segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Sobrevivente do combate à ditadura, morre  aos 90    a guerrilheira Zilda Xavier      

Em janeiro de 1970, prenderam Zilda no Rio e a torturaram à exaustão, mas nenhuma informação sobre a guerrilha lhe arrancaram. A companheira de Marighella disse mais tarde que ele não era homem para ser traído...
                       
REPRODUÇÃO
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Zilda Xavier e Carlos Marighella: a primeira-dama da guerrilha e o revolucionário
Morreu nesse domingo(22), em Brasília, Zilda Xavier Pereira, militante contra a ditadura civil-militar que integrou o comando da Ação Libertadora Nacional, maior organização guerrilheira do país. Seus filhos Iuri e Alex Xavier Pereira, também guerrilheiros, foram mortos por agentes da ditadura. Zilda, que completaria 90 anos neste domingo, foi companheira do revolucionário Carlos Marighella, trucidado numa emboscada de policiais comandados pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, aos 56 anos, em 1969, na capital paulista.
Zilda Paula Xavier Pereira nasceu no Recife em 22 de novembro de 1925. Em maio de 1945, recém-chegada ao Rio, entrou para o Partido Comunista do Brasil, declarado ilegal em maio de 1947, e ela adotou o nome de guerra Zélia, reverência à sua camarada Zélia Magalhães, assassinada a bala por policiais em maio do ano anterior, quando participava de um protesto no largo da Carioca.
Zilda foi uma das dirigentes da Liga Feminina da Guanabara até a associação ser banida pelo golpe de  1964. Em sua casa, Marighella  se reunira com sargentos antes do encontro dos militares com o presidente João Goulart,em 30 de março daquele ano.
Em 1967, Zilda, o ex-marido e os filhos acompanharam Marighella na ruptura com o PCB. A família foi pioneira da 'Ação Libertadora Nacional'. No Rio, a ALN se estruturou em torno dos Xavier Pereira. Uma família de guerrilheiros, empenhada nas ações armadas urbanas e na logística do grupamento: Zilda,  João Batista, e os filhos Iuri, Alex e Iara.  Na ALN, seu codinome era Carmem.
Resultado de imagem para fotos de carlos marighellaSegundo descreve o blogueiro Mário Magalhães, é provável que depois  de abril de 1964, ninguém tenha passado tanto tempo com Marighella quanto ela. O último “aparelho'' dos dois, no bairro carioca de Todos os Santos(entre Méier e Engenho de Dentro), jamais foi descoberto pelos agentes da ditadura. Zilda zelava pela segurança de Marighella na clandestinidade.
Magalhães diz que, das pessoas que conheceu, poucas tiveram perdas como Zilda: Marighella foi metralhado em São Paulo no dia 4 de novembro de 1969, quando ela estava em missão no exterior.
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'Link' do 'Manual', traduzido
em vários idiomas, AQUI
No final de janeiro de 1970, prenderam Zilda no Rio e a torturaram à exaustão, mas nenhuma informação a repressão lhe subtraiu sobre a guerrilha. Ela diria, décadas depois, ter mantido seus segredos para honrar a memória do líder guerrilheiro: “Eu o via  na minha frente. E pensava: Carlos Marighella não é homem para ser traído. Jamais o trairei.' Ele já estava morto.
Zilda sentiu dores nos joelhos, decorrentes do pau-de-arara, até o fim da vida. Com ajuda de companheiros e amigos, escapou do hospital em que a haviam internado, depois da simulação de surto de insanidade. Era 1º de maio de 1970, e ela só regressaria do exílio em 9 anos depois, com a anistia.
No período em que Zilda esteve fora do Brasil, agentes da ditadura mataram seus filhos Alex(22 anos) e Iuri(23).

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