quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Temer põe o bode na sala 

e piora o que estava ruim

 44anos

FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO

Mesmo que seja um simples bode posto na sala, para ser retirado e dar uma sensação de alívio à respiração dos presentes, a notícia(aqui) da exigência de 44 anos de contribuição, para alcançar a aposentadoria sem “descontos” no valor dos proventos, conseguiu piorar o que já estava ruim: a falta de clima para a aprovação da reforma previdenciária golpista.  |||  A versão atenuada da desastrosa proposta inicial – lembram-se dos 49 anos de contribuição? – consegue ser pior do que a já discutível tese de aumentar a idade mínima e ampliá-la mesmo para quem tem o tempo de contribuição atingido.  |||  Se essa ainda admite discussão, com exemplos pontuais – “fulano se aposentou aos 50” – usados de forma a parecerem a regra, a de aumentar o tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria por tempo de serviço tem uma tradução direta: ter de trabalhar mais nove anos para conseguir fazer jus ao mesmo e limitado direito à previdência.  |||  44 anos de contribuição, não raro, significam 47, 48, até 50 anos de atividade laboral, porque ao longo da vida, acumulam-se os “buracos”, as atividades sem vínculo formal, os recolhimentos não-feitos, as carteiras de trabalho não assinadas e as empresas que sumiram na poeira do tempo.  |||  É conta que qualquer um pode fazer e faz, com esta notícia, sem ligar muito, até, para regras de transição que, provavelmente, a acompanhem.  |||  Tão desajeitada é a proposta que, provavelmente, foi vazada apenas para ser retirada e fazer passar o aumento da idade mínima.  |||  O efeito, porém, é inverso: reacende a odiosidade da 'reforma' e a percepção de que se quer achacar o trabalhador.  |||  O clima para a aprovação de mudanças na aposentadoria – que exige os 308 votos que Temer não tem mais – era ruim. Agora, piorou.

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