André Esteves : a fulminante
ascensão
de um ‘classe média’ carioca ao rol dos bilionários
Banqueiro do BTG Pactual foi preso na operação
'Lava-Jato'
Renan Setti / Ana Paula Ribeiro 
entrou no meio financeiro. O estudante
começou de baixo, trabalhando como técnico de informática do banco Pactual, de
Luiz Cezar Fernandes — que, anos depois, teria o pupilo como desafeto. O
estudante chamou a atenção dos chefes e foi promovido a trader de renda fixa do
banco em 1990, mesmo ano em que se formou. Pouco depois, ascenderia à chefia do
novo braço de gestão de recursos da instituição. Para os sócios mais antigos do
Pactual, Esteves e outros dois jovens talentos — Marcelo Serfaty e Gilberto
Sayão — eram conhecidos como “os meninos do Cezar”
Com os negócios que tocava dando certo, Esteves
usou seus bônus de desempenho para aumentar gradativamente sua participação do
banco. Enquanto isso, seu mentor Luiz Cezar Fernandes se afundava em apuros por
causa de dívidas acumuladas em tentativas frustradas de diversificar seus negócios
na área industrial. Na fragilidade de Fernandes, Esteves viu uma oportunidade
de tomar o controle do Pactual. Em 1998, juntamente com outros sócios, adquiriu
a participação de Fernandes em troca de empréstimos e de sua saída do banco.
“O Esteves havia sido dinâmico e atuante, mas
sempre tive consciência de que ele venderia a mãe para ter o poder”, disse
Fernandes à revista “Piauí” em 2006, no perfil “De elefante a formiga”, sobre
sua derrocada no mercado financeiro.
VENDA PARA O UBS E RETORNO ‘TRIUNFAL’
Com Fernandes neutralizado, Esteves e seus sócios
transformaram o Pactual em uma potência do segmento bancário de investimentos.
Tanto que chamou a atenção do gigante suíço UBS, que acabou comprando o banco
carioca por US$ 2,6 bilhões, um dos maiores negócios já feitos no país à época.
A turma de Esteves seguiu à frente do agora chamado UBS Pactual.
Mas ele não havia desistido do UBS. Em 2009, fez
nova investida, dessa vez oferecendo US$ 2,5 bilhões para ter seu banco de
volta. Os suíços aceitaram. O retorno de Esteves como dono do banco — agora BTG
Pactual — em que começara como técnico de informática foi considerado triunfal.
MAIOR BANCO DE INVESTIMENTO DA AMÉRICA LATINA
Nos anos seguintes, o BTG Pactual se firmaria
mesmo como o maior banco de investimento independente da América Latina. Em
2012, levantaria US$ 2 bilhões ao abrir seu capital na Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa). Hoje, pelo ranking do Banco Central, o BTG é o oitavo maior
banco do país, com ativos totais de R$ 154,6 bilhões (posição de dezembro de
2014).
Outra característica do BTG nas mãos de Esteves é
a atuação como “merchant bank”, que é quando uma instituição financeira faz um
investimento em uma empresa como sócia – em geral, os bancos apenas financiam
as operações. Foi dessa forma que o BTG passou a ser acionista da Sete Brasil
(sondas), da Brazil Pharma (que tem, entre outras, as redes Farmais e Drogaria
Rosário), da Rede D’Or (hospitais), Estapar (estacionamentos), Estre Ambiental,
DVBR (rede de postos de combustíveis que conseguiu usar a bandeira da BR
Distribuidora).
MAUS NEGÓCIOS, DE EIKE À SETE BRASIL
Grande parte desses negócios foi fechada na sede
do banco, em São Paulo. O banqueiro não possui uma sala e trabalha ao lado de
outros funcionários, em um grande salão que ocupa quase um dos andares inteiros
que o banco ocupa no Pátio Victor Malzoni, edifício grandioso na Faria Lima,
atual centro financeiro paulista.
A postura agressiva do BTG já rendeu muitos
apelidos ao banco. Um deles é o de "piratas do mercado", uma vez que
quando entram em um negócio, é para ficar com o lucro. Esse apetite pelo
resultado fez com que a instituição entrasse nos mais diferentes mercados. Além
de atuar em todos os segmento do setor financeiro, também tem presença no
varejo, áreas hospitalar, infraestrutura, negócios imobiliários e academias de
ginástica.
Mas nem toda tacada do banco de Esteves foi
certeira. Um dos negócios que tem dado prejuízo é a participação da Sete
Brasil, fabricante de sondas para exploração de petróleo. Para lidar com as
possíveis perdas nesse negócio e em outros da área de óleo em gás, o banco
tinha provisionado R$ 900 milhões em seu balanço, ou seja, já fez uma reserva
para arcar com o prejuízo (Santander, Bradesco e a Funcef também são sócias da
Sete, mas com uma participação menor). Ainda assim o lucro do banco continua
crescendo. De janeiro a setembro, o resultado ficou positivo em R$ 3,4 bilhões,
um crescimento de 32,15% na comparação com igual período de 2014.
Embora boa parte das aquisições feitas pelo BTG
tenha sido considerada ousada ou bom negócio, algumas chamaram a atenção por
outros motivos. A principal delas foi a compra da participação em uma empresa
da Petrobras na África. A fatia de 50% da PO&G, que explora campos de
petróleo no continente africano, estava avaliada entre US$ 3 e US$ 3,5 bilhões
em 2013. O ativo era considerado bom e havia interessados. A venda da participação,
no entanto, foi feita por US$ 1,5 bilhão para o BTG.
(Com agências internacionais)
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