nome de Lula nas manchetes dos principais jornais.

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