segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Macri  eleito  na Argentina: o que o Brasil deve esperar
Candidato de centro-direita obteve, neste domingo, 52% dos votos, contra 48% do peronista Scioli apoiado pela presidente Cristina Kirchner

Guido Nejamski                         

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A festa dos simpatizantes de Mauricio Macri na capital argentina foi com muita música brasileira.
O tom da celebração já antecipa um fato relevante: o Brasil será um dos centros da nova política externa da Argentina, que começará a andar no dia 10 de dezembro, data da posse do sucessor da Cristina Kirchner.
Com as pesquisas indicando já na semana passada uma vitoria eleitoral, auxiliares de política externa do presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, começaram as conversas com o governo brasileiro para cumprir uma promessa de campanha do candidato opositor: realizar sua primeira viagem como chefe de Estado argentino ao Brasil para encontrar aquela que será sua colega a partir do dia 10 de dezembro, a mandatária Dilma Rousseff . Depois do Brasil, Macri deverá ir ao Chile.
Devido ao calendário de viagens da presidente Dilma (COP21, Japão e Vietnã), é muito provável que a primeira reunião entre os dois seja ainda na condição de Macri como presidente eleito. Isso será definido nas próximas horas. Os dois deverão assistir juntos no dia 21 de dezembro em Assunção, no Paraguai, à Cúpula do Mercosul. Dilma deverá antes prestigiar em Buenos Aires a posse do Macri.
Para o governo brasileiro será muito mais fácil trabalhar com a gente do que com a Cristina”, declarou ao 247 um dos principais formuladores da política externa do PRO (Proposta Republicana), o pequeno partido do Macri, considerado por grande parte da mídia internacional como de centro-direita, mas que se descreve a ele próprio como 'desenvolvimentista' e 'modernizante'.  
Para o diplomata, a vitória do Macri fortalecerá o que ele considera como a ala pragmática do governo Dilma: o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e os ministros de Agricultura e de Desenvolvimento, Kátia Abreu e Armando Monteiro.
Isso porque a aposta do Macri será pelo livre comércio (mesmo com a Argentina sofrendo em breve uma desvalorização do peso) e pela vinculação com os blocos mais dinâmicos da economia mundial, entre eles a aliança TransPacífico.
No cardápio da nova equipe de política externa da Argentina, que tentará deixar de lado as práticas protecionistas derivadas do controle cambial – e da escassez de divisas – que afetaram o comércio com Brasil, vêm as seguintes propostas, a serem discutidas com o Brasil:
– Reformulação do Mercosul: dar 'flexibilidade' a seus membros para negociar acordos comerciais com terceiros países ou blocos, o que hoje é proibido pelas regras da união alfandegária.
– Esforço imediato para tornar a América do Sul uma área de livre comercio.
– Trabalho conjunto para procurar um consenso sobre como ajudar a Venezuela a uma transição democrática.
A Venezuela será um ponto chave da agenda da política externa do novo presidente argentino. Macri pedirá a saída do país caribenho do Mercosul no caso de que o seu presidente, Nicolás Maduro, não libere os 80 presos políticos que mantém, entre eles Leopoldo López – amigo pessoal do Macri – e o prefeito Antonio Ledezma.  A esposa do López, Lilian Tintori, comemorou a vitória do Macri em Buenos Aires.
A Venezuela será, também, o “case” de política externa do Macri, para mostrar ao mundo como e quão grande e profunda é a mudança de rumo na Argentina.

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