quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Quem  ainda  se lembra do ‘Efeito Orloff’?           


Parece-me inadequado tentar enxergar na eleição de Mauricio Macri para presidente da Argentina um sinal da reedição do Efeito Orloff ( aquele da propaganda da vodca: "Eu sou você amanhã...')da década de 90 do século passado e, a partir daí, antecipar algo sobre a alternância do poder federal no Brasil. E não só pelo considerável hiato temporal entre a recente eleição presidencial argentina e a próxima no Brasil.
No Chile, em 2010 e 2014, assistimos a duas alternâncias de poder no comando do governo central. Michelle Bachelet – Sebastián Piñera - (retorno de)Michelle Bachelet, sem que isso refletisse em nada nas eleições brasileiras correspondentes.
A situação política atual de Brasil e Argentina guarda diferenças que a primeira vista não se mostram tão evidentes.
Na Argentina, parece-me ter ocorrido um caso clássico de alternância. Um partido sofre desgastes naturais após 12 anos no poder e é substituído por outro mais afinado com o momento da economia e do eleitorado. Uma reprodução do modelo típico que ocorre nos EEUU. Não lembro-me de, em minha vida, ter visto Democratas ou Republicanos terem obtido mais do que três mandatos consecutivos.
No caso do Brasil, sem dúvida, após quatro mandatos consecutivos, o PT está desgastado. Ocorre que, a partir da insubmissão e insubordinação de Aécio Neves à vontade das urnas, seguiu-se um ano do mais desbragado golpismo. Golpismo impuro e bruto, incapaz de qualquer proposta alternativa de governo, e isso desgastou também o PSDB junto à opinião pública. O PMDB está associado ao poder desde a redemocratização, isso há três décadas, e, além disso, carrega os efeitos do desastre Eduardo Cunha.
E mesmo lideranças aparentemente novas, como Marina Silva, já estão precocemente desgastadas. São mais do mesmo.
Acrescente-se a isso a Operação Lava Jato e seus promotores na mídia golpista que cuidaram com denodo de satanizar a política e temos como resultado que não há na política brasileira alternância viável, no momento atual, com as figuras já conhecidas do eleitorado.
Cenário propício para o “novo” ou para o aventureiro. E o "novo", necessariamente, não precisa ser significado de desconhecido.
O grande palco para testarmos hipóteses sobre 2018 não me parecem as eleições nos países vizinhos. Nem mesmo na Venezuela, com sua classe média à direita, tão "bolivariana" e reacionária quanto sua congênere no Brasil. Mas com uma esquerda que não guarda relação com a brasileira - uma diz-se socialista e miliciana, a outra quer-se por social-democrata e republicana.
O palco parece-me ser as eleições municipais de 2016, aqui mesmo, no Brasil. E nelas é interessante prestarmos especial atenção à eleição paulistana, pois lá estarão presentes o “novo” e o aventureiro.
Deste ponto da plateia de onde as enxergo, as eleições municipais de 2016 parecem-me o camarim onde os personagens de 2018 estarão provando o figurino.

PS.: partituras de Cambalache para pandeiro e tamborim estão à disposição para consultas naOficina de Concertos Gerais e Poesia.

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