Haddad precisa apresentar um modelo democrático de combate à corrupção
RAPHAEL SILVA FAGUNDES, na REVISTA FÓRUM
Fernando Haddad deve deixar claro medidas para combater a
corrupção. Destacar que Lula foi preso pela polícia de Temer, pela mesma
Justiça que liberou Aécio Neves, Jucá e o próprio Temer. É uma Justiça em
conluio com o mercado que visa impedir uma solução popular para a crise
econômica, salvando, assim, as grandes fortunas e os políticos que coadunam com
esse projeto. ||| Contudo, uma medida para combater a
corrupção (e que dificilmente será proposta pela direita) é a democracia
direta. Grande parte da corrupção ocorre no processo de votação de leis no
Congresso, onde são propostas questões que beneficiam empresas. Se as leis que
envolvem interesses comerciais decisivos fossem levadas à plebiscito, a
corrupção seria menor. ||| Muitos vão dizer que o PT não possui
envergadura moral para falar sobre corrupção. Por isso, deve dar ao povo o
poder de acabar com a ela. Não dependerá de nenhum político, apenas do cidadão.
Quem argumentar contra a fiscalização do povo é porque é medroso e possui rabo preso.
E é fato que nenhum candidato tem uma proposta para combater a corrupção.
||| Por exemplo, poderia haver um novo
plebiscito sobre o desarmamento, outro sobre a legalização das drogas, talvez
um sobre que tipo de Reforma da Previdência deveria ser aprovada (com uma
proposta mais à direita disputando com uma mais à esquerda) etc. O povo, dessa
maneira, seria o principal combatente contra a corrupção. Assim, o aliciamento,
as propinas oferecidas pelas empresas de armas ou as interessadas nas drogas,
etc., teriam mais dificuldades para encontrar um alvo para corromper. Além
disso, despertaria no povo o interesse em discutir abertamente essas questões
polêmicas. Sairíamos da manipulável opinião pública para algo mais
consciente, talvez, discursos políticos populares, baseados na visão de mundo a
partir de baixo. ||| O candidato do PSL já foi acusado,
denunciado por ocultar patrimônio, receber propina e, agora, tem o apoio de
diversos políticos corruptos. Um político que nunca combateu a corrupção e que se alia(AQUI) a corruptos para vencer a qualquer custo, não é garantia de
honestidade. Não há proposta clara de combate à corrupção. Aliás, qual é a
proposta de Bolsonaro para combater a corrupção? Não há uma metodologia, apenas
promessa. Fica o dito pelo não dito, como fez Collor. Precisamos de um projeto
escrito e não de uma relação baseada na confiança, pois, se me permitem citar
Jeremias 17:5, “maldito é o homem que confia no homem”.
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