Os sinais enigmáticos de Eduardo Cunha
Nenhum ator político na história republicana brasileira foi colocado pelas circunstâncias em situação tão peculiar como a dele. Cunha é ao mesmo tempo o homem mais forte e o mais fraco do Parlamento. Forte porque o cargo lhe dá inúmeras atribuições, e algumas importantíssimas, como a de acolher o pedido de impeachment. E também porque ele tem apoios, apesar de estar sendo processado, para continuar dando as cartas na Câmara. Ao mesmo tempo ele é o mais fraco, o que pode cair do mais alto, perdendo o cargo, o mandato e depois a liberdade, se for condenado e preso.
inquérito a que responde no STF. Hoje mesmo, teve negado o pedido para que a investigação sobre contas na Suíça transite sob segredo de Justiça e viu o Supremo determinar o bloqueio das contas na Suíça que seriam dele e o repatriamento dos recursos. Tudo isso ele enfrenta impávido, frio como um peixe, firme como uma esfinge de pedra.
Mas tudo o que ele diz e faz tem um sentido, embora ainda não esteja claro porque aliviou para Dilma hoje com a declaração, correta, de que as pedaladas não são necessariamente justificativa para a abertura de um processo de impeachment, numa indicação de que pode recusar o último pedido da oposição, apresentado ontem. “O fato por si só de existir a pedalada não significa que isso seja a razão do pedido de impeachment. Tem de se configurar que há uma atuação da presidente num processo que descumpriu a lei. Não dá para tirar conclusão precipitada; é preciso muita cautela”, disse ele.
Tudo o que alguém na situação de Cunha diz ou escreve tem um sentido, ainda que não consigamos alcançá-lo. É o caso, por exemplo, da epígrafe em destaque no alto da página de seu perfil no microblog Twitter. Lá estão três versos do Hino Nacional. "Mas se ergues da Justiça a clava forte/verás que um filho teu não foge à luta/nem teme quem te agora a própria morte".
Isso pode ter muitos significados ou pode ter nenhum.
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