terça-feira, 29 de setembro de 2015

A  importância  simbólica   da imagem de Haddad na classe econômica da  Air France          

Paulo Nogueira                           

Clap, clap, clap
Clap, clap, clap
É uma maravilha, do ponto de vista da simbologia, o prefeito Fernando Haddad, de São Paulo,  viajar de classe econômica.
Um homem público não é apenas o que ele fala e faz: é também o que transmite.
O Brasil é indigente no capítulo da frugalidade simbólica na política.
E o mundo tem exemplos formidáveis. Cito dois deles, Francisco e Mujica.
Francisco andava de táxi por Buenos Aires quando cardeal, e foi para o conclave do qual sairia papa de classe econômica.
Mujica é seu Fusquinha azul.
Mesmo políticos conservadores estão agindo de acordo com os tempos agudos de crise mundial. Dias atrás, o premiê inglês David Cameron foi flagrado na classe econômica de um voo a caminho de Portugal, a serviço.
Compare esse tipo de coisa ao que vigora no Brasil.
Aécio fez 124 viagens para o Rio no avião de Minas nos dias de governador para fazer jus a sua fama de garoto do Leblon.
Joaquim Barbosa, quando presidente do STF, pegou o jato da FAB, encheu de jornalistas amigos e foi fazer uma palestra de majestosa insignificância na Costa Rica.
Você poderia e deveria esperar que, com o PT no poder, os governantes dariam um exemplo de simplicidade.
Não foi, no entanto, o que ocorreu. Mercadante, segundo um levantamento divulgado por Boechat, é um dos maiores usuários de voos ao estilo tristemente consagrado por Aécio.
Nem Lula e nem Dilma foram eficientes neste quesito, e é uma pena. Sobretudo Lula, faz tempo que é muito mais comum vê-lo se deslocando em jatos e helicópteros de amigos plutocratas do que como um mortal comum num avião.
Esse tipo de comportamento alimenta a descrença da sociedade na política, o que é péssimo para o país.
Na Escandinávia, chefes de governo e ministros costumeiramente vão trabalhar de bicicleta.
A jornalista e escritora Claudia Wallin contou, em seu livro Um País sem Excelências nem Mordomias, o caso de uma líder política sueca que se encrencou por usar táxi em vez de trem em seus descolamentos.
O Brasil precisa de uma mudança de mentalidade.
Ver Haddad na classe econômica é um passo para isso. Pequeno, tímido, é verdade.
Mas, como diz a sabedoria oriental, toda caminhada começa no primeiro passo.
Haddad deu esse passo.

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