domingo, 18 de outubro de 2015

Que desculpa tem Danielle, a filha de Eduardo Cunha? 

Kiko Nogueira                    

   Danielle Cunha

Danielle Cunha

Que desculpa tem a filha de Eduardo Cunha, Danielle?
A Procuradoria Geral da República pediu a abertura de inquérito para investigá-la por causa do imbróglio das contas na Suíça. De agosto a fevereiro de 2012, houve uma transferência de 119,795 mil dólares da conta de Cláudia Cruz, madrasta de Danielle, para a universidade espanhola Esade.
Danielle fez MBA ali durante esse período. Ela é, segundo a PGR, “detentora de cartão de crédito vinculado à conta Kopek”. Em 2008, Cunha já lhe havia feito uma transferência de 100 mil, identificada como doação de patrimônio em dinheiro.
Danielle é publicitária e tem 28 anos. Passou pela L’Oreal antes de dirigir a filial brasileira do fundo de investimentos MOLA, da Espanha. Inteligente, bonita e ambiciosa, podia ter sido e feito qualquer coisa, mas escolheu trabalhar na “área” do pai.
Coordenou a campanha dele para deputado — embora, vamos combinar, quem “coordena” uma campanha de um sujeito como Cunha é ele. Surfou na influência paterna e conseguiu contratos com alguns dos paus mandados de EC para “assessoria e divulgação” dos mandatos.
Segundo o Globo, Hugo Motta (PMDB-PB), presidente da CPI da Petrobras, André Fufuca (PEN-MA) e Danilo Forte (PMDB-CE) pagaram à empresa onde Danielle trabalha, a Popsicle, 102,6 mil reais advindos da cota parlamentar.
Ela foi uma presença constante no Congresso ao lado do dono da companhia, Michell Yamasaki Verdejo. A Popsicle se coloca, no Facebook, como “braço digital de agências, startups e produtoras no desenvolvimento de projetos completos ou apenas parte deles”. O samba do crioulo doido.
Motta, Forte e Fufuca (Fufuca!!) elogiaram a enorme competência da moça para executar o serviço. Não, não tinha nada a ver com o poder do sobrenome. Imagina.
A própria Danielle se descreveu como um foguete de empreendedorismo. “Até pela minha condição, pode atrapalhar [o parentesco]. Tenho cinco empresas na área de internet e dez anos de experiência. Meu currículo diz por si só. É aprovado no mercado”, disse. “Um trabalho mensurável. Não tem nada ilegal. Trabalho para uma empresa privada, que recebe verba de parlamentar.”
Nenhuma palavra sobre um cristalino conflito de interesses.
Danille é casada com Ariel Marcelo Doctorovich, filho de um empresário argentino chamado Jorge Doctorovich. Em janeiro, no Facebook, ela compartilhou um post de Eduardo negando — uma especialidade— o depoimento de Youssef na Lava Jato em que o doleiro se declarava “ameaçado”.
“Campanha suja dá nisso. Agora a vitória é no primeiro turno e punição para os criminosos”, escreveu Danielle, referindo-se à presidência da Câmara.
Cunha fez o diabo no Brasil por tanto tempo, sem ser incomodado, que seus mais próximos provavelmente acharam que era normal. Se tivesse algo parecido com consciência, o velho manteria a prole longe de seus “negócios”. Michael Corleone, no Poderoso Chefão 3, fez questão de que a filha fosse uma advogada independente (nem assim escapou do destino trágico, mas enfim).
Danielle sumiu desde que o MP da Suíça apareceu. A cana dependerá de Eduardo. Como não tem foro privilegiado, ao contrário do pai, está arriscada a ir para a prisão, como Cláudia Cruz. Um acordo de delação premiada de Eduardo Cunha será sua salvação.

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