domingo, 12 de novembro de 2017

À procura de
um  feitor

A manchete da Folha de S. Paulo, neste domingo(12), dizendo que o “Mercado flerta (AQUI)com agenda reformista de Bolsonaro” e  o vê como alternativa “palatável” a Lula, é uma tragédia. Para o jornalismo e para o país.  Bolsonaro não é, ainda, o “candidato do mercado”. Apenas – e incrivelmente – poderá ser.  |||  O “mercado” de quem fala a reportagem, abertamente, só tem um nome: Gerald Brant, identificado como 'banqueiro', na verdade, “analista de investimentos alternativos” – CAIA, na sigla em inglês, de Chartered Alternative Investment Analyst – de uma empresa de investimentos sediada em Nova York que, com o Brasil, tem como única ligação dois fundos – um de ações (“private equity”) e outro cambial (“hedge”).  Os outros  “mercadistas” ouvidos admitem, muito reticentes, que Bolsonaro é, de fato, “menos ruim” que Lula.  |||  Termina aí a tragédia jornalística, a de apresentar Bolsonaro como alguém com quem o “mercado flerta”, o que não corresponde à realidade, e começa a tragédia do país: o “mercado”, de fato, prefere qualquer coisa que se oponha a Lula, até um brucutu desequilibrado que, depois de açular matilhas de seguidores e protagonizar cenas insólitas, veste a conveniente fantasia de “reformista”, que a reportagem chama de “agenda”.  |||  O curioso é que “o mercado” ganhou – e ganhou muito – nos governos de Lula.  Não lhes basta, porém.  Querem a completa dilapidação do país, de suas riquezas e a subjugação completa de seu povo.  |||  Não procuram um líder, alguém com visão de Estado, com projetos para o país.  Buscam um feitor, nem que use a força, com o auxílio de milícias, para criar um governo que reúna fundamentalistas e estabeleça o controle da nação pela força, pois pela política Michel Temer não lhes deu.  |||  Essa  camada de “operadores” não tem, como os “capitães de indústria” do passado, nem sequer a ideia de construção de riqueza, muito menos a de sua distribuição, o que aqueles também não tinham.  O negócio deles é o saque: pegar e sair logo que possível.

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