segunda-feira, 30 de novembro de 2015


Não  adianta   dizer   que Delcídio ‘não é bem assim um petista’   

                                         

Renato Rovai        

delcido pt

O PT vem perdendo a vergonha há algum tempo e nesse período alguns petistas perderam completamente o senso de ridículo.
Depois da prisão de Delcídio, líder do governo no Senado, vários militantes passaram a dizer que o senador que está no partido desde 2002 na verdade era um tucano enrustido.
Assim fica fácil.
Depois de 13 anos filiado, de ter sido senador por dois mandatos, candidato a governador do seu estado por duas vezes, de ter se tornado líder do governo no Senado, de ter sido presidente de CPI, descobre-se que ele 'não é tão assim do partido'.
É compreensível que boa parte da base mais à esquerda e mais programática não goste de Delcídio. E que não o considere assim tão petista. E muito mais um oportunista. Mas entre achar isso e ter coragem de sair dizendo isso por aí para se defender das malandragens que ele fez, aí já é demais.
Delcídio é do PT e ponto final.
E por isso mesmo a bancada do partido no Senado, com duas exceções, tentou fazer com que a manutenção da sua prisão fosse derrubada na sessão de ontem.
Além disso, a despeito da nota dura assinada por Rui Falcão, Delcídio ainda não foi expulso do PT.
E nesses casos, aqueles que respeitam sua militância deveriam deixar de fazer de conta que foram enganados por um espertalhão e buscar entender porque a legenda que ajudaram a construir se tornou um porto seguro para este tipo de bandido.
O que Delcídio tentou operar foi algo de organização criminosa. Quem monta esquema de fuga para bandido com recursos de corrupção não age sozinho. E até por isso, o banqueiro André Esteves também está preso.
Isso não quer dizer que o PT estivesse envolvido na operação. Aliás, não é gente do PT que Delcídio cita entre os que poderiam ajudá-lo. Ele diz que iria conversar com Renan e Michel (presidente do Senado e vice-presidente da República, do PMDB) para buscar interlocução com outros ministros do STF.
Mas mesmo assim o PT e seus militantes têm obrigação de tratar esse caso Delcídio como paradigmático. E para que isso ocorra não se deve tapar o sol com a peneira.
Deve-se reconhecer que o líder do governo no Senado era uma liderança importante do partido e criar mecanismos claros para impedir que isso continue a ocorrer. E em momentos como esses é preciso radicalizar.
Não basta dizer que aqueles que forem pegos fazendo o que Delcídio fez serão expulsos. Porque até na máfia isso acontece.
Resultado de imagem para Fotos de delcídio em campanha do PT no MSÉ preciso construir mecanismos para que novos Delcídios não tenham interesse em se filiar ao PT. Porque o partido criou mecanismo duros para combater qualquer tipo de desvio.
Não se pode ter medo de pecar por excesso num momento como o atual.
É melhor o excesso do que a leniência. A leniência e o discurso fajuto de que não é bem assim levaram o PT a uma situação humilhante. E próxima do fim.
E por isso mesmo ou o PT assume seus pecados e muda suas regras ou não será mais uma legenda importante no espectro político a partir das próximas eleições.
O tempo para a mudança já está na prorrogação.
E tem gente fazendo de conta que o jogo está só começando.

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